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MILITARES E INDÍGENAS...

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2008

José Alencar diz que general pode ter errado ao criticar política do governo

19 de Abril de 2008 - Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - O presidente da República em exercício, José Alencar, disse hoje (19) em São Paulo que o general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, pode ter cometido um erro ao criticar a política do governo de demarcação de terras indígenas na região. Ao participar na última quarta-feira (16) de seminário no Clube Militar, no Rio de Janeiro, o general afirmou que a demarcação contínua de terras indígenas na área de fronteira é uma ameaça à soberania nacional.

"Eu conheço muito bem o general Heleno. Ele é um brasileiro de valor. Naturalmente que pode ter errado ao ter criticado, como militar, a política do governo. Porém esse é um assunto encerrado", disse o presidente em exercício.

O general Heleno afirmou no seminário que o aumento da extensão das terras indígenas na região de fronteira causa preocupação. "Pode não ser uma ameaça iminente, mas ela merece ser discutida e aprofundada", declarou Heleno. "Poderão representar um risco para a soberania nacional", disse.

Para Alencar, as terras indígenas não representam um risco grande ao país, já que as Forças Armadas têm acesso irrestrito a elas. Ele considerou ainda que o governo deveria integrar os índios da região ao resto do país.

"A minha opinião é que nós façamos a integração deles à sociedade através de educação e saúde pública. Também uma formação educacional e até comportamental", disse.

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Jobim considera equívoco discutir demarcação contínua ou isolada de terras indígenas

23 de Abril de 2008 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse considerar equivocada, neste momento, a discussão sobre a demarcação contínua ou isolada de reservas indígenas. “Há um equívoco muito grande. Essa discussão [sobre] contínua ou isolada não tem sentido”, afirmou o hoje (23) o ministro, durante entrevista coletiva em que anunciou o reajuste dos militares das Forças Armadas.

Em 1996, à frente do Ministério da Justiça, Jobim determinou que a Fundação Nacional do Índio (Funai) respeitasse os títulos de propriedade e levasse em consideração as estradas e os municípios existentes para demarcar a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no nordeste de Roraima.

Mencionando o interesse público em preservar núcleos populacionais não-indígenas, Jobim excluiu da área demarcada pela Funai antigas bases de apoio à garimpagem, denominadas vilas, as estradas e fazendas tituladas pelo Incra a partir de 1981, totalizando uma área de 300 mil hectares.

“Quando determinei isso, não havia nada dessa discussão sobre [demarcação] contínua ou isolada”, declarou o ministro. “Quando mandei esse despacho, eu determinei que se refizesse todo o sistema de demarcação. Depois, esse passo foi anulado e as coisas morreram”, afirmou Jobim.

Para o ministro, o “equívoco” é resultado do “desconhecimento do sistema jurídico nacional” e é alimentado pela imprensa brasileira. “Grande parte da mídia raciocina como se as terras indígenas brasileiras fossem iguais às norte-americanas”, afirmou Jobim. “Lá [os povos indígenas] são nações e as terras indígenas pertencem a essas nações. No Brasil, terra indígena é propriedade da União, para usufruto vitalício dos índios. Eles não têm propriedade sobre essas terras, que estão sujeitas a todas as regras constitucionais. Temos de raciocinar a partir do nosso sistema.”

Perguntado sobre a reação do ministério às críticas do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, com quem se reuniu na última sexta-feira (18), Jobim se restringiu a comentar que, no ministério, o assunto está encerrado.

Na semana passada, o general afirmou que a demarcação contínua de terras indígenas em região de fronteiras é uma ameaça à soberania nacional. A declaração irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que determinou que Jobim cobrasse explicações de Augusto Heleno.

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Lula cobra explicações do comandante militar da Amazônia

17 de Abril de 2008 - Carolina Pimentel - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou hoje (17) explicações do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, que criticou a política indigenista do governo federal. Lula, chefe maior das Forças Armadas, fez a cobrança ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o comandante do Exército, general Enzo Peri, em encontro no Palácio do Planalto.

De acordo com o Ministério da Defesa, ficou acertado que Jobim e Peri conversarão com Heleno e depois voltarão a se reunir com o presidente.

Ao participar ontem (16) de seminário no Clube Militar, no Rio de Janeiro, o general afirmou que a demarcação contínua de terras indígenas na região de fronteira é uma ameaça à soberania nacional.

“Nós estamos cada vez mais aumentando a extensão das terras indígenas na faixa de fronteira e caminhando numa direção que me preocupa. Pode não ser uma ameaça iminente, mas ela merece ser discutida e aprofundada", declarou Heleno. "Poderão representar um risco para a soberania nacional", completou.

