21/02/2008 - Lucia Leão
- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reiteraram
nesta quinta-feira (21), em Brasília, para
uma platéia de cerca de cem parlamentares
de países desenvolvidos e emergentes (G8+5),
a importância da criação do
Fundo de Proteção e Conservação
da Amazônia. A iniciativa foi apresentada
pelo Brasil na Conferência das Partes sobre
o Clima em Nairobi (2006) e Bali (2007), como forma
de compensação voluntária para
os países que diminuam a emissão de
CO2 através da redução das
taxas de desmatamento.
O Fórum Internacional de
Mudanças Climáticas, no Itamaraty,
reuniu legisladores dos sete países mais
ricos do mundo e Rússia, além dos
emergentes Brasil, China, Índia, África
do Sul e México. O objetivo do encontro é
elaborar um documento com propostas de enfrentamento
das mudanças climáticas a ser levado
para a próxima reunião do G8, em julho,
no Japão.
Durante seu discurso, Lula defendeu
que os países desenvolvidos, além
de cumprirem suas próprias metas de emissão,
devem apoiar os esforços que já estão
sendo realizados pelo Brasil, cujos resultados beneficiam
todo o planeta, como a redução de
CO2 na atmosfera, a manutenção do
ciclo de chuvas e a necessária conservação
da biodiversidade.
Segundo o presidente, é
preciso que os países do G8 cumpram as metas
do Protocolo de Quioto e apóiem os esforços
brasileiros. Lula defendeu, ainda, que eles paguem
os custos da redução desmatamento
e da proteção das florestas por meio
de contribuição voluntária.
O presidente disse que nos últimos
quatro anos o Brasil investiu mais de US$ 250 milhões
no combate ao desmatamento da Amazônia, "uma
quantidade de recursos inédita, mas muito
aquém do necessário para reverter
totalmente o quadro da região". Lula
destacou que o Brasil espera manter as taxas de
redução de carbono oriundas de desmatamento
e, com isso, se credenciar para captar US$ 1 bilhão/ano
até 2012, através do Fundo, que será
lançado nos próximos meses. "Serão
recursos destinados integralmente para combater
o desmatamento e mudar o modelo de desenvolvimento
a partir do uso sustentável das nossas florestas",
destacou o presidente.
A ministra Marina Silva, além
de defender a criação do Fundo, lembrou
as ações que permitiram reduzir as
taxas de desmatamento em 59% nos últimos
três anos e disse que espera manter linha
decrescente, mesmo depois do incremento de 10% no
desmatamento nos últimos quatro meses de
2007, detectado pelo monitoramento do INPE. "Acendemos
a luz amarela e estamos implantando medidas para
enfrentar este aumento", disse. Segundo a ministra,
a expectativa é conseguir uma redução
do desmatamento também em 2008.
Marina destacou que o governo
está enfrentando o desmatamento ilegal com
uma "agenda de força", de fiscalização,
repressão e penalização dos
desmatadores e, ao mesmo tempo, investindo em alternativas
de desenvolvimento sustentável. Ela informou,
ainda, que a Noruega deve ser o primeiro país
a contribuir com o Fundo e disse esperar outros
governos, empresas e pessoas físicas repitam
o gesto. Segundo a ministra, o Brasil não
busca apoio para iniciar um esforço, até
porque já tem uma redução de
500 milhões de toneladas de CO2. E sim para
aumentar este valor, o que depende de um aporte
de recurso na forma de um incentivo positivo.
A reunião de legisladores
do G8 e mais cinco economias emergentes é
organizada pela Globe - Organização
Mundial de Legisladores para um Ambiente Equilibrado.
O objetivo do encontro de parlamentares é
elaborar um documento com propostas de enfrentamento
das mudanças climáticas a ser levado
para a próxima reunião do G8, em julho,
no Japão.
Jefferson Rudy/MMA