Amazônia
- 23/07/2008 - Uma equipe de pesquisadores coordenada
pela doutora em entomologia Neusa Hamada, do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT),
concluiu a primeira fase de coleta de material para
o trabalho de levantamento de insetos aquáticos
da Amazônia. O objetivo dos pesquisadores
é elaborar um inventário e produzir
um catálogo com os insetos aquáticos
da região.
De acordo com Hamada, não
há no Brasil nenhum trabalho de identificação
e descrição dos insetos que vivem
em ambiente aquático. O livro mais usado
pelos estudiosos da entomologia (ciência que
estuda os insetos) no País foi feito nos
Estados Unidos na década de 1970. “Todos
os livros que temos para identificação
de insetos aquáticos são da América
do Norte ou de outros países da América
do Sul. Não temos um texto que possa ser
utilizado pelos estudantes da graduação
e pesquisadores para identificar esses insetos e
até famílias, que é o nível
básico de identificação”, ressaltou.
A equipe, formada por 15 pesquisadores
de diversas universidades do País e 20 estudantes
de graduação e pós-graduação,
trabalhou nos últimos 12 meses na coleta
de insetos em igarapés dos municípios
de Novo Airão, Manacapuru, Rio Preto da Eva,
Presidente Figueiredo, Iranduba e Manaus. Um grupo
pretende concluir a coleta em Barcelos, onde serão
estudados igarapés do Parque Estadual Serra
do Aracá. Nessa região do estado do
Amazonas, foram identificados vários ecossistemas,
como terra firme, várzea, ilhas, campos de
altitude, cordões arenosos, palmeirais, alagados
e campinas. “Nessa expedição em Barcelos
esperamos encontrar bastantes espécies novas,
porque é uma área bem diferente da
região do entorno de Manaus”, afirmou Hamada.
O projeto é um dos quatro
selecionados pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam)
e aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq/MCT),
no Programa de Apoio a Núcleos de Excelência
(Pronex), em 2007, e têm duração
de quatro anos, com investimento de R$450 mil em
auxílio-pesquisa.
Além do livro para estudos
acadêmicos, a equipe de pesquisadores pretende
elaborar material didático com o objetivo
de popularizar a ciência, como prevê
o título do projeto: “Insetos aquáticos:
biodiversidade, ferramentas ambientais e a popularização
da ciência para melhoria da qualidade de vida
humana no Estado do Amazonas”.
A pesquisadora Hamada, do Inpa,
explica que a popularização inclui
produtos mais voltados para alunos do ensino médio
e fundamental. “Pretendemos fazer vídeos
da biologia dos bichos e de como é o trabalho
de um entomólogo no campo. Também
queremos fazer jogos interativos, para que eles
apreendam, brincando, a importância dos insetos
no ambiente. Se for possível, ainda, queremos
fazer alguns livros ou cartilhas de divulgação
mais popular dos insetos aquáticos”.
Esses produtos, no entanto, ainda
vão demorar a chegar ao público alvo,
porque a pesquisa está no início.
Depois da coleta, feita em 60 igarapés (dez
em cada município), a equipe precisa separar
os insetos dos demais organismos. “Durante a coleta,
não é possível selecionar só
os insetos. Esse é um trabalho monstruoso
que precisamos fazer no laboratório, com
a ajuda de microscópios”, explica Hamada.
Nesse trabalho, a equipe pretende
catalogar uma série de novos insetos, até
então desconhecidos da ciência. “Ainda
não é possível afirmar quantos
insetos iremos catalogar nem quantos novos insetos
serão descritos, mas não temos dúvidas
de que muitos insetos encontrados ainda não
têm descrição na literatura”,
afirmou Hamada.
Informações com Valmir Lima, da Agência
Fapeam
Assessoria de Comunicação do MCT
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Fruto pode ser alternativa de
renda e emprego para ribeirinhos da Amazônia
Desenvolvimento Sustentável
- 23/07/2008 - A Pseudobombax munguba, ou munguba,
nome popular, pode ser a mais nova alternativa de
geração de emprego e renda para populações
ribeirinhas da Amazônia. A árvore cresce
em regiões alagáveis da Amazônia
e tem uma capacidade de germinação
em torno de 95%. Em menos de cinco anos a espécie
torna-se fértil e chega a produzir 200 frutos,
que gera uma fibra que pode ser usada na fabricação
de travesseiros e outros tipos de produtos. De acordo
com as pesquisas, a fibra não é perecível
e o tempo de vida é de no mínimo cinco
anos. Outro diferenciado importante está
no fato de ser um produto não alérgico,
e ideal para o clima úmido.
Foram essas características
que despertaram a atenção do cientista
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT), Juan Revilla, para o potencial na geração
de renda para caboclos e ribeirinhos do município
de Manaquiri, localizado a 60 quilômetros
ao Sul de Manaus, à margem esquerda do rio
Negro.
