7 de Março
de 2008 - Bruno Bocchini e Lana Cristina - Repórteres
da Agência Brasil - São Paulo - A Via
Campesina fez hoje (7) duas ocupações
para protestar contra a liberação
para plantio de duas variedades de milho transgênico
pelo governo federal, no mês passado. Cerca
de 200 mulheres integrantes do movimento ocuparam
à tarde a sede da Superintendência
Regional de Agricultura no Rio de Janeiro. Elas
permaneceram no local durante aproximadamente duas
horas e deixaram o prédio logo em seguida.
Mais cedo, no início da
manhã, cerca de 40 mulheres invadiram uma
unidade da empresa norte-americana Monsanto na cidade
de Santa Cruz das Palmeiras, em São Paulo.
A multinacional de agricultura e biotecnologia confirmou
que uma unidade de pesquisa da empresa foi ocupada.
De acordo com a Secretaria de
Segurança Pública do Estado de São
Paulo, cerca de 40 pessoas, na maioria mulheres,
com foices e pedaços de pau, invadiram a
unidade da empresa durante a manhã. Segundo
a secretaria, o porteiro foi amarrado e amordaçado.
Os manifestantes saíram sem levar nada do
local. A Polícia Militar lavrou boletim de
ocorrência.
O Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) divulgou nota informando
que as mulheres da Via Campesina ocuparam a unidade
e destruíram um viveiro e um campo experimental
de milho transgênico.
A invasão da Via Campesina,
organização que o MST integra, é
um protesto contra a liberação de
duas variedades de milho transgênico pelo
Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS),
que ocorreu no mês passado: a Guardian, desenvolvida
pela empresa norte-americana Monsanto e resistente
a insetos; e a Libertlink, da empresa alemã
Bayer, resistente ao herbicida glufosinato de amônio,
utilizado na pulverização para combater
ervas daninhas.
O protesto faz parte da Jornada
de Lutas das Mulheres Sem Terra, cuja programação
se estende até o domingo (9).
Em nota divulgada por sua assessoria
de imprensa, a Monsanto condenou a ação
da Via Campesina, classificando-a de “ato ilegal”,
por desrespeitar decisões recentemente pronunciadas
pelo Poder Judiciário. A Monsanto divulgou
resultados de estudos com soja e algodão
transgênicos, desenvolvidos pela consultoria
Céleres, que concluem que a economia de água
e diesel no uso de organismos geneticamente modificados
é considerável. De acordo com o estudo,
em dez anos, com o plantio de soja transgênica,
poderão ser economizados mais de 42 bilhões
de litros de água.
A nota da Monsanto diz que o regime
democrático vivido no país permite
que discordâncias sejam expressas pelos caminhos
legais. “A empresa permanece aberta ao diálogo,
dentro dos canais e meios legais, para expor estes
e outros resultados e possibilidades envolvendo
a biotecnologia agrícola, e seus benefícios
para o meio ambiente e para a sociedade.” Na nota,
a empresa lembra que a biotecnologia contribui para
reduzir o uso de agroquímicos na agricultura.
A Via Campesina, entretanto, argumenta
que, atualmente, quatro empresas transnacionais
dominam quase todo o mercado de transgênicos
no mundo e 49% (praticamente metade) do mercado
de sementes. Segundo a entidade, a Monsanto detém
o controle de 70% da produção de sementes
das variedades comerciais de milho no Brasil e “agora
pode substituí-las por transgênicos”.
“A Via Campesina denuncia que
os transgênicos não são simplesmente
organismos geneticamente modificados, mas produtos
criados em laboratórios que colocam a agricultura
nas mãos do mundo financeiro e industrial”,
registra a entidade em nota.
+ Mais
Mulheres da Via Campesina fazem
protesto contra os transgênicos
7 de Março de 2008 - Ana
Luisa Marzano - Da Agência Brasil - Rio de
Janeiro - A Via Campesina fez hoje (7) uma manifestação
com cerca de 200 pessoas, a maioria mulheres, em
frente da Superintendência Regional de Agricultura
do Rio de Janeiro, contra a expansão do uso
de transgênicos e sua exploração
por empresas multinacionais no país.
A coordenadora estadual do MST,
Beatriz Carvalho, disse que o movimento “exige”
a punição das empresas multinacionais
por crimes ambientais.
"Nós estamos em uma
jornada nacional de luta contra os transgênicos
e contra as multinacionais. As mulheres exigem que
todas as empresas multinacionais que têm sede
no Brasil sejam punidas pelos crimes ambientais.
Estão colocando a soberania alimentar em
risco, por isso estamos nessa grande jornada de
luta em defesa à vida", afirmou.
O superintendente-adjunto do Ministério
da Agricultura no Rio, Ernani Paulo do Amaral Andrade,
recebeu um documento com as reivindicações
de três representantes da Via Campesina, para
ser encaminhado a Brasília.
Após a entrega do documento,
foi realizada a Marcha unificada das mulheres do
campo e da cidade até a Cinelândia,
no centro da cidade.
Na manhã desta sexta-feira,
os manifestantes também entregaram uma carta
com reivindicações ao Consulado da
Suíça. No documento, os manifestantes
pediram a punição de uma multinacional
suíça por invasão de áreas
ambientais protegidas por órgão federais,
que seriam usadas para experimento com transgênicos,
segundo integrantes do movimento.
As duas mobilizações
fizeram parte da Jornada de Luta das Mulheres da
Via Campesina em comemoração ao Dia
Internacional da Mulher, dia 8 de março.
Desde o dia 12 de fevereiro, quando
a CTNBio liberou a produção e a comercialização
de duas variedades de milho transgênico, o
Via Campesina realiza manifestações
em todo o país.