Panorama
 
 
 

SAÚDE INDÍGENA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2008

Desestruturação da Funasa é principal causa da desnutrição de crianças, conclui CPI

9 de Junho de 2008 - Adriana Brendler - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A desestruturação administrativo-financeira da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) é principal causa da desnutrição de crianças indígenas. A conclusão é da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Subnutrição de Crianças Indígenas, que investigou nos últimos cinco meses os registros de mortalidade por subnutrição de 2005 a 2007.

De acordo com deputado Vicentinho Alves (PR-TO), autor do relatório final da CPI aprovado na última terça-feira (4) na Câmara dos Deputados, o trabalho da comissão apontou a fragilidade do órgão pela falta de equipamentos e profissionais, o que acarreta a transferência da atenção à saúde dos índios a ONGs. Ele afirma também que essas organizações, muitas vezes, não têm preparo nem envolvimento com as comunidades indígenas.

Segundo ele, faltam médicos, dentistas e engenheiros na estrutura da Funasa, que há vinte anos não realiza concurso público para contratação de profissionais. Com base apenas em um dos problemas que a situação acarreta, o deputado apontou falta de vacinação das crianças indígenas nas aldeias, decorrente da carência de técnicos na área de saúde e de veículos para chegar às comunidades.

Alves ressalta a necessidade de fortalecer tanto a Funasa quanto a Fundação Nacional do Índio (Funai) para modificar o atual modelo de gestão.

"Com recursos públicos aplicados de maneira direta – pela Funai e pela Funasa – com certeza teremos um atendimento melhor e naturalmente uma melhor condição de vida para nossos índios. Nós entendemos que saúde pública é uma obrigação do Estado. Não se deve terceirizar as responsabilidades”.

De acordo com as investigações da CPI, a situação mais grave foi encontrada no Maranhão, considerada pelo relator um "desastre". “Não se tem controle de natalidade, de mortalidade, não existe o Programa de Vigilância de Nutricional e Alimentar, nem cadeia produtiva com agricultura familiar e o programa de vacinação é baixíssimo”, relatou.

No Acre, há apenas um engenheiro para analisar e desenvolver projetos de saneamento em todo o estado. No Tocantins, há dois engenheiros para atender a 139 municípios e mais as áreas indígenas.

Além do fortalecimento da Funasa e da Funai, com a realização de concursos públicos e a criação de um plano de carreiras, cargos e salários, o relatório da CPI recomendou o cancelamento imediato dos contratos dos convênios com as ONGs e a criação de uma secretaria nacional para proteção dos índios, ligada à Presidência da República, nos moldes das que já existem para tratar das questões da igualdade racial e da mulher.

“A Funasa é ligada ao Ministério da Saúde e a Funai, ao Ministério da Justiça. Se juntasse tudo isso em uma secretaria, o efeito seria melhor. Isso iria possibilitar um novo de modelo de gestão da questão indígena”.

As recomendações incluem ainda a ampliação do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) Indígena – que induz a implementação nutricional das crianças – e o emprego de técnicos agrícolas para melhorar a produção alimentar nas aldeias.

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Distritos sanitários podem ter autonomia ainda este mês

9 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A reivindicação de comunidades indigenistas de autonomia administrativa e financeira aos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) existentes no Brasil está prestes a ser atendida. A direção da Funasa informou à Agência Brasil que a medida – considerada fundamental para melhorar o atendimento prestado aos índios – deve ser autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo dia 19 de junho, em reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista.

“A autonomia é a reivindicação principal deles [índios]. Você vai aproximar a gestão do usuário, com condição de melhorar a execução financeira. Poderá ser um marco histórico”, afirmou o diretor de Saúde Indígena da Funasa, Vanderlei Guenka.

Com a redução da burocracia para liberar recursos, Guenka acredita que será “mais fácil” encontrar soluções para dificuldades logísticas e de transporte enfrentadas no atendimento às aldeias. “A maior população indígena está na Região Norte, de maneira dispersa. O acesso das equipes às aldeias é muito difícil, de barco, avião ou helicóptero. Além disso, 80% da população indígena fica em municípios pequenos, onde a estrutura hospitalar é limitada”, descreveu o diretor.

Segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a centralização de recursos em Brasília já provocou a morte de inúmeros índios. A entidade defende a descentralização, com controle social exercido por agentes da própria comunidade.

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Governo quer substituir terceirizados da Funasa até 2012

9 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A ausência de vínculo com o poder público dos profissionais que trabalham no atendimento à saúde indígena motiva críticas de comunidades indigenistas, mas conforme a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), tal quadro será revertido nos próximos quatro anos.

