27 de
Julho de 2008 - Morillo Carvalho - Enviado especial
- Roosewelt Pinheiro/Abr - Alto Paraíso de
Goiás (GO) - O artista plástico Moacir
Soares participa do 8º Encontro de Culturas
Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que faz a
população do vilarejo de São
Jorge ficar dez vezes maior
Alto Paraíso de Goiás (GO) - Ele é
uma atração à parte no 8º
Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos
Veadeiros, evento que ocorre no povoado de São
Jorge até o dia 2 de agosto. Sua casa chama
atenção. Logo à entrada do
pequeno vilarejo, afastado cerca de 40 km do município
de Alto Paraíso de Goiás (GO), a casa
de Moacir Soares tem nas paredes as marcas da intervenção
colorida do artista.
Cerca de 5 mil pessoas passarão
pelo povoado nos 15 dias do encontro e a casa de
Moacir não pára de receber visitantes,
curiosos por conhecer sua obra.
Chamado de "artista do Cerrado",
Moacir tem 45 anos de idade e nunca saiu do povoado.
A arte que desenvolve é semelhante à
naiff, aquela cujas obras parecem ter sido desenhadas
por crianças, mas ele nunca freqüentou
escola alguma.
Na verdade, Moacir mal fala, pois
é na arte que encontrou a melhor forma de
se expressar. Para conseguir entender um pouco sobre
o artista, é preciso conversar com sua mãe,
dona Maria Apolinário.
“Ele desenha desde antes dos 7
anos completos. Começou do nada, e ficava
bravo porque eu não tinha condições
de comprar os materiais pra ele”, conta Maria.
A mãe do artista mudou-se
para São Jorge em busca de emprego no garimpo
“há muito tempo”, tanto, que nem se lembra
há quanto. Aliás, moradores mais antigos
como ela contam que foi desta forma que chegaram
os primeiros habitantes do local, no início
do século passado. Cravado na Chapada dos
Veadeiros, São Jorge fica numa região
rica em cristais.
“Desde pequeno ele é desse
jeito”, conta dona Maria, questionada sobre a dificuldade
de expressão do filho. Segundo o site da
Casa de Cultura de São Jorge, que é
o ponto de cultura responsável por organizar
o Encontro de Culturas Tradicionais, Moacir evitava
o convívio social quando criança e,
por isso, as pessoas o consideravam louco (esquizofrênico).
No entanto, ele já foi submetido a vários
exames que constataram sua sanidade.
Pela casa de Moacir (que mais
parece um ateliê), as obras ficam espalhadas
por todos os cantos. Ele produz telas, cartazes,
painéis e pinta as paredes de casa – as de
dentro e as de fora.
O forte apelo sexual de parte
de suas obras tem explicação também
ali. Fotografias de mulheres nuas espalham-se pelos
poucos móveis. Além da temática
erótica, ele também passeia pelo sagrado
e o profano, com representações de
Nossa Senhora Aparecida e do diabo, por vezes na
mesma obra.
Na página da internet da
Casa de Cultura, é possível acessar
uma galeria de fotos com as obras de Moacir.