27 de Fevereiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Enviado especial - Wilson
Dias/Abr - Tailândia (PA) - Viaturas escoltam
caminhões que transportam para Belém
madeira apreendida na Operação Arco
de Fogo
Tailândia (PA) - Enquanto
fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
realizam a medição da madeira apreendida
na serrarias de Tailândia, caminhoneiros encarregados
do transporte do material aguardam a hora de entrar
em cena. Na operação Arco de Fogo,
eles são responsáveis por levar parte
das toras para um depósito em Marituba, na
região metropolitana de Belém. Eles
apontam riscos diante da insatisfação
de parte da população local com a
fiscalização.
"O alvo somos nós.
Ouvimos direto por aí que vão nos
matar, que vão tocar fogo em nossos caminhões",
relatou à Agência Brasil o caminhoneiro
Marcos Aparecido. Segundo ele, como o reforço
do aparato policial inibe ações contra
as forças de segurança, é mais
fácil para os insatisfeitos com a fiscalização
se voltar contra os motoristas do que contra esses
agentes.
Apesar do que dizem escutar, os
condutores não admitem abandonar o serviço.
"O trabalho é bem complicado, mas precisamos,
né?", disse Liesel da Silva. "Fomos
contratados para puxar até a última
tora de madeira [ilegal]", reforçou
Aparecido.
Os motoristas têm escolta
de viaturas da polícia militar em parte do
trajeto. São 250 quilômetros entre
as duas cidades e a escolta vai até Moju,
a cerca de 100 quilômetros de Tailândia.
No restante do caminho, o monitoramento é
feito apenas por postos da Polícia Rodoviária
Estadual. Segundo as forças policiais, os
cuidados adotados são suficientes para garantir
a segurança dos caminhoneiros.
"Nós temos um serviço
de inteligência que repassa qualquer informação
ou alarde, além de contar com suporte aéreo
por helicópteros. Isso nos permite dar uma
pronta-resposta para coibir qualquer ação
que tente denegrir a imagem da operação
ou causar risco às condições
físicas dos motoristas", garantiu o
capitão Fernando Bilóia, comandante
do efetivo da polícia ambiental na Operação
Arco de Fogo.
Ao todo, 35 caminhões trabalham
na retirada da madeira apreendida em Tailândia.
Quinze deles levam as toras até uma balsa
em Moju e outros 20 fazem o transporte direto a
Marituba. Cada caminhão carrega entre 25
e 60 metros cúbicos de madeira, de acordo
com o tamanho da carroceria. Segundo com a coordenação
da operação, cerca 400 metros cúbicos
de madeira explorada de forma irregular estão
deixando diariamente a cidade.
+ Mais
Ibama destaca redução
de focos de calor em 2007 no Amazonas
26 de Fevereiro de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - Ao completar 19 anos de atuação
no Amazonas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
divulgou hoje os resultados de suas atividades no
ano passado, com destaque para a redução
dos focos de calor e dos índices de desmatamento
nos municípios tradicionalmente mais prejudicados
(Lábrea, Apuí e Canutama).
Em 2007, o número de focos
de calor foi o menor registrado desde 2004, com
queda de 2.663 (em 2006) para 1.138. Em 2004 eram
1.840 focos. Ainda segundo o relatório, Lábrea
e Canutama tiveram queda de 50% no desmatamento.
Já a degradação ambiental cresceu
50% em Humaitá e 30% em Novo Aripuanã,
na comparação com 2006.
De acordo com a Divisão
de Controle e Fiscalização do Ibama,
só no ano passado foram realizadas 141 operações,
resultando em mais de 20 mil hectares de área
interditada para qualquer atividade comercial. No
Baixo Amazonas – que inclui os municípios
Nhamundá, Urucará, São Sebastião
do Uatumã, Itapiranga, Parintins e Boa Vista
do Ramos – foram aplicados 42 autos de infração
e arrecadados R$ 1,5 milhão em multas.
Os resultados também apontam
o crescimento da arrecadação do Ibama
no estado. Segundo o superintendente Henrique Pereira,
mais pessoas quitaram seus débitos e, com
isso, pela primeira vez em 19 anos a arrecadação
foi praticamente equivalente ao orçamento
recebido da União, que era de R$ 4 milhões.
"Em 2007 nós executamos
95% daquilo que foi destinado como orçamento.
Eu espero que com esse bom desempenho financeiro
nós possamos pleitear melhorias para o Ibama
do Amazonas na distribuição do orçamento
nacional, até porque as superintendências
que não executam seu orçamento perdem
recursos", explicou Pereira.
A auto-suficiência financeira
se deve ao aperfeiçoamento no setor de arrecadação.
Ainda assim, o superintendente reconheceu a existência
de dificuldades e disse que os orçamentos
são limitados. "Se fosse um recurso
totalmente investido no Ibama do Amazonas, nós
seríamos auto-suficientes financeiramente,
mas não é essa a regra, que prevê
a destinação dos recursos arrecadados
pelo Ibama para os cofres do Tesouro Nacional e
depois distribuídos de acordo com o orçamento
da União", ressaltou.
Para 2008, a projeção
é de intensificação das operações
de fiscalização. A diferença
será a participação das Polícias
Federal, Rodoviária e Forças Armadas.
"Os resultados podem ser
melhores, porque tivemos um novo Plano Nacional
de Combate ao Desmatamento e os contingentes policiais
serão mais numerosos. A novidade para 2008
é que o Ministério do Meio Ambiente
já fez uma chamada dos órgãos
estaduais para um planejamento conjunto, o que vai
ajudar a reforçar o combate ao desmatamento",
finalizou o superintendente.