30 de Janeiro de 2008 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - José Cruz/Abr - Brasília
- Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala
à imprensa após sobrevoar áreas
desmatadas no Mato Grosso
Brasília - A ministra do
Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou que o sobrevôo
feito hoje (30) pela região de Marcelândia
(MT) – município da Amazônia que mais
desmatou de agosto a dezembro do ano passado, segundo
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)
– provou que a situação do desmatamento
na região é “preocupante”.
Mais uma vez, a ministra evitou
responsabilizar diretamente produtores de soja ou
pecuaristas pela devastação da floresta,
mas voltou a repetir “que não acredita em
coincidências”, em referência ao aumento
do desmatamento após a valorização
dos preços das commodities (produtos agropecuários)
no mercado internacional.
“São regiões de
dinâmica econômica significativa de
atividade agropecuária e de exploração
irregular de madeira. Não é apenas
uma ação esporádica de uma
ou duas pessoas; existe uma dinâmica econômica
na região, uma disputa em converter recursos
naturais para atividades econômicas”, acrescentou.
Sobre a precisão dos números
do Inpe que mostraram o avanço do desmatamento
entre os meses de agosto e dezembro, a ministra
afirmou que os dados do Sistema de Detecção
do Desmatamento em Tempo Real (Deter) são
utilizados para “ orientar o processo de fiscalização”
e que a consolidação dos dados é
feita por outra metodologia, o Prodes.
“Em nenhum momento foi dito que
o Deter se presta a indicar taxa de desmatamento,
ele é um sistema para as ações
de comando e controle e de fiscalização
e são feitas projeções. O governo
trabalha com dados oficiais em termos de taxas,
quando são divulgados os dados do Prodes,
após um trabalho rigoroso em cima de cada
imagem”, afirmou Marina.
O ministro da Justiça,
Tarso Genro, que também participou do sobrevôo,
anunciou o início de uma força tarefa
da Polícia Federal nas regiões de
maior desmatamento a partir de 20 de fevereiro.
Segundo o ministro, a devastação da
floresta é causada por uma sucessão
de atos criminosos. “A PF incide sobre [investiga]
essa cadeia, verificando se ela está integrada,
se há um planejamento centralizado, de um
grupo organizado, ou se é uma sucessão
de atos delitosos”, adiantou.
+ Mais
Lula quer aplicação
da lei para barrar desmatamento da Amazônia
30 de Janeiro de 2008 - Bruno
Bocchini - Repórter da Agência Brasil
- São Paulo - O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva defendeu hoje (30) a aplicação
da legislação para barrar o aumento
do desmatamento da Amazônia, classificado
por ele como “preocupante”. Lula ressaltou que não
é necessário desflorestar para aumentar
as plantações de soja e cana-de-açúcar
ou as criações de gado.
“Quando alguém tenta cometer
ilegalidade, nós temos que utilizar a lei
contra essa gente. Nós não podemos
ser condescendentes. O ministro da Agricultura prova
todo santo dia para mim que para manter a produção
e a criação de gado, hoje, você
não precisa derrubar um pé de árvore.
O Brasil tem terra já degradada que dá
para a gente plantar quanta soja a gente quiser,
quanta cana a gente quiser e criar quanto gado nós
quisermos”, afirmou, após participar da inauguração
da reforma da Agência Central dos Correios.
Lula disse, no entanto, que o
desmatamento registrado é uma “coceira”,
que está sob controle e ainda não
pode ser considerado uma doença grave: “A
notícia é uma notícia preocupante.
É como se você tivesse uma coceira
e você achasse que é uma doença
mais grave. Por enquanto, nós temos todas
as condições de controlar, de saber
quem são as pessoas [que desflorestam].”
O presidente ainda ressaltou que
o desmatamento registrado no primeiro trimestre
de 2007 foi comparado com o mesmo período
de 2006, quando o desflorestamento foi muito menor.
“Como em 2006 tinha caído muito, 2007 apresentou
um acréscimo no desmatamento no Brasil. O
que há é um sinal de que cresceu.
Nós temos o ano inteiro para brecar”, disse.
Lula admitiu que possam estar
faltando equipamentos e pessoal para a fiscalização,
de responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), na região da floresta: “É
por isso que eu acho não cabe só ao
Ibama fazer toda a fiscalização; é
importante que a gente construa parcerias com os
prefeitos, é importante que a gente construa
parceria com os governadores e, sobretudo, com a
sociedade civil.”
E disse ter determinado "que
a ministra Marina [Silva, do Meio Ambiente], o ministro
da Agricultura [Reinhold Stephanes] e o da Justiça
[Tarso Genro] fosse in loco visitar [os locais de
maior desmatamento], porque nós sabemos quais
são as cidades, sabemos quais são
os estados e eu estou convocando os governadores
de estado da região, os prefeitos das principais
cidades para que a gente possa em conjunto entender
que diminuir o desmatamento é bom para o
Brasil”.