03 Jul
2008 - Faltando apenas quatro dias para a reunião
do G8 no Japão, nova pesquisa examina o desempenho
das nações do G8 e das cinco economias
mais emergentes do planeta e revela que os países
do G8 estão muito atrás na corrida
contra as mudanças climáticas.
O G8 Climate Scorecards 2008,
um relatório preparado pela consultoria independente
Ecofys, foi encomendado pela Rede WWF e pelo grupo
internacional Allianz. O relatório classifica
os países do G8 de acordo com nove indicadores
quantitativos como a comparação de
histórico de emissões passadas desde
11000 e o progresso em relação às
metas estabelecidas pelo Protocolo de Quioto. O
documento também avalia o desempenho em três
áreas de políticas públicas
como eficiência energética, energias
renováveis e o desenvolvimento de mercados
de carbono.
“Os resultados mostram que nenhum
país industrializado deve atingir as metas
de redução de emissões necessárias
para que o planeta não aqueça mais
que 2º C”, afirma Regine Günther, diretora
do Programa de Mudanças Climáticas
do WWF-Alemanha. “Nós temos de 10 a 15 anos
para que as emissões atinjam um pico e declinem.
O tempo está se esgotando."
O Dr. Joachim Faber, integrante
do conselho da Allianz SE, afirma: “Os países
do G8 têm a responsabilidade de liderar a
corrida contra as mudanças climáticas.
Eles precisam servir de exemplo para que o mundo
todo possa trilhar um caminho de desenvolvimento
com baixa emissão de gases de efeito estufa
e baseado em energias renováveis.”
A Allianz SE apóia a pesquisa
para ter melhor entendimento dos novos rumos dos
investimentos e das possíveis mudanças
nos marcos de regulamentações, bem
como de novas oportunidades de seguro e desenvolvimento
de fundos em seus diferentes mercados.
"As mudanças climáticas
podem criar boas oportunidades para as tecnologias
limpas, onde a Allianz SE vê um grande potencial
de investimento, crescimento e criação
de empregos. Para desenvolver este potencial, é
particularmente importante a promoção
de um mercado global de carbono", diz Dr. Faber.
Na reunião do G8 na próxima
semana, os líderes devem se comprometer com
metas obrigatórias de redução
de 80% até 2050 e o mais perto de 40% possível
até 2020, afirma o relatório.
"O mundo está numa
encruzilhada onde a ação decisiva
neste momento pode ser traduzida em sucesso econômico”,
diz Regine Günther. “Nós esperamos que
a presidência japonesa em Hokkaido consiga
fazer os países do G8 se comprometerem a
ter metas de reduções de emissões
significativas e compulsórias. O G8 deve
oferecer apoio tecnológico e financeiro para
o desenvolvimento com baixas emissões de
gases de efeito estufa e para medidas de adaptação
em países em desenvolvimento que sejam mensuráveis,
verificáveis e reportáveis.
Resumo das conclusões sobre
cada país:
De acordo com o G8 Climate Scorecards
2008, o Reino Unido lidera a corrida um pouco à
frente da França e da Alemanha, porém
os três países estão apenas
na metade do caminho onde deveriam estar.
O Reino Unido deve atingir a meta
de redução de gases de efeito estufa
estabelecida pelo Protocolo de Quioto e tem implementado
políticas inovadoras como a Lei de Mudanças
Climáticas. Porém, enquanto coloca
muita ênfase na abordagem do seu mercado de
carbono, faz muito pouco para acelerar o uso de
energias renováveis e eficiência energética.
Além do mais, a co-geração
de energia com base em carvão tem crescido
no mix energético do Reino Unido, o que eleva
suas emissões.
A França é colocada
como segundo país por causa de seus objetivos,
desempenho e posicionamentos internacionais atuais,
porém deixa a desejar em relação
a atingir suas metas no futuro próximo. Portanto,
a França corre o risco de perder sua alta
colocação no relatório do ano
que vem.
A Alemanha tem o melhor desempenho
no quesito energias renováveis e tem um quadro
regulatório que é referência
internacional. A Alemanha também aprovou
novos pacotes legislativos sobre eficiência
energética, energias renováveis e
políticas climáticas. Porém,
até o momento, falhou em combater a geração
de energia por carvão. Além disso,
existe uma tendência negativa e crescente
do setor elétrico em planejar a maior parte
das novas usinas com base em carvão e lignito,
afirma o relatório.
A Itália, quarta colocada,
já começou a fazer algum esforço
para discutir as mudanças climáticas
e o benefício de ter acordado com políticas
relevantes da União Européia. Porém,
poucas medidas nacionais específicas foram
implementadas e as emissões estão
bem acima das metas de Quioto. Sua colocação
é relativamente boa no aspecto eficiência
energética.
