(16/04/2008) O pouco conhecimento
sobre os mecanismos de controle de fluxo gênico
é um dos maiores entraves atuais para o cultivo
de plantas transgênicas no mundo.
Um trabalho desenvolvido em parceria
entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
e a Universidade de Pasadena, EUA, baseado em conhecimentos
de genética molecular, permite compreender
melhor o processo de reprodução vegetal
e, consequentemente, o desenvolvimento de mecanismos
de controle do fluxo gênico.
Por isso, pode ser determinante
para a resolução desse problema, que
é ainda mais preocupante em países
com alta biodiversidade vegetal como o Brasil.
O trabalho será um dos
destaques do XX International Congress on Sexual
Plant Reproduction – XX ICSPR, promovido pela Sociedade
Internacional de Reprodução Sexual
de Plantas (IASPRR - http://www.iasprr.org) e pela
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
– Embrapa, no período de 04 a 08 de agosto
próximo em Brasília, DF.
Segundo o professor do Laboratório
de Genética Molecular Vegetal do Instituto
de Biologia da UFRJ, Márcio Ferreira Alves,
o grupo de pesquisa vem estudando técnicas
de reprodução sexual desde 1991 utilizando
como modelo a planta Arabidopsis thaliana.
O conhecimento adquirido pela
utilização da genética molecular
em combinação de modelos experimentais
em biologia vegetal nos últimos 15 anos vem
permitindo um grande avanço no conhecimento
dos mecanismos envolvidos da reprodução
vegetal.
Dois resultados dos estudos de
Arabidopsis, como organismo modelo, merecem destaque:
a indução da floração
e a formação da flor. Para indução
da floração é necessária
uma complexa cadeia de sinais que envolvem qualidade
da luz, foto-período, estudos de hormônio
e da semente, entre outros fatores.
Muitos dos genes envolvidos nestas
etapas já foram caracterizados e, nos últimos
anos, começaram a ser utilizados em biotecnologia
vegetal para obtenção de plantas com
redução da fase juvenil. Um bom exemplo
foi a obtenção de citros com o tempo
de floração adiantado em três
anos pela super-expressão de genes de Arabidopsis.
A floração adiantada é uma
característica agronômica de grande
valia em estratégias de melhoramento tradicional.
Alves explica que esses exemplos
ilustram a forte ligação entre o conhecimento
adquirido a partir de um organismo modelo e a obtenção
de um produto tecnológico. “Além dos
aspectos relacionados diretamente à produção,
o melhor entendimento da reprodução
vegetal é fundamental para o desenvolvimento
de mecanismos de controle do fluxo gênico”,
ressalta o professor.
Atualmente o fluxo gênico
é considerado um dos principias problemas
na adoção dos cultivos de plantas
transgênicas em todo mundo, especialmente
em países ricos em biodiversidade, como é
o caso do Brasil.
O grupo da UFRJ, em colaboração
com a equipe do pesquisador Elliot Meyerowitz, de
Pasadena, vem estudando de maneira sistemática
a expressão gênica em órgãos
florais com o objetivo de entender como os genes
reguladores da identidade dos órgãos
florais atuam para a formação das
diversas plantes da flor (sépalas, pétalas,
estames, carpelos).
Os estudos vêm contribuindo
de forma significativa para a melhor compreensão
dos eventos moleculares que são responsáveis
pelo desenvolvimento reprodutivo de vegetais.
Congresso: unindo conhecimento
de reprodução vegetal aliado à
produção
O Congresso, que reúne
os principais nomes mundiais na área de reprodução
sexual de plantas, será realizado pela primeira
vez na América do Sul. A escolha do Brasil
como sede é uma prova do reconhecimento internacional
a todos os grupos de pesquisa que desenvolvem estudos
nessa área no país.
O comitê organizador, composto
por pesquisadores brasileiros da área de
reprodução vegetal, elegeu a capital
federal Brasília como local para realização
do evento. A coordenadora é a pesquisadora
da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia,
Ana Claudia Guerra de Araújo, e os demais
membros são: Diva Dusi, Marisa Pozzobon e
Vera Carneiro (Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia); Luiz Pereira (UnB); Márcio
Alves Ferreira (UFRJ) e Maria Helena de Souza Goldman
(USP-Ribeirão Preto).
Fernanda Diniz
+ Mais
Ministro da agricultura conhece
motor multicombustível
(14/04/2008) Duas tecnologias
da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP),
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
— motor multicombustível e coletor solar
foram apresentadas no estande do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
na 48ª Exposição Agropecuária
e Industrial de Londrina - ExpoLondrina 2008, de
3 a 13 de abril, em Londrina, PR.
O Ministro da Agricultura Reinhold
Stephanes visitou o estande e demonstrou interesse
especial pelas perspectivas e possibilidades de
utilização do motor multicombustível
em propriedades rurais não assistidas por
energia elétrica.
Henrique Barros Vieira, técnico
da Embrapa Meio Ambiente explicou sobre o funcionamento
do motor e sobre suas possibilidades de uso, como
geração de energia elétrica,
recarga de baterias, acionamento de bombas d’água,
entre outros.
Motor multicombustível
Com potência inferior aos
motores tradicionais que utilizam gasolina, álcool
ou diesel, o motor transforma qualquer fonte de
calor em trabalho útil, com a vantagem de
utilizar qualquer tipo de combustível renovável
sendo este sólido, líquido ou gasoso,
que gere calor.
De acordo com o pesquisador Aldemir
Chaim, idealizador do invento, o motor apresenta
várias utilidades para os agricultores, desde
carregar pequenas baterias ou qualquer atividade
que não necessite de motores muito potentes.
“Podem, por exemplo, ser aplicados
nas bombas d’água em projetos de irrigação;
retirada de água de poços para consumo
humano; como gerador para iluminação
de emergência em residências; em atividades
de lazer, como camping e pescaria; carregador de
celulares, e até na dessalinização
da água”, informa. “É extremamente
simples, fácil de construir e com custo bastante
reduzido”, salienta ele.
Além de combustíveis
líquidos como o álcool, pode funcionar
também com carvão, cavacos de madeira,
gravetos, palha e até restos de culturas
de propriedades agrícolas e também
energia solar.
“Contribui desta forma para a
redução de emissão de poluentes
para a atmosfera”, diz Chaim. Ele informa que os
protótipos da Embrapa Meio Ambiente, confeccionados
com latas de conserva, pequenas peças de
computador, já foram testados e têm
funcionado bem.
A feira
O tema da 48 edição
da ExpoLondrina foi “Em busca da produção
sustentável”. Segundo a Sociedade Rural do
Paraná - SRP, promotora do evento, em parceria
com a Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento,
“a feira é uma das mais importantes da América
Latina.
A Embrapa Meio Ambiente participou
da Expolondrina em conjunto com a Embrapa Soja (Londrina,
PR), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),
o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o
Departamento de Cooperativismo e Associativismo
Rural (Denacoop) e a Secretaria Federal de Fiscalização
Agropecuária (SFFA).
Cristina Tordin
Eliana Lima