Na palestra, o comandante militar da Amazônia negou que seja contrário à demarcação de área contínua na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, defendida pelo presidente Lula.

“Em nenhum momento eu contrariei a decisão do presidente da República. Ela está tomada e será cumprida por quem de direito.

Eu levantei o problema. E ele merece ser discutido e novamente está sendo estudado”, disse ao se referir à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a retirada de não-índios, a maioria produtores rurais, da reserva.

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Defesa ouve explicações de comandante da Amazônia e considera assunto "superado"

18 de Abril de 2008 - Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Dois dias depois de ter declarado que a demarcação contínua de terras indígenas em região de fronteiras é uma ameaça à soberania nacional, o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, reuniu-se hoje (18) com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e com o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri para explicar as declarações.

Segundo a assessoria do ministério, a reunião durou pouco mais de uma hora e o assunto foi considerado "superado".

A assessoria informou ainda que o resultado da reunião já foi comunicado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia pedido explicações sobre as declarações, feitas durante a abertura do seminário Brasil, Ameaças a sua Soberania, realizado nesta semana no Clube Militar do Rio de Janeiro.

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Em nota, Clube Militar do Rio defende comandante da Amazônia

18 de Abril de 2008 - Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O Clube Militar do Rio de Janeiro divulgou nota hoje (18) defendendo o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno. Ontem (17), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou explicações do comandante sobre declarações dadas na última quarta-feira (16).

O general afirmou, durante seminário no Clube Militar, que "o Exército brasileiro é um instrumento do Estado acima de ser um instrumento de governo" e também criticou a política indigenista desenvolvida pelo governo federal.

A nota com o título “Reação sem sentido” é assinada pelo presidente do clube militar, general Gilberto Barbosa de Figueiredo.

O documento faz uma defesa do general Heleno e afirma, no último parágrafo, que: “É estranho o presidente da República pedir explicações sobre o caso. Não me consta que tenha adotado o mesmo procedimento quando ministros do seu partido contestam publicamente a política econômica do governo. Aliás, uma das poucas coisas que está funcionando coerentemente nessa época em que atitudes voltadas para produzir impacto em palanque são mais importantes do que a ética e a moralidade na condução das ações políticas”.
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Índios reclamam de militares em reunião com Lula

18 de Abril de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Em audiência realizada hoje (18) no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu dos índios muitas queixas em relação à postura de militares que são contrários à demarcação das terras indígenas em área contínua.

“Dissemos ao presidente que não somos uma ameaça à soberania do país. Afirmamos a ele que somos os verdadeiros donos dessas terras, e pedimos que converse com os militares para reverem essa posição equivocada sobre os povos indígenas em áreas de fronteira”, informou Marcus Apurinã, vice-presidente da Coordenação da Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

O descontentamento dos índios se dá especialmente por causa das declarações do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, que na quarta-feira (16), em palestra no Clube Militar, no Rio de Janeiro, afirmou que era contrário à demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em área contínua e que as homologações colocam em risco a soberania nacional. “Pode não ser uma ameaça iminente, mas ela merece ser discutida e aprofundada", disse o general.

O presidente Lula cobrou explicações do comandante sobre as críticas à política indigenista do governo federal em reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o comandante do Exército, general Enzo Peri.

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Presidente da Funai diz que política indigenista não traz riscos à soberania nacional

18 de Abril de 2008 - Marco Antônio Soalheiro e Yara Aquino - Repórteres da Agência Brasil - Brasília - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, disse hoje (18) que, "do ponto de vista jurídico e legal, as demarcações de terras indígenas em área contínua não apresentam riscos à soberania nacional". Meira disse que não poderia comentar diretamente as críticas à política indigenista feitas pelo general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia.

Márcio Meira fez essas declarações, após participar de encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes de comunidades indígenas tradicionais, quando fez a defesa da política indigenista do governo.

"A população indígena chegou a ter 250 mil indíos, nos anos 70, e hoje beira a quase um milhão de índios, graças a essa política indigenista. Portanto, temos consciência de que essa política tem cumprido seu papel, apesar das dificuldades. Reafirmamos que a política indigenista brasileira continua, é uma política necessária”, afirmou Meira.

“As Forças Armadas estão presentes em todas as terras indígenas de fronteira, com o pelotão de fronteira. Não há nenhum risco à soberania brasileira no fato de termos terras indígenas demarcadas seja em qualquer lugar, na faixa de fronteira ou fora da faixa de fronteira.”

O presidente da Funai ainda reiterou que governo não fará nenhuma revisão na homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, antes de uma decisão judicial definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF).

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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