14 de Fevereiro
de 2008 - Roberta Lopes - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O bispo de Barra (BA),
dom Luiz Flávio Cappio, disse hoje (14),
que as obras de transposição do Rio
São Francisco são um "verdadeiro
absurdo”. Ao ser questionado sobre uma possível
paralisação das obras, o bispo afirmou
que a transposição não irá
acontecer.
“A transposição
de águas no São Francisco não
vai acontecer, pode escrever. Ela ofende todos os
princípios éticos, econômicos,
sociais e ambientais, não é possível
que um absurdo dessa natureza possa durar tanto
tempo”, disse.
O bispo acrescentou que sua principal
preocupação é com relação
à população que tem o direito
ter água de qualidade para sobreviver.
“Se esse projeto tivesse como
finalidade levar água para quem tem sede,
como a propaganda enganosa que o governo faz afirma,
mas acontece que a destinação das
águas, o endereçamento das águas
não é para a sede humana e animal,
mas sim, o agronegócio e o hidronegócio.
E isso somos contrários”, afirmou o bispo
que, em protesto pelas obras de transposição,
fez greve de fome, no fim do ano passado, por 24
dias.
Dom Cappio participou hoje (14)
de audiência pública da Comissão
de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) do Senado
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Ministro afirma que é possível
fazer ajustes nas obras de transposição
14 de Fevereiro de 2008 - Roberta
Lopes - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - O ministro da Integração
Nacional, Gedel Vieira Lima, afirmou que é
possível fazer ajustes para melhorar o projeto
de transposição do Rio São
Francisco, mesmo que as obras já estejam
em andamento.
O ministro falou hoje (14) logo
após deixar o debate sobre a transposição
do Rio São Francisco realizado pela Comissão
de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) do Senado.
Segundo Gedel, algumas críticas
foram incorporadas e os ajustes já começaram
a ser feitos.
“A criação do programa
Água para Todos responde às criticas
de quem diz que queremos levar água para
gente distante do rio quando há pessoas ali
perto que não têm água. O fato
de nós criarmos um programa para levar água
para quem está até 15 quilômetros
da margem do rio já é um atendimento
a críticas”, disse.
De acordo com Gedel, as obras
estão seguindo o cronograma e o eixo leste,
que passa pelos estados de Pernambuco e da Paraíba,
deverá estar concluído até
2010.
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Em audiência, atriz diz
que debate sobre transposição do São
Francisco foi tardio
14 de Fevereiro de 2008 - Roberta
Lopes - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A atriz Letícia Sabatella,
integrante da organização não-governamental
Humanos Direitos, disse hoje (14) que o debate sobre
a transposição do Rio São Francisco
é tardio e que propostas alternativas deveriam
ter sido discutidas antes que as obras começassem.
Ela participou de audiência pública
na Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa (CDH) do Senado.
“O debate deveria ter sido amplamente
divulgado. Antes de se decidir pela transposição
deveríamos conhecer bem as propostas alternativas,
principalmente a do Atlas do Nordeste”, disse. O
Atlas do Nordeste é um estudo da Agência
Nacional de Águas (ANA) com 530 propostas
de obras para prevenir a escassez de água
no semi-árido nordestino.
O estudo da ANA também
foi citado pelo bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio,
durante a audiência. Segundo Cappio, essa
proposta poderia beneficiar 44 milhões de
pessoas, sendo que a transposição
beneficiaria 12 milhões.
“O principal problema é
que ela [a transposição] é
focada num modelo de desenvolvimento que não
favorece a condição humana, a sustentabilidade
do semi-árido e dos ecossistemas da região.
A transposição é mais um projeto
grandioso que tem como princípio extrair
e promover a extração, a exportação
e o desenvolvimento econômico”, argumentou
Sabatella.
Ao final da audiência pública,
a atriz e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), ex-ministro
da Integração Nacional e defensor
das obras, tiveram uma discussão. A atriz
criticou o deputado por se referir apenas à
transposição do rio, sem levar em
conta outros assuntos relativos ao rio.
Ciro rebateu a crítica
e disse que os críticos da transposição
não agem de forma respeitosa. “Tecnicamente
é necessário que os críticos
tomem juízo, não no sentido negativo
da palavra, mas para ver se é possível”,
afirmou. “Não tenho respeito por alguns críticos.
Faço honestamente essa confissão porque
não percebo boa-fé em alguns.”