Inpa - 11/02/2008 - Agora os empresários
do setor coureiro têm mais um dado para reafirmar
que vale a pena utilizar o couro dos peixes amazônicos
na confecção de bolsas, sapatos, carteiras
e outros acessórios, e que é viável
investir no curtimento na região. O Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT)
divulgou no final de 2007 pesquisa que comprova
a alta resistência dos couros de tambaqui
e pirarara ao rasgo. Foi comprovada a resistência
desses couros utilizando as técnicas de medição
da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
A pesquisa é o resultado
da dissertação de mestrado “Curtimento
de peles de tambaqui (Colossoma macropomum) e pirarara
(Phractocephalus hemioliopturus), com curtentes
sintéticos e com curtentes naturais da Amazônia”,
desenvolvida no âmbito da Coordenação
de Pesquisas em Tecnologia de Alimentos (CPTA) pela
mestranda Maria do Perpétuo Socorro Silva
da Rocha, com a coordenação do pesquisador
Rogério Souza de Jesus.
O projeto também analisou
a viabilidade em se utilizar taninos naturais e
sintéticos extraídos de vegetais amazônicos
em substituição ao cromo, que é
prejudicial à saúde e ao meio ambiente.
A intenção era verificar a resistência
dos couros curtidos com os três tipos de curtentes.
“Os taninos contribuem para o
sabor adstringente em comidas e bebidas, como o
sentido ao se consumir vinhos tintos, chás
e frutas verdes. Na pele dos animais, serve para
transformar as proteínas em produtos resistentes
à decomposição”, explica Rocha.
Segundo a pesquisadora, curtir
significa conservar. Por isso, para curtir a pele
do animal é necessário retirar alguns
elementos que a compõem, o que é possível
por meio de substâncias orgânicas ou
inorgânicas, tornando-a flexível, macia
e brilhosa.
O curtimento envolve, essencialmente,
três fases: ribeira; curtimento; e recurtimento
e acabamento. A primeira envolve a preparação
do couro para o curtimento por meio de processos
químicos e mecânicos. A segunda consiste
no curtimento propriamente dito, ou seja, é
o momento em que o curtente mineral ou vegetal reage
na pele para que a mesma não se decomponha.
E, por último, o acabamento por meio de tingimento,
engraxe e secagem.
Rocha destaca que o trabalho é
importante para os empresários do setor porque
não existia na literatura nada que comprovasse,
tecnologicamente, a resistência dos couros
dos peixes da Amazônia em relação
a sua utilização em confecções
de roupas, por exemplo.
Testes
Os ensaios físico-mecânicos foram feitos
no laboratório de processamento de peles
de animais de pequeno e médio porte da Universidade
Estadual de Maringá (Uema), no Paraná.
As amostras foram submetidas aos testes de carga,
tração, elongação, rasgo,
força máxima e carga de força
para determinar a resistência ao rasgamento
progressivo tanto longitudinal quanto transversal.
Os resultados demonstraram que
a carga de ruptura e a elongação até
a ruptura foram significativamente superiores para
os couros curtidos com tanino, 55,64%, quando comparado
ao couro curtido com cromo, 34,64%, sendo que o
couro de tambaqui obteve o melhor resultado quando
curtido com taninos.
Em relação ao curtimento
do couro da pirarara, não houve diferença
significativa para carga, tração,
rasgo, força máxima e carga de força
entre os dois tipos de curtimento (tanino e cromo).
Contudo, já para a elasticidade aos testes
de resistência, houve uma diferença
significativa, 79,85%, para pele curtida com cromo
quando comparada ao alongamento, 51,50%, das peles
curtidas com tanino. “O couro de pirarara teve um
ótimo resultado, o qual foi comparado ao
couro de carneiro e tubarão”, comemora Rocha.
Com informações da Agência Fapeam
Assessoria de Comunicação do INPA