21 de fevereiro - India Kunha
Tupã Rendy' i (Alda Silva), lider da Aldeia
Jaguapiru, etnia Guarani Kaiowá - representante
da COCTEK (Organização de Cultura
Tradicional Kaiwá), durante a cerimonia do
lançamento do 1º Programa de Qualificação
de Artesanato Indigena na Camara Municipal de Dourados-
MS.Representantes das comunidades Guarani Kaiowá,
Guarani Nhandéva e Terena acompanharam nesta
quinta-feira, 21 de fevereiro, o lançamento
do 1º Programa de Qualificação
de Artesanato Indígena, na Câmara Municipal
de Dourados/MS. A meta do Programa, executado pela
Coordenação de Artesanato da Fundação
Nacional do Índio (Funai), é facilitar
e aperfeiçoar o trabalho dos artesãos,
respeitando a tradicionalidade indígena.
O lançamento foi realizado pelo Diretor de
Assistência da Funai, Aloysio Guapindaia,
com a presença do Prefeito de Dourados, José
Laerte Tetila, do secretário de agricultura
familiar, Ermínio Guedes dos Santos e do
vereador Elias Ishy, presidente da Câmara
Municipal de Dourados.
“O Programa de Qualificação
está dentro de um planejamento estratégico
da Subcomissão de Cultura do Comitê
Gestor de Ações Integradas da Grande
Dourados. Esse é o início de um trabalho
sistemático de políticas estruturantes
para promoção do desenvolvimento das
comunidades indígenas”, explica Aloysio Guapindaia.
O cronograma de execução do programa
compreende três módulos, com cursos
de capacitação para o manejo de ferramentas
recicladas e orientações para tecelagem
de rede, confecção de cerâmicas
e cestarias. As atividades artesanais expandem as
fontes de auto-sustentação dos Kaiowá,
Nhandéva e Terena, que têm como principal
atividade econômica a agricultura de subsistência.
O fomento de projetos de geração de
renda é uma das metas da Agenda Social dos
Povos Indígenas, lançada em setembro
do ano passado pelo Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva.
Diretor de Assistência da
Funai, Aloysio Guapindaia discursa no lançamento
do 1° Programa de Qualificação
de Artesanato Indígena.O primeiro módulo
vai de 21 de fevereiro a 12 de março e será
ministrado pela professora Márcia Regina
Tavares, nas aldeias Jaguapiru e Bororó,
na Terra Indígena Dourados, com a participação
de 112 artesãos indígenas. O segundo
e terceiro módulos estão previstos
para o mês de julho e serão ministrados
por professores indígenas. As ações
buscam o fortalecimento e a valorização
da cultura indígena no estado, além
de impulsionar a renda das famílias de artesãos,
por meio da comercialização no Centro
de Exposição e Venda que será
construído pela Prefeitura de Dourados e
Ministério do Desenvolvimento Social, na
T.I. Dourados.
Tradição e religiosidade
No dia 22 de fevereiro às
18 horas, será inaugurada uma Casa de Reza
na Terra Indígena Panambizinho, onde são
celebrados rituais Guarani. Os índios Kaiowá
são conhecidos por sua forte religiosidade.
As práticas de cânticos, rezas e danças,
dependendo da localidade, da situação
ou das circunstâncias, fazem parte do cotidiano,
começando ao cair da noite e prolongando-se
por horas. A Casa de Reza é caracterizada
pela presença de 3 portas, com a entrada
principal virada para o leste.
Segundo o antropólogo Rubem
Ferreira, até a década de 1940 a Casa
de Reza abrigava as famílias que pertenciam
a um mesmo grupo extenso, base da organização
social Kaiowá até os dias atuais,
determinada por relações de afinidade
e consangüinidade. “Oy Gusu é o nome
sagrado antigo da Casa de Reza. Para os Kaiowá
é um espaço de importante sentido,
onde ficam todos os instrumentos ritualísticos
e o altar onde realizam as cerimônias”, explica
Rubem.
Avati Kyry, o batismo do milho
Na semana do lançamento
do Programa de Qualificação de Artesanato
Indígena e inauguração da Casa
de Reza também será realizada a cerimônia
do Avati Kyry, em que os índios Kaiowá
celebram a época de novo plantio. O ritual
será dirigido pelo Nhanderu Jairo Barbosa,
líder religioso e líder do clã
familiar, entoando cantos até o amanhecer,
quando é feito o batismo da colheita no altar.
Na noite seguinte, a cerimônia do Avati Kyry
continua com cantos e danças da comunidade
e dos visitantes.
Ainda no mesmo período,
os Kaiowá darão início à
Aty Guassu (grande assembléia), momento em
que se reúnem para discutir temas relacionados
à qualidade de vida de seu povo. Mais do
que uma reunião para discussão de
políticas públicas, a Aty Guassu celebra
o povo, as manifestações culturais,
o espírito guerreiro, os costumes e as tradições
do povo Guarani. O ponto principal do encontro será
a mobilização da comunidade indígena
e articulação com organizações
nacionais e internacionais, na busca pela garantia
dos direitos indígenas.