23 de Fevereiro de 2008 - Paula
Michnik - Da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - Madeiras queimadas, troncos
e galhos que são colhidos na mata ou descartados
por madeireiros e agricultores estão sendo
utilizados na fabricação de moveis
rústicos no município de Sinop no
Mato Grosso.
A idéia nasceu há
oito anos, quando Israel Pereira, artesão
de uma associação de Sinop, resolveu
aproveitar a madeira que era jogada fora ou que
iria ser queimada. Para fabricar seus móveis
e comercializar suas peças, Pereira montou
uma empresa, que emprega sua mulher, seu filho e
mais dois funcionários.
Por semana, são produzidos
em média seis móveis, que são
vendidos em feiras ou por encomenda. A empresa de
móveis ecológicos atende todo o Brasil
e fatura cerca de R$ 3 mil por mês.
Segundo o artesão, todos
os móveis têm certificado e nota fiscal
emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos naturais Renováveis (Ibama).
Ele afirma que o negócio poderia beneficiar
mais pessoas que quisessem trabalhar com madeira
descartada.
De acordo com Pereira, o problema
é que falta incentivo do governo para os
artesãos do estado. "É preciso
um incentivo maior do governo, porque você
vai ao Nordeste, você vai a Goiás,
você vai a Minas Gerais e já tem reconhecimento,
o artesão lá é já é
respeitado. Aqui na nossa região nós
não temos reconhecimento do governo. Não
tem incentivo."
+ Mais
Política nacional integrada
para biodiversidade sai ainda este ano, diz coordenador
21 de Fevereiro de 2008 - Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - Até meados deste ano,
o Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) espera ter concluído o arcabouço
da política nacional para os produtos da
sociobiodiversidade. A estimativa foi feita à
Agência Brasil pelo coordenador da Área
de Diversificação Econômica
da Secretaria de Agricultura Familiar do MDA, José
Adelmar Batista.
Ele participa nesta capital do
seminário Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade:
Agregação de Valor e Consolidação
de Mercados Sustentáveis, voltado para os
biomas Mata Atlântica e Zona Costeira. O evento
integra a série de seminários que
vêm sendo realizados desde o ano passado pelo
MDA, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome (MDS) e o Ministério
do Meio Ambiente (MMA), com apoio de parceiros governamentais
e da sociedade civil.
Já houve encontros no Pará
(Amazônia Oriental), Acre (Amazônia
Ocidental), Goiás (Cerrado e Pantanal) e
Paraná (parte da Mata Atlântica e a
região do Pampa). O seminário do Sudeste
foi aberto no último dia 18 na Federação
das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan),
e as palestras terminam hoje (21) na Universidade
Corporativa da Companhia Vale do Rio Doce, no prédio
da Academia Brasileira de Letras.
Na semana que vem se realiza o
último seminário da série em
Juazeiro (BA), para debater o bioma Caatinga. “Depois,
a gente junta todas essas experiências e os
subsídios que estamos conversando aqui e
vamos realizar o seminário nacional que fecha
essa idéia de elaborar uma política
nacional da biodiversidade”, informou José
Batista. O encontro nacional deve ocorrer em Brasília,
entre abril e maio próximos.
”A partir daí, o grupo
de trabalho interministerial tem a tarefa de elaborar
essa política. Eu creio que até julho
ou agosto no máximo, a gente já tenha
um esboço dessa política. Nós
temos urgência. Como não temos nenhum
marco legal, as ações são pensadas
e tocadas por cada ministério. Não
tem uma estratégia nacional, de governo.
Então, nós estamos querendo isso o
mais breve possível”, salientou Batista.
A preocupação do
MDA para estimular as cadeias produtivas da sociobiodiversidade
está atrelada à geração
de renda no campo. “Nós entendemos que dá
para produzir e explorar a biodiversidade de forma
econômica, de modo que ela gere renda, agregue
valor e melhore a situação de vida
das populações, sem destruir. A nossa
preocupação é trabalhar a biodiversidade
de forma sustentável e não de modo
que venha a ser destruída”, disse Batista.
O MDA dispõe de três
linhas de apoio aos produtos da sociobiodiversidade,
através do Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf). São elas
o Pronaf Agroecologia, que trabalha a transição
entre o modelo atual de produção para
um modelo sustentável, baseado em outros
critérios que não sejam os agroquímicos;
o Pronaf Floresta, que aporta recursos para o reflorestamento
de áreas degradadas, com prazo de até
16 anos para pagamento e juros de 2% ao ano; e o
Pronaf Eco, criado em 2007 e voltado para estimular
o agricultor familiar a desenvolver energias sustentáveis.