“Já temos um termo de conciliação com o Ministério do Planejamento para substituir os profissionais que hoje trabalham na assistência à saúde indígena, via convênios com organizações não-indígenas. Em junho do ano que vem vamos substituir 20% e sucessivamente mais 20% em 2010 e 2011, e 40% em 2012”, afirmou o diretor de saúde indígena da Funasa, Vanderlei Guenka.

A substituição dos 13 mil funcionários terceirizados também já foi recomendada à Funasa pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) reclama que a ausência de vínculo dos profissionais com o Estado estimula a rotatividade das equipes multidisciplinares – médicos, enfermeiros e dentistas – nas terras indígenas. Para a entidade, além dos postos de trabalho serem preenchidos por concurso específico, os profissionais devem passar por cursos de capacitação em cultura indígena antes de iniciarem o atendimento às comunidades.

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Funasa rebate críticas, mas reconhece deficiências no atendimento aos índios

9 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Alvo de uma série de críticas de má-gestão no atendimento aos índios, feitas pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), a direção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) reconhece deficiências no sistema, mas reage à acusação de que o órgão esteja aparelhado por indicados políticos que não têm compromisso com as questões indígenas.

“A palavra do Jecinaldo [coordenador-geral da Coiab] é uma opinião pessoal dele, que não reflete o pensamento de todas as comunidades. A Coiab teve convênio com a Funasa de 1999 a 2003 e foi descredenciada por falta de prestação de contas”, afirmou à Agência Brasil o diretor de Saúde Indígena da fundação, Vanderlei Guenka.

A denúncia de resistência da atual direção ao diálogo com as comunidades também é falsa, conforme Guenka: “Representantes dos conselhos distritais de saúde, compostos por indígenas e trabalhadores, se reúnem quatro vezes por ano em Brasília com patrocínio da Funasa”.

O diretor ressaltou que apesar da atual estrutura de atendimento não ser a ideal, alguns indicadores como a redução da mortalidade infantil nas comunidades e o aumento da população indígena são positivos.

O modelo de atendimento à saúde indígena no Brasil é baseado em 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) espalhados pelo país, com responsabilidades por uma base territorial e populacional específica. As equipes médicas, entretanto, não têm vínculo permanente com a Funasa.

Segundo Guenka, 13 mil profissionais atuam hoje na atenção à saúde da população indígena, contratados por entidades conveniadas do terceiro setor. A intenção da Funasa é substituir todos eles até 2012 por funcionários ligados diretamente ao órgão estatal, por meio da realização de concurso público. O diretor admite a carência, apontada pela Coiab, de melhor preparo de médicos e assistentes para a função: “Estamos reorganizando o departamento e os distritos [de saúde indígena] para melhor capacitar esse profissionais”

Uma das principais reivindicações das comunidades, a autonomia financeira e administrativa para os distritos, a fim de desburocratizar o atendimento, também deve ser atendida. Segundo Guenka, a medida pode ser anunciada no próximo dia 19 de junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista.

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Para Tribunal de Contas, Funasa precisa de saneamento administrativo

9 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Uma auditoria concluída pelo Tribunal de Contas da União (TCU) apontou a existência de uma série de práticas administrativas irregulares na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), parte delas verificadas em convênios com organizações não-governamentais (ONGs) para assistência à saúde indígena.

A auditoria reforça críticas de comunidades indigenistas ao atendimento estatal e resultou em um acórdão do TCU do dia 16 de abril, que determinou à Funasa a apresentação de um plano de ação para o saneamento administrativo em 90 dias .

“O problema da Funasa é o todo. A máquina administrativa precisa ser aprimorada, pois há sinais claros de baixa eficiência. Não são questões pontuais. Tem gasto administrativo alto, frágil controle de pessoal , muita energia desperdiçada ao longo do processo”, afirmou o secretário de Fiscalização e Avaliação de Programas Governamentais do TCU, Luciano Danni.

Foi detectado, por exemplo, por meio de consulta a relatórios da fundação, que uma das entidades conveniadas, a Secoya (Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami), gastou R$ 2,99 milhões para cobrir despesas administrativas e apenas R$ 470 mil no atendimento direto aos índios.

“A Funasa já é muito custosa do ponto de vista administrativo e a baixa aplicação de recursos nas despesas finais é um indício de pouca eficiência no gasto público”, ressaltou o secretário. A conclusão dos técnicos do tribunal foi a de que, entre 2004 e 2006, para cada R$ 1 de recurso da Funasa aplicado no objetivo final – atendimento direto aos indígenas –, gastou-se, em média, R$ 1,83 para a operacionalização da área meio.

O diretor de saúde indígena da Funasa, Vanderlei Guenka, disse à Agência Brasil que a fundação “está atenta e obedecendo” as recomendações do órgão de controle externo. Informou ainda que os convênios com as ONGs que não prestaram contas adequadamente foram suspensos. “ Estamos buscando por meio de portarias melhorar o controle da aplicação de recursos, com acompanhamento mais no nível local”, ressaltou.

