Panorama
 
 
 

CONFLITO EM RESERVA É GRAVE E SOLUÇÃO ESTÁ NAS MÃOS DA JUSTIÇA, AVALIA MINISTRA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2008

9 de Maio de 2008 - 10h08 - Última modificação em 9 de Maio de 2008 - 10h09
Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Elza Fiúza/ABr
Brasília - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, dá entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Rádio Nacional
Brasília - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou hoje (9) de “grave e preocupante” a situação de tensão e conflitos na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Ela disse que a questão está nas “está nas mãos da Justiça”, referindo-se ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da permanência de não-índios no local, que deve ocorrer em três semanas.

“Temos a expectativa de que, em se tratando da mais alta Corte do país, esse processo vai ser feito com todo o cuidado e a responsabilidade. Está nas mãos da Justiça e, como todos os cidadãos, estamos aguardando que a justiça seja feita. O conflito é grave e preocupante” destacou.


A ministra fez as declarações em entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em Brasília.Ela elogiou a iniciativa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de criar a terra indígena em área contínua e classificou como “ousada” a atitude do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de homologar a reserva conforme determinação prevista na sua criação.

Na entrevista, a ministra criticou o atentado contra indígenas na Raposa Serra do Sol, ocorrido no início da semana. Na ocasião, dez índios foram baleados por funcionários do líder dos arrozeiros e prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero, quando construíam moradias nos limites da Fazenda Depósito, de propriedade do produtor.

“O que não pode acontecer é a justiça com as próprias mãos, como fizeram pessoas que atiraram em índios. É uma coisa lamentável", avaliou Marina Silva. "Estão defendendo os seus direitos mas, para defendê-los, temos que usar a lei e não a força”, completou.

Após o atentado, agentes da Polícia Federal (PF) prenderam Quartiero em flagrante, por porte ilegal de armas e artefatos explosivos.

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Ibama autua em R$ 30,6 milhões fazenda de líder dos arrozeiros da Raposa Serra do Sol

9 de Maio de 2008 - 19h50 - Última modificação em 9 de Maio de 2008 - 21h36
Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Wilson Dias/ABr
Brasília - O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel da Rocha, fala sobre ações do IBAMA na Terra Indígena Raposa Serra do Sol
Brasília - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autuou hoje (9), por degradação do meio ambiente, a fazenda Depósito, do prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero.

Além de aplicar quatro multas que, somadas, atingem R$ 30,6 milhões, o órgão decidiu embargar as atividades econômicas da propriedade. O embargo imposto pelo Ibama vai vigorar até que a multa seja paga e os problemas ambientais, reparados.

Líder do movimento de resistência à retirada de não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Quartiero está preso desde a última terça-feira (6). Um dia antes, funcionários de sua fazenda haviam baleado índios, que construíam barracos no interior da propriedade. Quartiero foi autuado pelo Ibama por ter aterrado duas lagoas e nascentas, além de margens de rios, que deram lugar a plantações de arroz.

Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, as multas e o embargo não têm qualquer relação com a prisão do arrozeiro nem devem ser vistas como uma tentativa de desestimular a atividade produtiva na área, objeto de disputa entre arrozeiros e indígenas no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Essa autuação é estritamente técnica. É baseada em um laudo técnico, que já vinha sendo feito há mais de quatro meses, e que indicou um conjunto de danos e crimes ambientais bem definidos”, afirmou Montiel. Ele apresentou um laudo, segundo o qual Quartiero desmatou áreas que deveria destinar à preservação permanente (APP´s), para reserva legal, e que não estavam previstas na licença ambiental estadual que obteve. Além disso, a plantação de arroz impediria a regeneração natural do bioma.

De acordo com a perícia, dos 2.806 hectares da fazenda ocupados por arrozais, pouco mais de 674 hectares, ou 13,71% da área total da propriedade (4.918,92 hectares), fazem parte da área de preservação permanente. De acordo com Montiel, pela legislação, 80% das propriedades da região amazônica devem ser preservadas como reserva legal.

