9 de Março de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - Com média diária de 2,9 mil
toneladas de lixo coletados
todos os dias, a cidade de Manaus demonstra, aos
longo dos últimos anos, um crescimento econômico
e populacional que exige, entre outros desafios,
"acertar os ponteiros" da educação
ambiental, incluindo-se nesse aspecto os horários
e os locais certos para se desfazer do lixo originário
de residências, empresas, feiras e hospitais,
entre outros. A avaliação é
da secretária municipal de Meio Ambiente,
Luciana Valente.
"É comum que o lixo
seja colocado nas ruas em horários diferentes
dos que o caminhão de coleta passa diariamente,
o que facilita sua violação por cachorros
de rua ou possibilitando que seja levado pelas chuvas”,
observa. “Por isso, levamos a cabo uma campanha
permanente sobre os horários e pontos de
coleta."
A secretária destaca a
necessidade de reforçar as ações
de educação ambiental e diz que, para
isso, é preciso compreender as particularidades
da zona urbana de Manaus em comparação
a outras capitais, como a existência de igarapés
(cursos d'água pouco profundidos) dentro
da cidade.
"Temos muitos desafios. Trabalhamos
intensamente para fortalecer as bases da educação
ambiental, mas a situação não
é a mesma para todos. A cidade é cortada
por diversos igarapés , onde muitas pessoas
se assentam irregularmente e acabam gerando acúmulo
de resíduos sólidos, aumentando o
risco de alagações e causando problemas
ambientais e de saúde pública."
A subsecretária da Secretaria
Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Suely D'Araújo,
reconhece os desafios, mas avalia que a capital
apresenta avanços no sistema de limpeza urbana
que devem ser lembrados. Segundo ela, nem mesmo
o chorume (líquido resultante da decomposição
de resíduos orgânicos) deixa de ter
uma destinação adequada atualmente.
Ela lembrou que somente em novembro
do ano passado se consolidou o novo sistema de disposição
final de aterro sanitário, passando-se a
contar com a drenagem de chorume e gases e a construção
de lagoas de sedimentação para tratamento
dos líquidos gerados pela decomposição
dos resíduos no corpo do aterro.
No balanço dos pontos positivos
e negativos, para as representantes da Semma e da
Semulsp, o grande avanço foi a disposição
final do lixo. "Já existia um sistema
de coleta que foi ampliado em função
do crescimento da cidade e da existência de
pelo menos 25 áreas na cidade que não
eram atendidas pelo serviço público.
Houve uma ampliação da oferta de serviço",
diz Luciana Valente.
"Em 2005, saímos de
um estágio de lixão para o estágio
de aterro controlado e no fim de 2007 passamos a
contar com um aterro sanitário dentro das
normas técnicas e ambientais vigentes para
começar a aterrar o lixo a partir da estiagem
das chuvas. Já temos áreas devidamente
construídas e revestidas com membranas impermeabilizantes,
com drenos para gases, lagoas para estabilização
de resíduos. Há ainda uma vala séptica
para destinação dos resíduos
hospitalares em geral", comenta Suely.
Na capital do Amazonas, a limpeza
pública é administrada pela prefeitura
da cidade, mas conta com a terceirização
de parte dos serviços, como a coleta e a
aterro de resíduos sólidos. A coleta
realizada inclui diferentes modalidades – manual,
mecanizada, seletiva, entre outras. A coleta domiciliar
responde por mais de metade do total diário
de lixo coletado e, para 2008, o orçamento
destinado a Semulsp é de R$ 129 milhões
– enquanto em 2007 foi de R$ 101 milhões.
Em 2007 a prefeitura inaugurou uma nova balança,
de 60 toneladas, que dobrou a capacidade de trabalho.
Além disso, os carros coletores estão
munidos com kits que possibilitam seu rastreamento
via satélite, facilitando a fiscalização
do serviço e o acompanhamento desses carros
em tempo real.
