22 de Fevereiro de 2008 -
Deborah Souza - Da Agência Brasil - Marcello
Casal Jr/Abr - Brasília - A presidente da
Organização de Desenvolvimento Econômico-Social
dos Povos Indígenas(Odespi), Celina Baré
, fala sobre o Encontro de Intercâmbio com
os Povos Indígenas da Amazônia Legal,
que começou na última quarta-feira.
Brasília - Criado em 2004 com o objetivo
de executar projetos voltados para a segurança
alimentar e nutricional e o desenvolvimento sustentável
de comunidades indígenas, o programa Carteira
Indígena trouxe boas perspectivas no que
se refere à sustentabilidade econômica
nas aldeias, mas precisa ser aprimorado.
A avaliação é
da presidente da Organização de Desenvolvimento
Econômico-Social dos Povos Indígenas
(Odespi) e tesoureira do Serviço e Cooperação
com o Povo Yanomami (Secoya), Celina Baré.
As ações do programa
são executadas pelos Ministérios do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e
do Meio Ambiente. "Além de recursos,
colaborou com o resgate dos indígenas, que
estavam nas cidades, para as aldeias. A carteira
colocou também, para os municípios,
a responsabilidade da escola”, destacou. Mas, para
ela, ainda falta um acompanhamento técnico
dentro das aldeias.
Segundo a coordenadora do Carteira
Indígena do Ministério do Meio Ambiente,
Lylia Galetti, o programa atende populações
indígenas de todo o Brasil que têm
problemas na área de segurança alimentar,
“para garantir a sua subsistência digna e
com tudo que é necessário”.
Ela afirmou que “os projetos são
pequenos, às vezes ajudam muito numa produção
imediata de alimento, mas ainda é muito pouco
para a recuperação de áreas
degradadas, para a proteção ambiental”.
Lylia Galetti também citou
o problema da mortalidade infantil e da desnutrição
em Mato Grosso do Sul. Entre 2004 e 2005, foi registrado
o maior pico de mortes de crianças por desnutrição
dos últimos anos em Dourados (MS). À
época, cerca de 50 crianças indígenas
da etnia Guarani morreram no município.
Para a coordenadora, os projetos
do Carteira Indígena ainda são poucos
para o tamanho do problema que os índios
enfrentam, principalmente os Guarani.
“É preciso que as políticas
tenham sustentabilidade, para que a gente possa
erradicar de vez esse problema, que depende também
da questão da terra que é muito pequena
para os Guarani, na região de Dourados”,
ela acrescenta.
As normas e diretrizes do programa
Carteira Indígena estão sendo discutidas
durante o Encontro de Intercâmbio com os Povos
Indígenas da Amazônia Legal, que começou
na última quarta (20) e termina hoje (24),
em Brasília.
As sugestões colhidas nos
encontros - que também ocorrem no Nordeste
e no Sul e nos estados de Mato Grosso do Sul, São
Paulo, Minas Gerais e do Espírito Santo -
farão parte do documento-base para o debate
e as decisões da 2ª Oficina Nacional
de Trabalho da Carteira Indígena, que deverá
realizada este ano.
“Na Oficina Nacional de Trabalho
com a Carteira Indígena, a gente vai pactuar
com os índios, um modelo da Carteira Indígena
que melhore cada vez mais o atendimento”, disse
a coordenadora do programa, em entrevista à
Agência Brasil.