28 de Fevereiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro -
Enviado especial - Wilson Dias/Abr - Tailândia
(PA) - Valdinei Palhares, agricultor e dono de carvoaria
ilegal, concede entrevista à imprensa.
Tailândia (PA) - Valdinei Palhares, agricultor
de 56 anos, faz questão de se apresentar
sem rodeios também como dono de uma carvoaria
ilegal na zona rural de Tailândia. Na cidade
desde 1974, ele diz ter pedido há um ano
providências do Ministério Público
para que fosse regularizada a situação
de trabalho no setor madeireiro local.
Segundo Palhares, o município
se desenvolveu sem cuidados com o meio ambiente
e a culpa da situação atual de degradação
deve ser dividida entre os governos das três
esferas e a comunidade.
"O município está
em calamidade pública, por causa das irregularidades,
do descaso governamental e da corrupção.
Temos duas opções: ou somos corruptores
ou ilegais. Achei melhor ser ilegal do que roubar",
afirmou.
A carvoaria do agricultor funciona,
segundo ele, durante três ou quatro meses
do ano, na queima de galhos que ele retira de seu
pasto: "Quem trabalha o ano inteiro não
tem como pagar o direito dos trabalhadores. É
um escravizando o outro". Indagado sobre o
motivo para se manter na ilegalidade, ele alega
que órgãos ambientais só liberam
a licença se "correr grana" .
Para Valdinei Palhares, a Operação
Arco de Fogo, deflagrada com o objetivo de combater
a exploração ilegal de madeira na
região, não é suficiente para
garantir um futuro melhor à população
local.
"O governo tem que sentar
com os segmentos da sociedade e fazer um programa
social, ecológico e econômico. Transformar
o município na capital do dendê, do
carvão vegetal reflorestado", defendeu.
+ Mais
Comissão cobra agilidade
em regularização fundiária
no Pará
29 de Fevereiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Enviado especial - Wilson
Dias/Abr - Tailândia (PA) - Deputado estadual
e presidente da Comissão de Meio-ambiente
da Assembléia Legslativa do Pará,
João Salame, concede entrevista à
imprensa.
Tailândia (PA) - A Comissão de Meio
Ambiente da Assembléia Legislativa do Pará
vai cobrar da governadora Ana Júlia Carepa
medidas no sentido de agilizar a regularização
fundiária e emissão de licenças
ambientais pendentes na região de Tailândia.
A promessa foi feita à
população local pelo presidente da
comissão, deputado João Salame (PPS).
“Vamos levar [ao governo estadual]
a necessidade de urgência dos planos de manejo
para que a indústria madeireira possa operar
de maneira legal e outras alternativas para aquecer
a economia local”, disse.
“O objetivo é impedir que
a operação [Arco de Fogo], que veio
para combater a ilegalidade, intensifique ainda
mais a atividade ilegal a partir do desespero das
pessoas que vão ficar sem emprego”, acrescentou.
Segundo o deputado, a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente (Sema) está mal
aparelhada e carente de técnicos. Há
cerca de 6 mil pedidos de licenciamento aguardando
autorização da pasta. A solução,
para Salame, seria a municipalização
de autorizações para projetos de pequeno
e médio impacto ambiental.
“Não é possível
que para se licenciar uma casa de farinha, a construção
de um posto de gasolina e um hotel tenha que se
apresentar um pedido em Belém”, argumentou
o deputado.
O presidente do Sindicato das
Madeireiras de Tailândia ( Sindimata), João
Medeiros, admitiu a ocorrência de ilegalidades
no setor, mas lembrou que sem regularização
fundiária não se consegue legalizar
plano de manejo florestal.
“Viemos aqui para ficar. Tudo
que temos está aqui dentro e 80% são
legais. Que há ilegais há, mas como
em todos os outros setores da economia”, disse Medeiros.
O encontro entre lideranças
locais e os deputados foi intermediado pelo prefeito
Paulo Jasper, o Macarrão. Há 15 dias
fora de Tailândia, ele disse ter usado o tempo
para articular em Belém uma ação
política ampla em favor de medidas que garantam
alternativas aos empresários e trabalhadores
afetados pela Operação Arco de Fogo,
que combate a exploração ilegal de
madeira no município.
“Uma solução para
esse problema não pode se dar no singular,
mas no plural”, ressaltou, ao argumentar também
que “tão importante quanto preservar a floresta
é preservar a dignidade do homem”.