Uma medida usual na Funasa também criticada na auditoria do TCU é aquela chamada de "sobrestamento", que garante a continuidade do repasse de recursos para instituições conveniadas que não tiveram as prestações de contas parciais aprovadas, apenas com descontos em parcelas seguintes. “Esse é um procedimento sem amparo legal e deve ser abandonado”, resumiu Danni.

O TCU também detectou problemas na gestão de pessoal. A Funasa tem, segundo os técnicos do tribunal, mais de 24 mil servidores à disposição do Sistema Único de Saúde, sem que a administração tenha conhecimento exato do local para o qual os funcionários estão cedidos. “A cada solicitação nossa o número de funcionários informado muda”, criticou Danni.

Na direção da Funasa, a explicação para o alto número de servidores cedidos é de que isso ocorre pelo fato de a atribuição do controle de endemias ter sido descentralizado para estados e municípios. “A Funasa fica com o saneamento básico em municípios de pequeno porte e com a atenção integral à saúde dos povos indígenas”, observou Vanderlei Guenka.

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Índios acusam Funasa de omissão no atendimento às comunidades

9 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - Ao permitir a execução de serviços de atendimento à saúde indígena por organizações não-governamentais, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) transfere indevidamente a responsabilidade que lhe cabe. Essa é a avaliação da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) sobre a crise que levou ao acirramento de ânimos entre comunidades e o órgão de governo, com ocupações recentes de prédios públicos em protesto pela melhoria dos serviços prestados.

“O problema maior está no órgão que deveria executar políticas de saúde indígena, mas não se estruturou e não assumiu o papel de gestor. Ela [Funasa] se omite para ONGs, universidades e prefeituras, numa total incompetência e irresponsabilidade”, afirmou em entrevista à Agência Brasil o índio Jecinaldo Saterê Mawé, coordenador-geral da Coiab. Ele defende que ONGs atuem apenas em atividades de apoio, como compra de combustível, insumos e alimentação para equipes e pacientes. “As ONGs que cometem irregularidades devem ser banidas, mas não são justificativa para o caos da saúde indígena. A culpa é da própria Funasa que não se estruturou de forma adequada”, acrescentou Jecinaldo.

A Funasa reconhece a necessidade de adequações no sistema, apesar de desqualificar parte das críticas da Coiab. Promete ter equipe próprias completas até 2012 e encerrou nos últimos anos convênios com 44 entidades para assistência médica a índios, por suspeita de irregularidades. “Tem organizações que não tiveram contas aprovadas e foram substituídas, mas temos parcerias boas com várias organizações, que têm ajudado a melhorar a assistência e fazer cair a mortalidade infantil”, disse o diretor de Saúde Indígena da Funasa, Vanderlei Guenka .

O atual modelo de atendimento à saúde indígena no Brasil se baseia nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei). Cada uma das 34 unidades espalhadas pelo país tem a responsabilidade sanitária por uma base territorial e populacional específica. Mas a contratação das equipes médicas que lá atuam fica sob a responsabilidade de ONGs, mediante convênios. A ausência de vínculo dos profissionais com o Estado provoca distorções, segundo o representante da Coiab.

“A Funasa não consegue dar estabilidade para as equipes multidisciplinares nas terras indígenas. Há uma mudança repentina nas equipes e os recursos são muito pulverizados. Uma parte pela Funasa, outra parte pelas prefeituras e ainda organizações não-governamentais que não conseguem trabalhar de forma articulada”, diz Jecinaldo, para quem o modelo dos distritos é “muito bom no papel”, mas ruim na prática. “Quando tem médico, não tem insumos; quando tem insumos, não tem médico. Há uma completa falta de sintonia entre as várias responsabilidades”, acrescenta.

O relato do dirigente é que ao procurarem atendimento, muitos índios ainda se deparam com profissionais despreparados para lidar com situações típicas das comunidades: “O médico ou a equipe muitas vezes não sabe nada de saúde indígena. Tem conhecimentos técnicos como profissional, mas é insuficiente para atender o objetivo de uma população de cultura diferenciada. Tem que ter antes de ir para o território uma preparação e uma capacitação para o trato com as comunidades, fazer um concurso público diferenciado para as vagas.”

Uma das alternativas apontadas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) é concentrar recursos na formação de agentes indígenas de saúde dentro das próprias comunidades. O coordenador da Coiab concorda com a observação, mas considera providência fundamental para a melhoria dos serviços garantir autonomia administrativa e financeira aos distritos: “Os recursos estão centralizados em Brasília. Muitas vezes a burocracia tem sido responsável pela morte de indígenas. Por isso seria importante a descentralização para o distrito, transformando-o em unidade gestora, com participação mais forte do controle social exercido por agentes da própria comunidade.”