O embargo, que impede a realização de qualquer atividade econômica, foi autorizado hoje, mas a ordem só deve ser cumprida na segunda-feira (12), quando fiscais do Ibama, com o auxílio da Polícia Federal, irão à fazenda apreender máquinas e equipamentos. “Se houver qualquer descumprimento do embargo, o infrator responderá de acordo com o Código Penal, e não administrativamente", disse o represetante do Ibama.

Segundo Montiel, o Ibama já vem atuando na região desde 2004. Além da fazenda de Quartiero, outras 12 estão passando por perícias técnicas. “Caso seja constatado qualquer dano ambiental, elas serão enquadradas na lei de crime ambiental”, garantiu ele. “Teremos mais quatro fazendas periciadas até o final do mês. Por se tratar de atividade similar [à desenvolvida na fazenda Depósito], a rizicultura, e em dimensões semelhantes, é provável que encontremos danos ambientais semelhantes”, avaliou Montiel.

O próprio Quartiero já havia sido multado antes. Em janeiro de 2005, ele recebeu duas multas, no total de R$ 602,5 mil, por desmatar sua propriedade além do permitido. A denúncia havia sido feita pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR), segundo Montiel. O arrozeiro recorreu à Justiça, que até hoje não julgou o recurso.

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Ibama promete fiscalizar atividades indígenas na Raposa Serra do Sol

9 de Maio de 2008 - 21h22 - Última modificação em 9 de Maio de 2008 - 21h32
Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Wilson Dias/ABr
Brasília - O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel da Rocha, fala sobre ações do IBAMA na Terra Indígena Raposa Serra do Sol
Brasília - Além de fiscalizar treze grandes fazendas de arroz da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no extremo Norte de Roraima, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) promete também atuar nas áreas produtivas ocupadas por índios.

Hoje (9), o diretor de Proteção Ambiental do órgão, Flávio Montiel, garantiu que, apesar de ter dado prioridade à fiscalização nas áreas ocupadas por grandes rizicultores, o Ibama irá atuar em toda área de 1,7 milhão de hectares da reserva.

“Toda a terra indígena será periciada. Se identificarmos qualquer dano ambiental causado pela atividade indígena [a comunidade] também será autuada e enquadrada de acordo com a lei de crimes ambientais”, disse Montiel, durante entrevista coletiva, em que anunciou que o Ibama havia multado em R$ 30,6 milhões uma das fazendas do líder do movimento de resistência à retirada de não-índios da Terra Indígena, Paulo César Quartiero, além de embargar qualquer atividade econômica na propriedade.

Afirmando que a multa e o embargo da fazenda de Quartiero se devem aos danos ambientais apontados na perícia feita por funcionários do órgão, Montiel explicou porque razão o Ibama decidiu fiscalizar, em um primeiro momento, apenas as grandes fazendas de arroz. “Não nos pautamos na questão da atividade econômica. Numa ação de fiscalização, nós normalmente procuramos nos pautar pelas atividades que geram o maior dano ambiental”, disse.

Montiel defendeu a estratégia do Ibama de concentrar suas ações nas atividades capazes de desmatar as maiores áreas, alegando que, graças a isso, o índice de desmatamento da Amazônia caiu cerca de 60% nos últimos três anos. Segundo ele, somente em março foi registrado uma queda de 80% em relação aos dois primeiros meses deste ano.

“Hoje, analisando o desmatamento da Amazônia e o combate feito nos últimos três anos, houve uma redução clara no segmento dos grandes desmatamentos contínuos. Há ainda uma manutenção dos desmatamentos médios e um crescimento dos pequenos desmatamentos”, declarou Montiel.

