Panorama
 
 
 

PROGRAMA DE RPPNs DA MATA ATLÂNTICA ANUNCIA RESULTADO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2008

Foram selecionados no VI edital projetos de oito estados que visam à criação individual e em conjunto de RPPNs, além da elaboração do plano de manejo

São Paulo, 24 de julho de 2008 — O Programa de Incentivo às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) da Mata Atlântica, coordenado pela Aliança para a Conservação da Mata Atlântica (uma parceria entre as ONGs Fundação SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional) e a The Nature Conservancy (TNC), traz o resultado do seu VI Edital, que destinará R$ 535 mil aos 39 projetos selecionados - 23 de criação individual das reservas, seis em conjunto e 10 de elaboração de plano de manejo. “Neste ano foram recebidas 97 propostas, número recorde na história do Programa, o que demonstra o crescente interesse por parte dos proprietários de terra na criação e implementação de RPPNs. Devido ao grande número e à qualidade das propostas recebidas, o processo de seleção foi um grande desafio”, explica Erika Guimarães, coordenadora da Aliança para a Conservação da Mata Atlântica e do Programa de Incentivo às RPPNs. Os organizadores contam com recursos provenientes da Bradesco Cartões.

Em 2008 o número de propostas recebidas aumentou 83% em relação ao ano passado. Das 97, 42 foram para a criação individual de reservas, nove voltadas para a criação em conjunto e 46 para a elaboração e implementação do plano de manejo. Os projetos selecionados neste edital abrangem os estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, localizados nas regiões do Corredor da Serra do Mar, no Corredor Central da Mata Atlântica, no Corredor do Nordeste e na Ecorregião Florestas com Araucária. As propriedades contempladas no edital devem ampliar 4.500 hectares de área protegida por meio da criação das novas reservas e apoiar o plano de manejo de 2.000 hectares em RPPNs existentes na floresta mais ameaçada do País.

Os corredores são uma estratégia de conservação utilizada desde o início do programa para a proteção da biodiversidade em diferentes escalas, buscando a representação de diferentes ecossistemas, o manejo integrado da rede de unidades de conservação, contribuindo para manter ou incrementar a conectividade da paisagem. As estimativas indicam que, se adequadamente manejados, esses corredores podem, coletivamente, proteger 75% das espécies ameaçadas da Mata Atlântica.

De acordo com a coordenadora do Programa de Reservas Privadas da TNC, Giovana Baggio, os projetos de criação de RPPNs apoiados pelos Editais têm sido fundamentais para ampliar a área protegida em regiões prioritárias para a conservação e o apoio aos planos de manejos vem fortalecer ainda mais este trabalho. “O apoio dado aos projetos tem sido de grande valia, principalmente, por disseminar o conceito de conservação em toda a Mata Atlântica trazendo, desta forma, uma influência positiva para a região”, avalia.

Este é a primeira vez que um edital apóia projetos de elaboração de plano de manejo, uma importante ferramenta para a gestão e consolidação das reservas a longo prazo. “Hoje nenhuma RPPN na Mata Atlântica tem seu plano de manejo aprovado conforme o roteiro metodológico de 2004, os projetos apoiados nesse edital constituem um grande laboratório de planejamento para as reservas. O número de projetos recebidos demonstra que existe interesse por parte dos proprietários mas faltavam recursos financeiros para isso, ressalta Monica Fonseca, especialista em áreas protegidas da CI-Brasil.

O Programa tem contribuído para aumentar em quase 50% o número de RPPNs no Bioma, mostrando, por um lado, o interesse de proprietários de terra com a conservação e, por outro, o grande potencial dessa categoria de Unidades de Conservação para fortalecer as políticas de proteção da Mata Atlântica.

Propostas selecionadas pelo VI Edital:

Criação individual
RPPN EK TRÊS RIOS – SC
RPPN Sentinela da Serra- SC
RPPN Luiz Caxeiro – ES
RPPN Linda Patrícia – ES
RPPN Olívio Daleprani – ES
RPPN Barro Branco – ES
RPPN Tico Tinga – BA
RPPN Sítio Preservação – ES
RPPN Alto Gururu – ES
RPPN Rancho Letty – BA
RPPN em Potiraguá (Preserva) – BA
RPPN Cachoeira de Roça Grande – MG
RPPN Jurerê – MG
RPPN Serra do Ribeirão – MG
RPPN Retiro do Joka – MG
RPPN Serra dos Lobos – MG
RPPN em Antonina – PR
RPPN Vipassana – RJ
RPPN Sitio da Luz – RJ
RPPN Cachoeiras dos Ribeiros – MG
RPPN Jussara – SP
RPPN Serra dos Itatins – SP
RPPN Recanto da Floresta- SP

