31/01/2008 - Lúcia Leão
- Agricultores familiares de 15 municípios
da região da BR-163 e da Bacia do Xingu em
Mato Grosso - entre eles Alta Floresta, Nova Ubiratã,
Juína e Vila Rica, incluídos na lista
dos maiores desmatadores e sujeitos às rígidas
regras de controle determinadas por decreto presidencial
- demonstram, na prática, que é possível
produzir na Amazônia e melhorar o padrão
sócio-econômico de suas comunidades
conservando a floresta e recuperando áreas
degradadas. Quase todos assentados pelo INCRA, esses
agricultores receberam apoio do Ministério
do Meio Ambiente por meio do PDA/PADEQ, que investiu
R$ 2,1 milhões no programa, para implantar
sistemas de produção sustentáveis
e criar uma rede de integração socioambiental.
O trabalho começa a alcançar resultados,
consolidados na publicação "Alternativas
Econômicas Sustentáveis para a Agricultura
Familiar".
A Rede BR-163/Bacia do Xingu é
coordenada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Lucas do Rio Verde e congrega nove projetos demonstrativos.
Iniciados com foco na prevenção e
controle das queimadas florestais, há dois
anos eles recebem apoio técnico e financeiro
do MMA para buscar alternativas de produção
agroflorestal - lavoura, fruticultura, mudas para
reflorestamento e apicultura - e pecuária
em pasto sustentável. São projetos
pequenos que envolvem cerca de 500 famílias.
Mas são exemplares, tanto para demonstrar
a viabilidade de novas práticas e tecnologias
de produção como para orientar políticas
públicas.
"O poder público ainda
tem poucos parâmetros para executar políticas
de fomento para esse tipo de atividade. É
preciso ter noção de custos, necessidade
de investimentos, resultados, retorno econômico
e social seja para conceder financiamento, para
implantar infra-estrutura ou atender a qualquer
outra necessidade daquelas comunidades. São
essas informações, esses parâmetros,
que estamos gerando nos projetos demonstrativos",
explica o analista ambiental Rodrigo Noleto, um
dos responsáveis pelo programa PDA/PADEQ.
Entre as experiências relatadas
na publicação da Rede Br-163/Bacia
do Xingu estão a de seis comunidades do município
de Carlinda, que criam gado em pastos sustentáveis,
compatível com a floresta, e conseguiram
fazer o controle biológico da cigarrinha,
praga que destroi o capim na região; a da
produção de mel, associada à
fruticultura no Assentamento Califórnia,
da cidade de Vera; e à de produção
de mudas no Projeto Loreta para reflorestar nascentes
e margens de rios e promover a exploração
agroflorestal nas áreas recuperadas. O relato
de cada experiência é acompanhado de
informações básicas sobre a
técnica utilizada pelos agricultores.
"O mais difícil, numa
iniciativa dessa, é mudar a prática
das pessoas, mostrar que elas podem fazer diferente.
Plantar, criar animais, tirar seu sustento da terra
de forma sustentável. Por isso, é
importante alguém receber apoio para fazer
primeiro e provar que dá certo", acredita
Nilfo Wandscheer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Lucas do Rio Verde.
+ Mais
Comunidade indígena participa
da CNMA
31/01/2008 - Gisele Teixeira -
A III Conferência Nacional do Meio Ambiente,
que será realizada em maio de 2007, reservou
5% do número de delegados para as comunidades
indígenas. Uma das reuniões preparatórias
do segmento é a Conferência Regional
do Alto Rio Negro, que acontecerá nos dias
18 e 19 de fevereiro, em São Gabriel da Cachoeira,
município a 858 quilômetros de Manaus
(AM). O evento também contará com
a participação das populações
de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro.
Na região do Alto Rio Negro existem aproximadamente
1000 aldeias, onde habitam mais de 30 mil índios
pertencentes a 22 grupos étnicos diferentes,
numa área de 108 mil quilômetros quadrados
no noroeste amazônico brasileiro.
A gestão ambiental e territorial
das terras indígenas e a contribuição
desses povos na conservação do meio
ambiente são alguns dos principais temas
do encontro regional. O tema da III CNMA, Aquecimento
Global, também está no topo da lista
das preocupações das comunidades indígenas,
bem como a redução no desmatamento.
Os dois assunto serão debatidos pelas comunidades.
As terras indígenas são
consideradas como componente fundamental para uma
estratégia nacional de conservação
e uso sustentável da biodiversidade, seja
pela variedade ou singularidade dos ecossistemas
que abrigam ou pela situação de relativa
preservação dos seus recursos naturais.
Elas representam 12% da extensão total do
território nacional e 21% da extensão
total da Amazônia Legal brasileira.
O Secretário de Meio Ambiente
de São Gabriel da Cachoeira, Célio
de Carvalho, lembra que outro tema em destaque no
evento será o ecoturismo. A região
possui atrativos famosos, como o Pico da Neblina,
o ponto mais alto do Brasil, com 3.014 m de altitude.
Além disso, a cidade é emoldurada
pela Floresta Amazônica com suas serras imponentes
- como a da Bela Adormecida -, as grandes corredeiras
do Rio Negro, as belas praias fluviais de areias
brancas, cachoeiras, corredeiras e morros.
A organização da
Conferência está sendo articulada pela
Federação das Organizações
Indígenas do Alto Rio Negro (Foirn), Secretaria
Municipal de Meio Ambiente de São Gabriel
da Cachoeira, Instituto Socioambiental (Isa), Ibama,
Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SDS), Fundação
Estadual de Política Indígena (Fepi)
e Escola Agrotécnica Federal.