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EXTRAÇÃO TRADICIONAL DO ÓLEO DE ANDIROBA PODE ACABAR

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2008

Conhecimento Popular - 08/02/2008 - A extração tradicional de óleo de andiroba, feita por comunidades extrativistas de municípios do interior do Amazonas, pode acabar. É que o conhecimento sobre o processo, que passava de pai para filho, está sendo abandonado pelos jovens. Para estudar o fenômeno e chegar a essa conclusão, duas pesquisadoras do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) analisaram as comunidades por 16 anos.

As pesquisadoras Isolde Ferraz e Andreza Mendonça aplicaram questionários e observaram todo o processo de produção, da colheita até a extração do óleo da amêndoa.

A andiroba é uma árvore de grande porte nativa da Amazônia, que chega a atingir 30 metros de altura. Ela floresce de agosto a outubro e frutifica de janeiro a maio. O óleo é utilizado para a produção de repelente de insetos, anti-séticos e antiinflamatórios. Popularmente, é utilizado para contusões, inchaços, reumatismos e cicatrizações. A indústria cosmética utiliza a matéria prima para a produção de sabonetes, xampus e cremes. O óleo também é usado pelos amazônidas como remédio contra a calvície.

O processo tradicional é demorado, cerca de dois meses. Pode ser dividido em três etapas. Na primeira, é feita a coleta, a seleção de sementes e um primeiro armazenamento. Na segunda, a massa é preparada pelo cozimento das sementes em água, que novamente é armazenada. Depois, a casaca é retirada e é feito um tipo de massa com as amêndoas. Na terceira e ultima etapa, a extração do óleo é feita pelo gotejamento da massa.

"Existe uma perda desse conhecimento”, diz Andreza Mendonça. “Se olharmos pelo lado prático da extração, ele é um processo longo e demorado, e os jovens hoje, com as mudanças sociais, não querem mais ter esse trabalho com a extração". Ela aponta, como um complicador, o fato de esse conhecimento ser transmitido por meio da oralidade. Por isso, não há registro escrito de como o processo é feito, o que, com o tempo, causa algumas mudanças na forma de produção do óleo.

Um livreto foi lançado em 2006 pela Editora Inpa com a intenção de manter o processo de extração do óleo de andiroba da forma tradicional. O livreto custa R$ 5 e está disponível no site da editora.

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Projeto vai revitalizar cultura indígena do Amazonas

Preservação - 06/02/2008 - A história de povos indígenas do Amazonas se transformará em livro, vídeo e CD com as músicas tradicionais. O projeto realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), com o apoio da Fundação Estadual dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepi), tem o objetivo de promover, resgatar e garantir a transmissão e preservação da identidade e cultura dos povos indígenas.

Pesquisadores vão auxiliar no levantamento de informações, através de um projeto de educação indígena. Serão analisadas a arte plumária dos povos kagahiwa do município de Humaitá e a Etno-História de duas etnias do município de Manicoré, no Amazonas.

O trabalho de campo começa este mês. Os pesquisadores viajarão para as comunidades para definir o cronograma de atividades. Serão realizadas oficinas com duração de 40 horas sobre documentação lingüística cultural, legislação indígena, zoneamento ecológico e econômico. Na oportunidade, os indígenas serão capacitados para executarem as pesquisas. "Não iremos às aldeias realizar o trabalho. São os próprios moradores que farão as entrevistas, coletarão e organizarão todos os dados. Iremos apenas orientá-los e sistematizar as informações. Esse é o diferencial do projeto", explica Ana Carla Bruno, coordenadora da pesquisa.

O projeto tem duração de dois anos e conta com recursos da ordem de R$ 186 mil disponibilizados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Parte da verba será utilizada na compra de computadores, gravadores digitais, que ficarão nas aldeias para que os professores indígenas possam realizar as pesquisas.

Povos Indígenas
Em Humaitá, será feita a documentação da arte plumária, que envolverá os povos Tenharim, Parintintin e Diahoi. Já em Manicoré será realizado o levantamento da Etno-História dos Mura e Tora. Na primeira fase do projeto, foram visitadas 33 aldeias. Na ocasião, foi feito um diagnóstico preliminar da situação da educação indígena, cultural e lingüística dos grupos.

Ana Carla diz que há duas realidades bastante distintas nos dois municípios. Em Manicoré, com os Mura, Apurinã e Mundurucu, o trabalho é mais de fortalecimento da identidade indígena. Isso porque há grupos que não falam mais a língua, não praticam mais suas cerimônias e rituais. Além disso, também há a questão da identidade e da história, por isso, o trabalho será de reafirmação. "Eles querem que a história deles seja vista e utilizada nas escolas", ressalta.

Com os grupos Tenharim, Parintintin e Diahoi, que ficam em Humaitá, a pesquisadora explica que eles praticam as cerimônias, ou seja, mantêm as algumas de suas tradições. Contudo, os mais velhos perceberam que os jovens não estão tão envolvidos com aspectos tradicionais e não sabem, por exemplo, produzir cocares e pinturas corporais.

Educação indígena
Segundo Ana Carla, a questão da educação indígena permanece crítica nos dois municípios. Por isso, no final do segundo ano, será organizado um grande encontro que reunirá representantes da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-AM) nos municípios - responsáveis pelas políticas públicas -, da Fepi e do Inpa para debaterem a temática.

"Queremos que todo o material organizado durante os trabalhos de campo seja utilizado nas escolas indígenas. O que vem acontecendo é que a educação indígena diferenciada não acontece de fato. Os livros utilizados são os tradicionais. Apesar de os professores serem preparados pela Seduc, quando avaliados pelo Ministério da Educação (MEC), é utilizada a forma tradicional de avaliação. Por isso, queremos fazer uma reflexão com todos os participantes sobre que tipo de educação indígena está sendo praticada e o que se deseja", finaliza.
(Com informações da Agência Fapeam)
Assessoria de Imprensa do MCT

 
 

Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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