10 de
Julho de 2008 - Luana Lourenço - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - O Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) multou a mineradora Vale
em mais de R$ 5 milhões por depósito
e venda ilegais de madeira em Paragominas, sudeste
do Pará.
De acordo com o Ibama, a Vale
comercializou 9,5 mil metros cúbicos de madeira
in natura e mantinha outros 612 metros cúbicos
de madeira, em toras, num depósito. A quantidade
é suficiente para encher 15 caminhões.
A companhia também foi
autuada por não apresentar registro no Cadastro
Técnico Federal (CTF) do Ibama e não
ter apresentado os relatórios do CTF referentes
aos anos de 2006 e 2007.
Em nota, o Ibama disse que a Vale
“precisa desmatar muitas áreas verdes para
avançar suas frentes de lavra e essa atividade
gera volumes de madeira de diversas essências”.
+ Mais
Diretor da Vale diz que multas
foram mal-entendido
10 de Julho de 2008 - Luana Lourenço
- Repórter da Agência Brasil - Brasília
- O diretor de Sustentabilidade da Vale, Luiz Claudio
Castro, contestou hoje (10) as multas de mais de
R$ 5 milhões aplicadas pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Ele afirmou que um “erro técnico”
da empresa teria levado a distorções
encontradas pelo Ibama.
“Foi um erro técnico associado
a um inventário florestal de 2005, um equívoco
lamentável que gerou um mal-entendido”.
Em 2005, a Vale obteve autorização
da Secretaria de Meio Ambiente do Pará para
retirar até 11 mil metros cúbicos
de madeira, no entanto, retirou menos de um quarto
desse total, segundo a mineradora.
“O Ibama presumiu que o fato de
ter um inventário florestal autorizando a
retirada de 11 mil metros cúbicos e terem
encontrado 2,7 mil metros cúbicos, significa
que teríamos vendido os demais. Mas isso
não aconteceu. Não é essa a
linha de atuação da Vale. Não
vivemos de madeira”, disse Castro em entrevista
por telefone.
Na avaliação do
responsável pela operação do
Ibama, Paulo Maués, o possível "erro
técnico" não justifica a divergência
encontrada pelos fiscais.
"Se a Vale apresentou esse
dado para o órgão ambiental do estado
para obter autorização, então
houve má-fé da empresa e ela vai ter
que responder por isso", argumentou à
Agência Brasil.
O inventário, segundo Castro,
é feito por amostragem, e considera 14% da
área total de 358 hectares do empreendimento
de mineração de bauxita. “O inventário
é como um senso demográfico, só
que a amostra escolhida na ocasião estava
muito longe de ser semelhante ao todo, o que gerou
distorções e a discrepância
de números. Era muito concentrada”.
Segundo o coordenador do Ibama,
"até que se prove o contrário,
está faltando madeira lá".
Na avaliação do
diretor da Vale, o Ibama “foi muito cartesiano”
na ação. Castro anunciou que a mineradora
irá contratar uma empresa independente para
refazer o inventário e, inclusive, verificar
se há falhas em outros documentos para empreendimentos
da Vale na região.
“Vamos sentar com o Ibama, mostrar
os números, demonstrar o que aconteceu, ouvir
os pontos de vista. Temos certeza que a multa será
cancelada”, disse. “Eventualmente iremos recorrer
administrativamente”, acrescentou.
Segundo Paulo Maués, "não
há nenhuma hipótese" de cancelamento
imediato da autuação.
"A multa só pode ser
cancelada por meio de processo administrativo",
frisou. "Se houve apresentação
de dados errados, a empresa vai ter que se explicar
judicialmente", acrescentou.
A Vale informou que os responsáveis pelo
“mal-entendido” foram desligados da empresa.