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Presidente da Funai teme que decisão do STF divida Raposa Serra do Sol em “ilhas”

7 de Maio de 2008 - 21h05 - Última modificação em 7 de Maio de 2008 - 21h05
Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, afirma que sua maior preocupação - com relação à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima - é com a diminuição ou com a divisão do local em "ilhas".

“Se por um acaso ocorresse que o Supremo definisse a diminuição da área ou a dividisse em ilhas, isso criaria uma situação temerária seria uma jurisprudência que colocaria em risco todas as terras indígenas do Brasil, principalmente na Amazônia Legal”, apontou, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, na última semana.

Para Meira, a decisão do Supremo não diz respeito somente à Raposa Serra do Sol. “Ela é uma decisão que interfere em todas as terras indígenas e, portanto, em toda a política indigenista que vem sendo desenvolvida nos últimos 20 anos”, concluiu.

Meira afirmou que os ocupantes irregulares da reserva agem com “interesses contrários aos índios, na região” e “contra a demarcação da terra indígena de forma contínua. Eles querem que a terra seja reduzida ou dividida em ilhas”. Isto significaria distribuir porções de terras em torno das aldeias em vez de destinar toda a área de 1,7 milhão de hectares às comunidades indígenas.

“Toda terra indígena tem que ser contínua porque a população indígena não vive na floresta só na sua aldeia, ela vive andando, às vezes por quilômetros, para desenvolver suas atividades econômicas, sociais, religiosas etc”, defendeu.

Entretanto, o presidente da Funai demonstrou otimismo e disse acreditar que o Supremo agiu de forma cautelar para esperar a conclusão do processo de homologação da área. Ele afirmu ainda que a corte sempre se posicionou favorável à questão indígena.

“O STF em todos os seus pronunciamentos formais concordou com a homologação de forma contínua, como foi feito pelo decreto homologatório em 2005. Nós ficamos até surpresos quando vimos essa decisão recente de suspender a operação [Operação Upatakon 3, da Polícia Federal]. Por isso, acreditamos que foi uma atitude de cautela do Supremo, na medida em que ele historicamente se posicionou pelo reconhecimento da terra indígena”, ponderou.

Meira também destacou a importância de manter as reservas contínuas para a proteção da floresta. “Pouco mais de 20% da Amazônia Legal é área protegida e está em terras indígenas. Os índios são os grandes protetores do meio ambiente e do cerrado”, salientou.

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Ministra faz apelo ao STF para manter demarcação da reserva Raposa Serra do Sol

7 de Maio de 2008 - 23h47 - Última modificação em 7 de Maio de 2008 - 23h47
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou os conflitos na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, como “um dilema civilizatório” que o país precisa enfrentar, depois de séculos de massacre das populações indígenas.

Durante a abertura da Terceira Conferência Nacional do Meio Ambiente, a ministra fez hoje (7) um apelo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que mantenha a legalidade da demarcação de Raposa Serra do Sol. Em abril, uma decisão do tribunal suspendeu a retirada de arrozeiros que ocupam a área indígena.

“O presidente Fernando Henrique Cardoso corajosamente demarcou Raposa Serra do Sol, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corajosamente homologou a terra e agora nós esperamos que a Justiça brasileira mantenha esse avanço civilizatório do nosso país”, afirmou.

Na avaliação de Marina Silva, a manutenção dos 1,7 milhões de hectares da reserva em área contínua na fronteira não representa qualquer risco à soberania nacional.

“Tenho absoluta certeza que os nossos militares têm nos nossos índios os maiores aliados da presença brasileira nas nossas fronteiras”, defendeu, ao citar que, fora das unidades de conservação, “a maior contribuição” para preservação ambiental vem da demarcação de terras indígenas.

A ministra ainda comparou Roraima a Jerusalém, ao afirmar que para as populações indígenas a região de Raposa Serra do Sol “é um ponto de referência”, assim como a cidade do Oriente Médio é para os cristãos. “Já arroz é possível produzir em qualquer terra fértil”, avaliou.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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