14 de
Julho de 2008 - Paula Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Ao relembrar
as discussões e a participação
do Brasil na reunião de cúpula do
G8 – grupo dos sete países mais industrializados
do mundo e a Rússia, ocorrido no Japão
na última semana – o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse hoje (14) que fez questão
de ressaltar aos parceiros presidentes a necessidade
de a questão ambiental deixar de ser discutida
de forma “genérica”.
O presidente destacou, durante
o programa semanal de rádio Café com
o Presidente, que 64% das florestas brasileiras
estão “intocáveis”, enquanto um estudo
mostra que dos 28 bilhões de toneladas de
gás carbônico emitidas na atmosfera
em 2005, os Estados Unidos, sozinhos, foram responsáveis
por 21% e a China, por 18%.
De acordo com Lula, o Brasil possui
85% de energia elétrica “limpa”, além
de um estoque de 46% de energia renovável.
Ele lembrou que o país já usa 25%
de etanol na gasolina comercializada e 2% de biodiesel
no óleo comercializado - na verdade, são
3% desde 1º de julho, segundo resolução
do Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE).
“E as pessoas não querem
discutir números. Eu quero discutir números,
porque o Brasil, neste aspecto, é um dos
países que menos polui. Os países
que estão se industrializando agora têm
menos responsabilidade. Senão, fica um debate
genérico, os ricos tentando jogar a culpa
em cima dos pobres, dizendo que os biocombustíveis
são responsáveis pelo preço
dos alimentos e pela poluição.”
A segurança alimentar,
segundo Lula, também é discutida genericamente
pelos líderes do G8. Ele acredita em uma
“especulação do alimento” e, ao rebater
as acusações que recaem sobre os biocombustíveis,
questionou qual o real custo do petróleo
nos preços dos alimentos.
Lula comentou ainda a recém-aprovada
lei de imigração européia e
destacou que “coisas que são do interesse
do Brasil e de outros países mais pobres”
também deveriam ter entrado na pauta de discussões
da cúpula. Segundo ele, a União Européia
tem aprovado, cada vez mais, leis que dificultam
a vida dos imigrantes pobres.
“Fiz questão de dizer pra
eles [líderes de Estado] que quero que os
brasileiros tenham, no exterior, o tratamento que
nós damos aqui aos estrangeiros. O que nós
queremos é que os brasileiros lá fora
sejam tratados com respeito, levando em conta a
questão dos direitos humanos, e não
tratados como se fossem delinqüentes.”