Entre 2003 e 2005, o MDA, através
da SAF, investiu R$ 37 milhões somente em
projetos de agroecologia. José Adelmar Batista
informou que o plano safra deste ano, envolvendo
investimento e custeio para todas as linhas do Pronaf,
alcança R$ 12 bilhões. “A expectativa
é cada vez melhorar”, disse o coordenador
de Diversificação Econômica
da SAF, lembrando que a procura de recursos tem
crescido ano a ano para as linhas de crédito
do Pronaf. No ano passado foram disponibilizados
R$ 10 bilhões, dos quais o ministério
aplicou cerca de R$ 9,5 bilhões.
+ Mais
Entidades ambientais pedem que
UE respeite a legislação ao habilitar
carne bovina
29 de Fevereiro de 2008 - Morillo
Carvalho - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - Terra barata, ausência
do Estado nas áreas ambiental, de segurança
pública e regularização fundiária,
práticas predatórias como as queimadas
e estímulo financeiro governamental – estes
são alguns dos fatores que colocam o Brasil
no ranking dos desmatadores, apontados pelo documento
encaminhado ontem (28) pela Associação
Mineira de Defesa do Ambiente (Amda) à União
Européia.
Sob o título A Pecuária
e o Desmatamento no Brasil, o ofício é
assinado também pelas entidades ambientais
Rede de ONGs da Mata Atlântica, Fórum
Mineiro de ONGs Ambientalistas, Associação
Brasileira de Águas Subterrâneas e
Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental.
A intenção é
pedir às autoridades européias que
observem a legislação ambiental brasileira
durante o processo de habilitação
de fazendas que estariam aptas a exportar carne
bovina ao bloco econômico.
A missão da União
Européia que está no Brasil para inspecionar
o sistema de controle sanitário (Sisbov)
já deu parecer favorável a 106 fazendas.
Desde 30 de janeiro, as exportações
de carne bovina para o bloco estão suspensas.
As entidades querem aproveitar
o momento para incluir nas discussões, além
da rastreabilidade dos animais, a questão
ambiental. Para isso, argumentam que o país,
ao mesmo tempo em que abriga a maior reserva de
biodiversidade do mundo, é um dos campeões
do desmatamento.
“Queremos que a lei seja cumprida.
Não nos posicionamos contra a exportação
da carne brasileira nem contra a atividade agropecuária
em si", disse a superintendente executiva da
associação mineira., Maria Dalce Ricas.
Como o país também
é um dos maiores exportadores mundiais de
carne bovina, ela propôs uma solução
para que, caso cresça a demanda internacional,
novas áreas destinadas à criação
não sejam abertas.
“Nós temos um gigantesco
estoque de terras já desmatadas em todo o
Brasil Central, subutilizadas ou abandonadas. Se
essas terras fossem recuperadas e resgatadas para
as atividades agropecuárias de forma geral,
poderíamos produzir muito mais, sem precisar
substituir nossas florestas por pastos", afirmou.
Procurado para comentar o assunto,
o Ministério da Agricultura informou por
meio de sua assessoria que não se pronunciará,
por se tratar de assunto entre associações
particulares e a União Européia.
+ Mais
Secretaria do Ambiente notifica
moradores próximos a parques municipais do
Rio
21 de Fevereiro de 2008 - Diego
Paes - Da Agência Brasil - Rio de Janeiro
- A Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes
Ambientais (Cicca), da Secretaria de Ambiente do
Estado do Rio de Janeiro, notificou hoje (21) os
moradores das áreas próximas aos parques
municipais naturais Fonte da Saudade e José
Guilherme Merquior. Eles assinaram um documento
se comprometendo a não expandir suas casas
para as áreas de proteção ambiental.
A ação foi desencadeada
por uma blitz ecológica na parte alta da
favela que dá para o Morro dos Cabritos,
no bairro da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul
do Rio.
O secretário estadual do
Ambiente, Carlos Minc, disse que a blitz teve como
objetivo frear as invasões.
Agentes do Batalhão Florestal,
da Delegacia de Proteção do Meio Ambiente
(DPMA), do Instituto Estadual de Florestas (IEF)
e da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas
(Serla) vistoriaram as casas e fixaram placas delimitando
a área de proteção ambiental
da Mata Atlântica.
Segundo Carlos Minc, a operação
serviu para mostrar que a autoridade do Estado está
presente na comunidade.
"Hoje nós embargamos
obras e notificamos os moradores para que eles se
comprometam a não expandir as construções
nas áreas de floresta, podendo ser indiciados
por crime ambiental se não respeitarem a
lei", disse.
Das cinco casas notificadas, uma
estava sendo utilizada por traficantes como casamata,
e deve ser destruída dentro de uma semana,
e outra teve sua obra embargada pelo IEF.
De acordo com o secretário,
assim que houver lugar para reassentar as famílias,
as casas vão ser demolidas.