Em conjunto
Criação de 05 RPPNs, Instituto Nossa Casa – SC
Criação de 05 RPPNs, Preservação – PR
Criação de 06 RPPNs, Instituto Água Boa – BA
Criação das RPPN Resgate V e VI, Fundação Vida e Meio Ambiente – MG
Criação de 02 RPPNs em Além Paraíba, Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental – MG
Criação de 11 RPPNs no RJ, Associação do Patrimônio Natural – RJ

Plano de Manejo
RPPN Tarumã – PR
RPPN Leão da Montanha – SC
RPPNs Moreira Salles e Santo Antonio – PR
RPPN Três Pontões – ES
RPPN Paraíso- BA
RPPN Reserva Natural Brejo- PE
RPPN São Benedito- RJ
RPPN Rio das Lontras- SC
RPPN Mitra do Bispo- MG
RPPN Alto Gamarra- MG

Sobre o Programa

A iniciativa foi lançada em 2003, com recursos do CEPF (Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos) e do Bradesco Cartões, para apoiar projetos de criação e gestão de RPPNs nos Corredores da Serra do Mar e Corredor Central da Mata Atlântica. Os projetos são apoiados por meio de editais lançados periodicamente e esta foi a primeira linha de financiamento no Brasil a atuar diretamente em projetos de proprietários de reservas (pessoa física), com o mínimo de burocracia.

Em 2006, a parceria foi estendida à The Nature Conservancy (TNC) e passou a contar também com patrocínio do Bradesco Capitalização, o que permitiu ao Programa ampliar sua área de atuação para o Corredor do Nordeste e a Ecorregião Floresta com Araucária, além do lançamento de uma nova linha de financiamento de projetos por meio de Demanda Espontânea. “A parceria nasceu da necessidade de integrar os esforços de conservação em terras privadas que já vinham sendo desenvolvidos pelas três instituições e aumentar a escala e efetividade de conservação num dos biomas mais importantes do mundo. Decidimos então focar os esforços no aumento do número das RPPNs, mas também na capacitação e fortalecimento dos principais atores envolvidos em conservação de terras privadas, buscando instrumentos econômicos e políticas públicas para garantir a sustentabilidade das RPPNs”, afirma Miguel Calmon, responsável pelo Programa de Conservação da Mata Atlântica da TNC.

O tamanho médio das RPPNs é bastante reduzido nesse Bioma, já que mais da metade (54%) tem áreas menores que 100 hectares. Mas, juntas, as quase 500 RPPNs decretadas até 2007 no Bioma cobrem mais de 100 mil hectares, representando uma chance única de engajamento no processo de conservação em terras privadas. As RPPNs são importantes também para proteger o entorno de unidades públicas como parques e reservas biológicas, reduzindo a pressão externa, além de contribuir para a conservação de inúmeras espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica como o mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas) e o papagio-chauá (Amazona rhodocoryta), entre outras.

Sobre a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica e a TNC

A Aliança para a Conservação da Mata Atlântica nasceu em 1999, quando a Fundação SOS Mata Atlântica e a Conservação Internacional (CI-Brasil) firmaram essa parceria como forma de aumentar a escala e potencializar suas atuações a favor do Bioma. A principal missão da Aliança é contribuir para o fortalecimento do sistema de áreas protegidas na Mata Atlântica, reverter a perda de biodiversidade e estabelecer uma estratégia de comunicação e educação que contribua com os desafios de conservação. Em 2006, a ONG The Nature Conservancy (TNC) passa a ser parceira da Aliança no Programa de RPPNs, expandindo as ações em favor das reservas particulares, aumentando a área abrangida originalmente, a escala de trabalho, os investimentos e resultados para a conservação da Mata Atlântica.

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CI-Brasil, Biotrópicos e Criadores de Mangalarga firmam acordo

Parceria entre a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador, CI-Brasil e Instituto Biotrópicos pretende atingir 22 mil criadores de Mangalarga Marchador no país, visando à adequação de propriedades rurais à legislação ambiental

Belo Horizonte, 24 de julho de 2008 — Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) e as ONGs Conservação Internacional (CI-Brasil) e Instituto Biotrópicos firmaram na tarde do dia 20 de julho, durante a abertura oficial da 27ª Exposição Nacional do Mangalarga Marchador promovida pela ABCCMM em Belo Horizonte, acordo de cooperação para o desenvolvimento de ações voltadas para a conservação e a sustentabilidade ambiental de propriedades privadas localizadas na Cadeia do Espinhaço e na Serra da Mantiqueira, ambas no estado de Minas Gerais. O projeto tem como público-alvo os mais de 22 mil criadores de Mangalarga Marchador associados à ABCCMM. Ao longo dos próximos cinco anos, serão desenvolvidas ações de comunicação e de apoio técnico para a adequação de propriedades rurais à legislação ambiental e a definição de estratégias para sua certificação.