O Japão, em quinto lugar,
está aumentando suas emissões e está
bem longe de atingir as metas do Protocolo de Quioto.
O governo ainda tem que anunciar suas metas de redução
a médio prazo. É o segundo colocado
no quesito mercado de carbono por causa do grande
número de projetos dentro do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto, porém
faltam medidas mandatórias como medidas para
fomentar o mercado de carbono.
Bem atrás está a
Rússia, que perdeu sua vantagem inicial de
baixas emissões. Durante oito anos, as emissões
cresceram novamente. A Rússia planejou apenas
algumas poucas políticas nacionais e nenhuma
foi implementada. Um anúncio recente do governo
para aumentar drasticamente a eficiência energética
pode influenciar sua posição nos próximos
relatórios.
Os últimos lugares da corrida
ficaram com o Canadá e os EUA, nas colocações
7 e 8, respectivamente. Isto não é
surpresa devido aos aumentos das emissões,
ao fato de serem economias energointensivas e de
terem falhado em melhorar seus potenciais de eficiência
energética. Porém, ainda há
esperança: A legislação dos
EUA para cortar emissões é iminente
e os negócios estão sendo preparados
para a nova commodity do mercado, com potencial
de transpassar as fronteiras continentais. Enquanto
as duas administrações federais não
estiverem apoiando soluções que visem
o combate às mudanças climáticas,
iniciativas locais podem ajudar a melhorar suas
posições para a próxima edição
do scorecards.
O relatório também
analisa as políticas de clima e energia das
cinco economias emergentes: Brasil, China, Índia,
México e África do Sul. Estes países
não podem ser pontuados com os mesmos critérios
usados para posicionar os países industrializados
e, portanto, não são parte do ranking.
O documento revela grandes diferenças entre
estes países em termos de desenvolvimento,
mix energético e emissões. Uma pergunta-chave
é como os países industrializados
vão ajudar estas cinco nações
a crescerem rumo a um desenvolvimento com baixas
emissões de gases de efeito estufa.
+ Mais
ONGs ambientalistas discutem com
Carlos Minc Pacto pela Valorização
da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia
01 Jul 2008 - Brasília
– Representantes de organizações não-governamentais
ambientalistas foram recebidos nesta terça
(01.07.2008) pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, para apresentar uma agenda prioritária
para a implementação do Pacto pela
Valorização da Floresta e pelo Fim
do Desmatamento na Amazônia Brasileira, lançado
em 2007. O ministro demonstrou disposição
em incluir as ações do Pacto entre
as prioridades do Ministério e anunciou medidas
que reforçam a pauta apresentada pelas ONGs.
As três questões
apontadas como emergenciais pelas organizações
são a estruturação dos sistemas
de cadastramento fundiário e ambiental, a
adoção do Pacto no âmbito do
Plano Nacional de Mudanças Climáticas
e o estabelecimento de um processo participativo
para implementar o fundo para a redução
do desmatamento na região amazônica.
De acordo com Adriana Ramos, do
Instituto Socioambiental (ISA), entidade signatária
do Pacto, as prioridades apresentadas são
fundamentais para que a agenda de combate ao desmatamento
não se restrinja às ações
de fiscalização e repressão
às atividades ilegais. “É importante
assegurar condições para a regularização
fundiária na Amazônia e para valorização
da floresta em pé”, afirmou.
O ministro destacou que ações
conjuntas com o Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) estão em andamento para
reorganizar os processos de reforma agrária
na Amazônia e adequar os cadastros fundiários
na região. Ele também confirmou a
criação do Fundo Amazônia, de
apoio a ações para redução
do desmatamento, com participação
de representantes do governo, movimento social,
ONGs e setor produtivo.
As ações apresentadas
por Carlos Minc foram avaliadas como positivas pelos
representantes das organizações signatárias
do Pacto. “Boa parte das demandas que apresentamos
fazem parte da agenda destacada hoje pelo ministro.
Os projetos em que o Ministério do Meio Ambiente
está trabalhando casam com as propostas do
Pacto”, concluiu Adriana Ramos.
O Pacto pela Valorização
da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia
Brasileira, lançado no Congresso Nacional
em outubro do ano passado, busca estabelecer um
amplo compromisso entre diversos setores do governo
e da sociedade brasileira que permita adotar ações
urgentes para garantir a conservação
da floresta Amazônica.
As organizações
participantes são Amigos da Terra-Amazônia
Brasileira, Conservação Internacional
(CI), Greenpeace, Instituto Centro de Vida (ICV),
Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia
(Imazon), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
(Ipam) Instituto Socioambiental (ISA), The Nature
Conservancy (TNC) e WWF-Brasil.