Um novo aterro já é
previsto, mas segundo Suely D'Araújo, somente
em 2009 devem ser feitas as licitações
para escolha. "Ainda este ano vamos concluir
todos os estudos prévios necessários
para construção de dois novos aterros,
inclusive com a indicação de detalhes
necessários às demandas de Manaus.
Assim, ano que vem, daremos continuidade a essa
atividade. Até lá, vamos continuar
fazendo a coleta dos resíduos sem afetar
a vida da cidade", antecipa.
Sobre projetos futuros, D'Araújo
informa que já está em andamento um
trabalho específico para queima de gases,
buscando-se possibilitar a entrada de Manaus no
mercado de crédito de carbono. "Nesse
processo, os gases são levados por meio de
tubos para os queimadores e com isso se destrói
o metano, cujo potencial poluente para efeito estufa
é 21 vezes maior que o do carbono. Queremos
ver a quantidade de metano que foi produzida e o
quanto esse número corresponde em carbono
a fim de lançar isso no mercado. Esse projeto
já foi aprovado e está em fase de
implantação", diz.
+ Mais
Coleta seletiva rende cerca de
R$ 500 mensais a catadores na capital do Amazonas
9 de Março de 2008 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil -
Manaus - Desde 2005, o programa de coleta seletiva
da prefeitura de Manaus garante, todos os meses,
por meio da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana
(Semulsp), cerca de R$ 500 a 22 catadores de material
reciclável, que, anteriormente, atuavam de
forma irregular no aterro municipal e ainda sujeitos
à contaminação por doenças
e renda incompatível com o serviço
praticado.
Com o programa, os catadores ganharam
a responsabilidade de separar e comercializar o
"lixo limpo" – papéis, vidros,
plásticos e metais. No início do programa,
a média de suas rendas mensais era R$ 186
e a quantidade de lixo coletado não chegava
55 toneladas, segundo a prefeitura. Hoje, a marca
da coleta seletiva é de 1. 446,162 toneladas.
Para tanto, os catadores passaram por treinamentos
que possibilitaram sua preparação
a fim de receber todo material recolhido pelo Programa
Coleta Seletiva, permitindo um crescimento de 165%
no percentual praticado em Manaus.
"A idéia de contar
com esses catadores surgiu da preocupação
com sua permanência desorientada em meio ao
lixo”, diz a subsecretária da Secretaria
Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Suely D'Araújo.
“Por meio desse programa, a prefeitura ganhou um
suporte específico para fazer a coleta seletiva
e ainda conseguiu promover a inclusão social
e a geração de renda dessas pessoas.”
Pelo programa, o lixo é
coletado pela Semulsp e entregue aos catadores para
que seja feita a devida separação.
Depois de concluída a seleção
dos materiais que possam ser comercializados, a
prefeitura transporta para o aterro o que não
é de interesse dos catadores. "Apesar
de não termos pontos fixos de coleta seletiva
em todas as zonas da cidade, toda população
pode ser atendida pelo serviço por meio dos
carros coletores que transitam por toda cidade.
Tudo funciona muito bem, só precisa ser expandido",
afirma.
Para a secretária de Meio
Ambiente de Manaus, Luciana Valente, os pontos de
entrega voluntária são os principais
modelos de coleta seletiva em Manaus. Trata-se de
quiosques espalhados pela cidade que recebem o lixo
de forma separada. "Quem não conseguiu,
em seu bairro, deixar o lixo limpo no caminhão
coletor da coleta seletiva pode deixar esse material
em um desses quiosques, que são gerenciados
por cooperativas desses catadores", informa
Valente, acrescentando que a destinação
final dos resíduos sólidos de Manaus
era um problema antigo e grave na cidade. Segundo
ela, a coleta seletiva em Manaus cresceu 70% de
2005 para cá.
A Semulsp pretende estabelecer
uma rede de compras para facilitar o escoamento
a a venda de resíduos recicláveis.