“A sustentabilidade econômica dos negócios deve estar alinhada à sustentabilidade ambiental dos mesmos”, diz Magdi Shaat, presidente da ABCCMM. Para Shaat, em longo prazo a manutenção das atividades de conservação e a gestão das propriedades irão requerer o desenvolvimento de mecanismos de compensação ou de certificação que agreguem valor aos cavalos criados em propriedades ambientalmente responsáveis. O presidente explica que um dos objetivos do projeto é criar mecanismos para certificar fazendas que além de cumprirem o Código Florestal, desenvolvam ações de conservação da biodiversidade. “Esse será um grande diferencial”, diz.

Segundo Ricardo Machado, diretor do programa Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, há alguns protocolos de certificação de produtos, mas que abordam indiretamente a conservação da biodiversidade, como o da Rede de Agricultura Sustentável e o da Rainforest Alliance. Esses protocolos, no entanto, não explicitam aspectos relacionados à conservação de espécies endêmicas do Brasil ou das ameaçadas de extinção nas propriedades privadas e concentrando-se somente no cumprimento do Código Florestal. “Com a implantação do projeto iremos definir junto com a ABCCMM os parâmetros e firmar parcerias com instituições capacitadas para a certificação das propriedades do ponto de vista não apenas legal, mas também de conservação da biodiversidade”, afirma. Machado explica que o papel de certificar as propriedades não caberá aos três parceiros, mas sim a entidades especializadas ainda a serem definidas. “Nosso objetivo é munir os criadores de cavalos Mangalarga Marchador com informações e apoio técnico suficientes para que eles se adaptem à legislação ambiental, além de promover ações de conservação da biodiversidade para que consigam a certificação de suas propriedades”, aponta. Ele esclarece que o papel das ONGs será fornecer subsídios técnicos para que as instituições certificadoras elaborem os parâmetros para a criação da certificação de fazendas que contribuem com a conservação da biodiversidade. “Com isso, a certificação não ficará restrita apenas às propriedades que criam cavalos”, completa Machado.

Conservação em grande escala - A criação de cavalos Mangalarga Marchador gera mais de 43 mil empregos diretos e 200 mil indiretos no país e movimenta mais de R$ 2,8 bilhões por ano, principalmente nos cerca de cem eventos realizados no Brasil anualmente, desde exposições a concursos de marcha. “Com essa parceria pretendemos ganhar escala nas ações de conservação que desenvolvemos na região”, afirma Machado, ressaltando o fato de que um número expressivo de criadores está situado em áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade do Cerrado e da Mata Atlântica.

Joaquim Silva, superintendente do Instituto Biotrópicos, ressalta que não há no Brasil recursos públicos suficientes para promover a conservação da biodiversidade. “Considerando que a maior parte das terras do Cerrado e da Mata Atlântica está em mãos de particulares, necessariamente a conservação da região requer o diálogo e o planejamento participativo entre o setor privado, o governo e a sociedade civil”, diz. Por esses motivos, explica Silva, o projeto prevê ações de comunicação para mobilizar os criadores de cavalos Mangalarga Marchador e todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a atividade.

A parceria prevê ainda a criação de um banco de dados georeferenciado com os limites das propriedades rurais e a localização das reservas legais a partir de informações fornecidas pelos associados da ABCCMM interessados em aderir ao projeto. A partir desse levantamento, ações específicas serão traçadas para adequar as propriedades à legislação ambiental. O objetivo é também fornecer orientações técnicas para a recomposição, a adoção de práticas de manejo e a preservação das reservas legais e das Áreas de Proteção Permanente (APP) nas fazendas. Além dessas ações, o projeto prevê a implantação de um programa de monitoramento da biodiversidade regional com ênfase em espécies indicadoras de qualidade ambiental e nas ameaçadas de extinção e a adoção de medidas de proteção e de manejo sustentável da biodiversidade.

Sobre a Conservação Internacional
A Conservação Internacional (CI) foi fundada em 1987 com o objetivo de conservar o patrimônio natural do planeta - nossa biodiversidade global - e demonstrar que as sociedades humanas são capazes de viver em harmonia com a natureza. Como uma organização não-governamental global, a CI atua em mais de 40 países, em quatro continentes. A organização utiliza uma variedade de ferramentas científicas, econômicas e de conscientização ambiental, além de estratégias que ajudam na identificação de alternativas que não prejudiquem o meio ambiente. A Conservação Internacional (CI-Brasil) tem sede em Belo Horizonte - MG. Outros escritórios estão estrategicamente localizados em Brasília-DF, Belém-PA, Campo Grande-MS, Salvador-BA e Caravelas-BA.
Assessoria de Imprensa:
ABC Comunicação
Amanda Ribeiro

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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