Por meio de um projeto desenvolvido
em parceria com o Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM),
o pesquisador fez um levantamento sobre o potencial
econômico e produtivo do fruto. O resultado
foi positivo e agora ele está tentando sensibilizar
os moradores para o uso da fibra na geração
de renda. Revilla explicou que o objetivo é
somar esse projeto a outros já desenvolvidos
no local. Ele cita a implementação
e instalação do pólo de extração
de óleos essenciais, com o qual colaborou.
O projeto com munguba teve início
há três anos. Revilla analisou o potencial
produtor das árvores, mudas, processo de
colheita. De acordo com ele, a fibra pode ser utilizada
na produção de travesseiros, almofadas,
bonecos, colchões, e o fruto incorporado
na alimentação por meio da produção
de paçoca e outros alimentos. "A região
tem tradição em uso de fibras de munguba
para confecção de vários produtos,
contudo foi abandonada com a introdução
da fibra sintética. Agora, estamos tentando
resgatar a tradição junto às
comunidades. Além de contribuir para a melhoria
da vida, a técnica ajudará a amenizar
os impactos do desmatamento e da destruição
da floresta", alertou.
Revilla explicou que com a comercialização
da fibra é possível incentivar os
moradores a fazer o plantio de mudas em áreas
desmatadas. Ele ressalta também que há
o apelo ambiental em relação à
dispersão das sementes pelo vento, as quais
são consumidas por peixes e pássaros.
Produção
Durante os testes de viabilidade econômica,
o pesquisador destacou que foi possível coletar
mais de 20 mil frutos e obter cerca de 500 quilos
de fibra. Com a matéria-prima foi possível
produzir 500 travesseiros de diferentes modelos,
além de bonecos e colchões. "Estamos
tentando estimular um fundo para compra da fibra.
Nosso objetivo é montar no centro de Manaquiri
um posto de coleta, mas dependemos de recursos externos",
lamentou.
Para Revilla, não adianta
toda a pesquisa se os moradores não se sensibilizarem
sobre o potencial da fibra. Outro ponto abordado
é a necessidade de treinamento para a colheita
(época certa), manuseio do fruto, armazenamento,
confecção e venda dos produtos. "Em
uma das comunidades, os moradores já passaram
por um treinamento. Talvez isso ainda não
aconteceu porque eles estão envolvidos no
processo de produção dos óleos,
contudo queremos agregar valor’, ressaltou.
A idéia, segundo Revilla,
é utilizar a produção de óleos
essenciais com "aromas regionais" para
acompanhar os travesseiros e dar um apelo amazônico.
"Na região Sul já são
produzidos travesseiros aromáticos. Fizemos
um levantamento em feiras de São Paulo e
chegamos à conclusão que um travesseiro
aromático custa em média de R$ 20
a R$ 30, e o colchão deve passar dos R$ 300",
informou.
Assessoria de Comunicação do Inpa
+ Mais
Ações educativas
do Museu Goeldi ajudam a resgatar e preservar a
cultura da Amazônia
Preservação Ambiental
- 21/07/2008 - O Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG/MCT), em Belém (PA), realiza ações
educativas com as comunidades da área de
influência da Mineração Rio
do Norte (MRN), em Oriximiná, oeste do estado.
O projeto busca esclarecer a importância da
preservação do patrimônio ambiental
e cultural da região, além de realizar
oficinas de Arte e Ciência junto às
comunidades quilombolas Moura e Boa Vista e ribeirinha
Lago Batata.
O projeto é desenvolvido
desde 2001, em área de extração
da bauxita, onde foram encontrados vestígios
arqueológicos pré-históricos.
A parceria entre o Museu Goeldi e a MRN abre oportunidade
ao estudo arqueológico sistemático
referente à ocupação pré-histórica
na Amazônia, além de orientar as populações
locais a valorizar e preservar o meio ambiente e
o patrimônio cultural da região.
Um dos principais resultados do
projeto é o resgate da prática quase
esquecida de manufatura da cerâmica, até
então praticada só por três
mulheres das comunidades. Com a iniciativa do projeto,
hoje cerca de 50 pessoas praticam a atividade, proporcionando
uma alternativa de geração de renda.
Além disso, o projeto sensibilizou a comunidade
no sentido de preservar os sítios arqueológicos
da região.
SBPC
Para apresentar um pouco dessa experiência,
o Museu Goeldi convidou o artesão José
Lopes, da comunidade quilombola Moura, para mostrar
as técnicas de fabricação de
cerâmica na 60ª Reunião Anual
da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), na Exposição de Tecnologia
e Ciência (Expo T&C) 2008, promovida pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT),em Campinas (SP).
Lilian Bayma - Agência Museu Goeldi