22 de Dezembro
de 2007 - Camila Vassalo - Da Agência
Brasil - Brasília - O Mapeamento da
Cobertura Vegetal do bioma Pampa, apresentado
nesta semana na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), traz informações
detalhadas sobre os tipos de vegetação
que ainda estão conservadas, assim
como as áreas alteradas pelo uso humano
nesta região.
A Região do Pampa
corresponde a um dos centros de maior biodiversidade
de espécies vegetais campestres de
todo o planeta, com 3 mil tipos de plantas,
das quais 400 são de gramíneas
de pequeno porte, que são utilizadas
para pastoreio do gado. Existem também
cerca de 90 especies de mamíferos terrestres
identificados, entre eles tatu, graxaim, sabiá
e pica-pau do campo.
O bioma Pampa ainda não
tinha um mapeamento desse tipo. Para o Ministério
do Meio Ambiente (MMA), é um trabalho
importante, por ter demonstrado que ainda
restam formações vegetais nativas,
que representam 41% do que existia originalmente.
O restante foi ocupado por agricultura, silvicultura
e pastagens plantadas, disse o coordenador
do Núcleo do Núcleo Mata Atlântica
e Pampa do Ministério do MMA, Wigold
Bertoldo Schäffer.
Segundo ele, o Brasil tem
como meta proteger pelo menos 10% de cada
um dos biomas em forma de unidade de conservação,
e o Pampa é o que tem o menor índice
protegido até o momento. Um bioma é
uma comunidade biológica, ou seja,
fauna e flora e suas interações
entre si e com o ambiente físico: solo,
água e ar.
"Nós temos aproximadamente
6% em unidade de proteção integral
e cerca de 3%, se somarmos as unidades de
uso sustentável, ou seja, estamos com
uma defasagem de unidade de conservação
no Pampa de pelo menos 7%, informou Schäffer.
De acordo com o diretor
da Diretoria de Unidade de Conservação
de Proteção Integral do Instituto
Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, Júlio Gochorosky,
os mapas servirão de base para o planejamento
regional, a definição de políticas
públicas, a pesquisa científica,
a promoção do uso sustentável,
o licenciamento e a fiscalização
ambiental, bem como a definição
de áreas protegidas. Trata-se de um
estudo inédito elaborado pelo Ministério
do Meio Ambiente, em parceria com a UFRGS.
Iniciado em 2004, o mapeamento foi feito pelo
Departamento de Ecologia da UFRGS.
Gochorosky ressaltou que,
ainda que o bioma Pampa tem a menor cobertura
de proteção por parte das unidades
de conservação federais, é
preciso identificar as áreas-chave
para conservação do bioma, e
principalmente aumentar a proteção
da área. "Existem várias
ameaças sobre o bioma Pampa, que não
se restringe à imagem de pradarias
e campos de pastagem - o bioma é muito
mais que isso. Existem matas, áreas
de galerias, uma série de feições
que definem exatamente o que é a região
de pampa, que se inicia na altura de Porto
Alegre e vai até as fronteiras com
o Uruguai e a Argentina."
Dentro de um dos campi da
UFRGS, está sendo proposta a criação
de 400 hectares de uma unidade de conservação,
que ficaria em pleno centro de Porto Alegre
e tem as características do Pampa.
"Isso demonstra exatamente que o Pampa
é muito mais que pradarias e sofre
sérias ameaças, não só
de alteração da sua vegetação
para pastoreio, mas também da chegada
das plantações de pinhos na
região, o que tem crescido muito",
acrescentou.
Segundo o professor Heinrich
Hasenack, da UFRGS, a metodologia utilizada
para fazer o Mapeamento do Bioma Pampa é
similar à utilizada pelo Projeto Radam
Brasil na década de 70 para mapear
a vegetação. "Isso significa
que nós mapeamos hoje, embora com algum
detalhamento medológico diferente,
a vegetação do ano de 2002 com
as mesmas unidades de vegetação
utilizadas há 40 anos.”
Para Hasenack, esse estudo
permitirá que estudiosos identifiquem
e avaliem o quanto a região perdeu
em cobertura vegetal e animal.
O bioma Pampa vai de São
Borja, na fronteira oeste do Rio Grande do
Sul, passando pela região central do
estado, até a praia de Torres, no litoral
norte. Abrange ainda a Campanha gaúcha,
passando pela Lagoa dos Patos e Reserva do
Taim, até o Chuí, no extremo
sul do país.