Panorama
 
 
 

CONFERÊNCIA DA FAO É MARCADA POR EMBATE SOBRE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E DE BIOCOMBUSTÍVEIS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2008

14 de Abril de 2008 - Luana Lourenço* - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Representantes de organizações não-governamentais (ONGs) ligadas à soberania alimentar defenderam hoje (14) o boicote aos biocombustíveis, entre eles o etanol e o biodiesel brasileiros.

“Queremos fazer uma chamada urgente contra os agrocombustíveis por uma América Latina e Caribe sem fome”, afirmou o representante do Comitê Internacional de Planejamento de ONGs para a Soberania Alimentaria (CIP), Saul Lopez.

Ele lembrou a afirmação feita hoje na Alemanha pelo relator especial da Organização das Nações Unidas para o Direito à Alimentação (Fian), o suíço Jean Ziegler, que classificou a produção em massa de biocombustíveis como um “crime contra a humanidade”.

O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, que também participou dos debates, disse que o embate entre alimentos e biocombustíveis não se aplica à realidade brasileira pelas “dimensões continentais” do país:

“Podemos, perfeitamente, pelas nossas características territoriais, compatibilizar as duas coisas. Podemos calçar bem o desenvolvimento do país em várias frentes, inclusive usando também os biocombustíveis para dar maior apoio e maior renda aos pequenos produtores.”

Segundo uma representante da Organização de Direitos Humanos pelo Direito à Alimentação (Fian), "os biocombustíveis geram a perda da autonomia alimentar, dificultam a reforma agrária e o acesso econômico aos alimentos se deteriora ainda mais”,

O argumento das ONGs é o de que o estímulo aos biocombustíveis compete com a produção de alimentos e gera conflitos nos países pobres, como o ocorrido no Haiti na última semana, por exemplo. “Como é possível que enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo, utilizem-se os alimentos para produzir agrocombustíveis em lugar de dar de comer as essas pessoas? Isso só beneficia as indústrias e os donos de veículos [automotivos]”, argumentou Lopez.

O uso de cana-de-açúcar, e não de milho, para produzir etanol também é um dos argumentos do governo brasileiro para defender a compatibilidade das atividades. Na avaliação de Lopez, no entanto, essa não é uma justificativa para a produção de biocombustíveis.

“Não é somente um assunto de não utilizar alimentos para produzir combustíveis, isso é apenas uma parte. A outra questão é o estímulo à monocultura, que invade grandes extensões de terra e rompe com o equilíbrio do meio ambiente, e isso se dá com milho, soja ou cana-de-açúcar. Querem resolver o problema das mudanças climáticas e da falta de combustíveis gerando outros problemas”, comparou.

Os debates na 30ª Conferência Regional da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação começaram hoje (14) e vão até sexta-feira (18), no Palácio do Itamaraty

+ Mais

Indústrias de álcool e açúcar que cumprem leis trabalhistas poderão receber selo

16 de Abril de 2008 - Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O Ministério da Agricultura estuda a criação de um selo de qualidade para identificar as indústrias de produção de álcool e açúcar que respeitam a legislação trabalhista e o meio ambiente. O anúncio foi feito hoje (16) pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, um dia depois de a Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontar a expansão das lavouras de cana-de-açúcar como a principal responsável pelo crescimento do trabalho escravo no Brasil em 2007.

"O selo social servirá exatamente no sentido de atestar as boas práticas da produção de álcool e açúcar. Dentro dessa boas práticas estão, evidentemente, como ponto fundamental, a questão do trabalho", ressaltou o ministro.

O ministro ponderou ainda que a expansão das lavouras de cana em São Paulo ocorre paralelamente à mecanização da produção, o que dispensaria a mão-de-obra. "A atual expansão se dá praticamente toda mecanizada e é importante citar isso porque São Paulo é o grande centro de produção de açúcar e álcool", destacou Stephanes, acrescentando que, em apenas dois anos, o percentual de plantação mecanizada passou de 30% para 48%.

"Ou seja, no período de três ou quatro anos São Paulo, possivelmente, será todo mecanizado e nem utilizará mão-de-obra", afirmou o ministro, após participar da 30ª Conferência Regional da Organização da Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Segundo dados do caderno Conflitos no Campo 2007, divulgado pela CPT, o crescimento mais significativo da utilização de mão-de-obra escrava foi registrado na Região Sudeste, onde o número de trabalhadores explorados passou de 279, em 2006, para 705, no ano passado. A região concentra as maiores lavouras de cana no país.

Além disso, dos 5.974 trabalhadores libertados em 2007, 52% saíram das usinas do setor sucroalcooleiro. Dos casos de desrespeito à legislação trabalhista registrados pela CPT, o setor ocupa a primeira colocação.

+ Mais

Contag critica uso de soja para a produção de biodiesel

15 de Abril de 2008 - Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) critica o uso da soja para a produção de biodiesel no país. Representantes da organização apresentaram hoje (15) a queixa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro no Palácio do Planalto.

De acordo com o secretário de Política Agrícola da Contag, Antonino Rovaris, outras oleaginosas não conseguem competir com a soja nessa área. O biodiesel pode ser produzido, por exemplo, a partir da mamona, dendê, girassol e algodão, entre outras.

“Não pode continuar o biodiesel sendo fabricado a partir da matriz energética da soja. Teremos de ter políticas públicas de financiamento, de zoneamento agrícola e de pesquisa, para fazer com que outras oleaginosas possam ser competitivas com a soja”, disse Rovaris, após encontro com Lula.

O Ministério de Minas e Energia estima que entre 60% e 70% do biodiesel produzido é extraído do óleo de soja. Em janeiro deste ano, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, avaliou que a participação da soja como matéria-prima deve diminuir no decorrer do tempo.

Assim como o presidente Lula, a Contag também garante que os biocombustíveis não ameaçam a produção de alimentos. “O presidente tem consciência, tanto quanto a gente, que o etanol e o biodiesel não concorrerão com a segurança alimentar, porque o Brasil tem condições de produzir para ambas as matrizes, a alimentar e a energética”, afirmou Rovaris.

O secretário da Contag também pediu a renegociação das dívidas agrícolas para que os produtores tenham acesso ao crédito. “Sem esse processo [de renegociação], os assentados da reforma agrária não terão as condições necessárias para fazermos o desenvolvimento sustentável e segurança alimentar do Brasil”, argumentou.

A Contag entregou ao presidente Lula a pauta de reivindicações do Grito da Terra Brasil 2008, que será realizado de 12 a 15 de maio. Os agricultores querem que os recursos para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2008/2009 passem de R$ 12 bilhões para R$ 14 bilhões.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.