7 de Janeiro de 2008 - Hugo Costa
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- A falta de políticas públicas para
atender interesses dos povos indígenas
e as disputas territoriais são as principais
causas do aumento do número de índios
assassinados no Brasil, assegura o vice-presidente
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi),
Roberto Liebgott. De acordo com dados da instituição,
76 indígenas foram mortos no ano passado.
“Os atos de violência têm
se acirrado de uma maneira exorbitante nos últimos
tempos. Nesse último ano é uma coisa
que nos abala profundamente. A gente percebe que
na verdade existe uma negligência do Estado
nesse sentido. O Estado deveria dar mais atenção
à questão indígena”, avaliou
em entrevista à Agência Brasil.
O vice-presidente do Cimi diz
estar apreensivo com o crescimento da violência
contra a população indígena
e aponta falhas do governo que, segundo ele, não
atende reivindicações das populações.
“O que nos preocupa é o
fato de o governo não ter estruturado uma
política indigenista no país de acordo
com as necessidades e os anseios das populações
indígenas. Nesse sentido, tem se intensificado
a pressão sobre as áreas indígenas
e conseqüentemente os conflitos que levam a
assassinatos de inúmeras lideranças
e de outras pessoas nas comunidades.”
Liebgott comentou a situação
de Mato Grosso do Sul que registrou aproximadamente
60% dos índios assassinados no país.
O número é seis vezes maior do que
o de Pernambuco, segundo colocado no índice
de mortes.
“Naquela região existe
uma situação de confinamento de população
indígena em pequenas reservas. São
milhares de pessoas praticamente confinadas em áreas
diminutas, o que leva a inúmeros conflitos
naquela região.”
"Ali seria necessária
a intervenção imediata do Estado brasileiro
na perspectiva de aliviar a população
dessas áreas por meio de demarcações
de terras”, completou.
Desentendimentos por questões
territoriais também são responsáveis
pelos conflitos violentos nos demais estados, de
acordo com os levantamentos do Cimi.
“Em outras regiões os conflitos
também são iminentemente em função
da terra. Há muitos invasores sobre territórios
indígenas que querem usufruir dos recursos
naturais existentes nas áreas indígenas.
Os povos indígenas fazem pressão contra
as invasões e aí há automaticamente
conflito e assassinato de pessoas”, explicou o vice-presidente
do conselho.
+ Mais
Índios de Roraima começam
a colher frutos de projeto de manejo sustentável
5 de Janeiro de 2008 - Paula Renata
- da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília
- Durante todo o mês de janeiro, mais três
comunidades indígenas de Roraima vão
colher melancias pelo projeto Pati Á, criado
pela Prefeitura de Boa Vista em 2005.
A expectativa é que até
o final de março, período em que começa
o inverno, sejam colhidas mais de 12 toneladas.
Ao todo 13 comunidades participam
do Pati Á. No início, foi feita uma
capacitação e os indígenas
receberam orientações sobre manejo,
produção e vendas. A atividade incentiva
a geração de renda por meio da produção
da melancia.
A Prefeitura de Boa Vista fornece
insumos, defensivos, sementes e óleo diesel
para o funcionamento de moto bombas, além
de assistência técnica permanente dos
técnicos agrícolas da Secretaria Municipal
de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas.
"As comunidades estão
se inserindo no mercado de produção
dentro do município, estão começando
a sair da questão de produzir apenas para
o seu sustento e vislumbrar o mercado", disse
o o coordenador do Pati Á, Eliander Pimentel.
"Existe uma mudança social grande em
cima disso, saindo daquela inércia de só
ganhar do governo. Essa é a intenção".
Além de abastecer o mercado
local, algumas comunidades vendem a melancia para
outras cidades o ano todo. O preço de cada
unidade é R$ 3. Em 2007, cada produtor indígena
lucrou cerca de R$ 4 mil reais com a venda das melancias.
+ Mais
Número de assassinatos
de índios aumenta 60% em 2007, revela Cimi
7 de Janeiro de 2008 - Hugo Costa
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- Pelo menos 76 índios foram assassinados
no Brasil em 2007, revela levantamento preliminar
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
O número supera em quase 60% os dados de
2006, quando havia sido registrado, até então,
o maior número de crimes fatais da década
contra integrantes de tribos indígenas.
Com 48 índios assassinados,
Mato Grosso do Sul foi o estado com o maior número
de mortes no ano passado. Esse número equivale
ao total de homicídios desse tipo cometidos
no país em 2006. Em segundo lugar nas estatísticas,
aparece Pernambuco, com oito mortes nos últimos
12 meses.
Os números divulgados pelo
Cimi incluem casos que receberam destaque da imprensa
brasileira. Entre eles, o do líder guarani-kaiowá
Ortiz Lopes, morto a tiros em Mato Grosso do Sul,
e do cacique Joaquim Guajajara, da Terra Indígena
Araribóia, também baleado de forma
fatal no Maranhão.
O levantamento completo sobre
violência contra povos indígenas deve
ser divulgado em abril. Além de detalhar
os casos de homicídio, o estudo deve apresentar
outros abusos sofridos pelos índios que,
segundo o Cimi, não são de conhecimento
público.
“O Cimi vai apresentar dados completos
e vai alcançar outros tipos de violência
que são praticados contra a comunidade indígena
que são inúmeras. O relatório
vai trazer dados de 2006 e 2007”, explicou o vice-presidente
do conselho, Roberto Liebgott, ao comentar, em entrevista
à Agência Brasil, a divulgação
dos dados preliminares.