2 de Janeiro de 2008
- Luana Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O secretário-geral
da Organização das Nações
Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, definiu as mudanças
climáticas como o “desafio moral da nossa
geração” e defendeu que as soluções
para enfrentar o aquecimento global sejam urgentes
e multilaterais.
Se o apelo, feito durante a 13°
Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13)
em dezembro, for aceito, 2008 será um ano
de continuidade da discussão sobre as mudanças
climáticas na agenda mundial de negociações.
No documento final da reunião da ONU, o chamado
Mapa do Caminho, 190 países chegaram a um
consenso sobre a necessidade de um plano comum de
medidas de mitigação de gases do efeito
estufa, que será definido em 2009.
Para 2008, estão previstas
reuniões de grupos de trabalho que anteciparão
temas como a redução de emissões
por desmatamento – assunto que interessa, especialmente,
países com grandes florestas, por exemplo,
o Brasil. Outro assunto que deve ser debatido se
refere aos detalhes de funcionamento do chamado
Fundo de Adaptação, mecanismo que
vai financiar investimentos para que países
mais vulneráveis se adaptem às consequências
das mudanças climáticas, como a maior
incidência de chuvas e secas intensas.
Em 2007, a discussão sobre mudanças
climáticas foi além dos debates científicos,
chegou à sociedade civil e esteve presente
nos discursos de líderes políticos
ao redor do mundo. Um dos principais fatores da
mudança de perspectiva foi a divulgação
do 4° Relatório de Avaliação
do Painel Intergovernamental de Mudança Climática
(IPCC, na sigla em inglês), em que cerca de
2.500 cientistas apontaram o aquecimento global
como um “fenômeno inequívoco”.
Depois de apresentar cenários
que apontam aumento da temperatura da Terra de no
mínimo 1,8 grau até 2100, os pesquisadores
do IPCC, junto ao ex-candidato à presidência
dos Estados Unidos e ativista Al Gore, ganharam
o Prêmio Nobel da Paz, fato que alavancou
a discussão política do tema durante
a COP-13.
+ Mais
Líderes mundiais devem
discutir mudanças climáticas este
mês
2 de Janeiro de 2008 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- Uma reunião convocada pelos Estados Unidos
será o primeiro evento multilateral de discussão
sobre mudanças climáticas em 2008.
Depois de ficar isolado com a adesão da Austrália
ao Protocolo de Quioto, além de ser o único
país desenvolvido a não reconhecer
o documento como regime global para frear as mudanças
climáticas, os Estados Unidos vão
reunir as 17 maiores economias mundiais – entre
elas o Brasil – em um evento marcado para este mês
no Havaí. Em setembro de 2007, o presidente
norte-americano, George W. Bush, organizou uma reunião
semelhante em Washington.
A reunião no Havaí
foi anunciada em dezembro, durante a 13° Conferência
das Partes sobre o Clima (COP-13), em Bali, na Indonésia,
ocasião em que os Estados Unidos – depois
de pressionados por países desenvolvidos
e em desenvolvimento – aceitaram o consenso para
elaboração do documento que guiará
as negociações internacionais sobre
mudanças climáticas até 2009
e que deverá resultar no substituto do Protocolo
de Quioto.
A iniciativa é avaliada
com cautela por algumas nações. A
União Européia chegou a cogitar um
boicote ao encontro de Bush no Havaí caso
os Estados Unidos não colaborassem para um
acordo na reunião de Bali. Países
em desenvolvimento também defenderam que
o maior poluidor do mundo adote medidas claras para
redução de gases de efeito estufa
– principais causadores do aquecimento global.
Em contrapartida, o Conselho de
Qualidade Ambiental, ligado à Casa Branca,
avaliou que as negociações sobre o
tema precisam deixar mais clara a importância
de maiores compromissos por parte das grandes economias
em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil.
O governo brasileiro defende o
princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas. O posicionamento foi lembrado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta
semana, em seu programa de rádio, Café
com o Presidente. “Os países ricos, que são
os que mais poluem o planeta, precisam assumir a
responsabilidade de pagar pela preservação
que os países mais pobres estão fazendo”,
avaliou.
O Brasil deverá enviar
representante à reunião convocada
pelos Estados Unidos no Havaí.