Segundo Jecinaldo Saterê Mawé, o governo “aparelhou” a Funasa com indicações políticas e não demonstra disposição em acolher propostas das comunidades para a melhoria dos serviços.

“A atual direção da Funasa é arrogante, preconceituosa, não respeita o direito do controle social, não abre debate com os povos indígenas. A saúde indígena hoje está retaliada nas mãos de partidos políticos, de pessoas que têm compromisso apenas com quem as indicam”, afirmou.

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Cimi considera que saúde e questões fundiárias motivam onda de protestos indígenas

1 de Junho de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - As recentes ocupações de prédios públicos e interdições de estradas promovidas por comunidades indígenas estão relacionadas a queixas de assistência deficiente em saúde e a conflitos pela ocupação de terras. Esta é a avaliação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que entende as ações como “legítimas” e sintomáticas, apesar de não serem fruto de um planejamento comum.

“Não temos registro de articulação nacional de luta dos povos indígenas contra determinado órgão público, mas a ocorrência de variadas manifestações coloca para o governo um desafio de aprimorar o que vem sendo feito na política indigenista”, afirmou o advogado do Cimi, Paulo Machado Guimarães. Ele ressaltou que a eventual ocorrência futura de manifestação articulada seria um avanço na luta das comunidades por seus direitos.

“Os índios estão exercendo um direito legítimo, de livre expressão, e nenhuma autoridade pública deve se surpreender com isso, pois tratam de problemas alertados há muito tempo”, acrescentou.

Um dos alvos preferenciais dos protestos indígenas tem sido a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Prédios do órgão foram ocupados esta semana em Cuiabá (MT) e Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Em abril, índios já haviam protestado na porta do Ministério da Saúde. As principais reclamações envolvem corpo clínico insuficiente e falhas na distribuição de medicamentos.

“Não existe carência de recursos orçamentários. Há um volume que o meio clínico considera suficiente e aí o problema é de gestão. Isso faz com que o atendimento na ponta passe a ser problemático”, disse Guimarães.

O advogado do Cimi lembra que há dificuldade em convencer profissionais de saúde a manterem atuação permanente em determinadas áreas indígenas. Os motivos são o trabalho em condições precárias, a dificuldade de acesso e exposição ao risco de contaminação de doenças. Uma das soluções apontadas, para a melhoria da assistência, seria o maior investimento governamental na formação de agentes de saúde das próprias comunidades. Segundo Guimarães, há experiências bem sucedidas em Roraima, com “medidas de cautela e prevenção” adotadas de forma eficiente pelos índios capacitados.

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Queimadas estão fora de terras indígenas e de unidades de conservação, diz pesquisador

4 de Junho de 2008 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - As Terras Indígenas (Tis) e Unidades de Conservação (Ucs) ajudam a deter queimadas e o desmatamento nas florestas brasileiras, principalmente na Amazônia. A avaliação é do pesquisador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Judicael Clevelário. Hoje (4), o IBGE divulgou o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável.

"É claro que há desmatamento e queimadas nessas terras, mas é muito menos intenso do que no entorno delas", disse Clevelário. "Elas [terra indígenas e unidades de conservação] funcionam para conter esse processo. O fogo quase sempre tem origem do lado de fora dos limites protegidos".

Segundo a publicação do IBGE, as queimadas no Brasil, que costumam anteceder o desmatamento, tiveram uma redução de 50% entre os anos de 2004 e 2006, o que não significa, entretanto, queda considerável da prática utilizada para renovação de pastagens e liberação de áreas para pecuária e agricultura.

De acordo com o Clevelário, o dado divulgado no estudo revela apenas uma interrupção do uso crescente e elevado das queimadas nas florestas brasileiras entre os anos estudados. Ele pondera também que a pesquisa não conta com números atualizados, que demonstram a retomada da prática.

"Os dados da pesquisa não estão subestimados. Na verdade, não estão completamente atualizados. Não calculamos 2007 e 2008", explicou.

Os mapas da pesquisa do IBGE divulgados hoje mostram também que a utilização das queimada está concentrada na região chamada de Arco de Desmatamento, que abrange o sul e o leste da Amazônia Legal e avança em direção ao centro da floresta.

Segundo Clevelário, o avanço está ligado às atividades agropastoris, influenciadas pelo preço dos produtos no mercado externo. Ele não polemiza com a questão, mas alerta para a falta de controle das queimadas, conseqüentemente do desmatamento, que implica risco de a Amazônia se transformar em Mata Atlântica.

"Não estamos dizendo que não vai haver desmatamento, mas precisamos controlar o processo", disse. "Corremos o risco de transformar a Amazônia em Mata Atlântica: áreas abandonadas, em processo de degradação ambiental e estagnadas na pobreza. Acho que não vale a pena repetir esse modelo de desenvolvimento".

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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