30 de Julho de 2008 - Amanda Mota
- Repórter da Agência Brasil - Manaus
- O ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos
e coordenador do Plano Amazônia Sustentável
(PAS), Mangabeira Unger, afirmou hoje (31) que sem
estruturas produtivas e sociais organizadas, a Amazônia
será um imenso vazio difícil de ser
defendido.
"Toda a Amazônia brasileira
hoje é um caldeirão de insegurança
jurídica. Ninguém sabe quem tem o
quê. Para tirar a Amazônia dessa situação,
precisamos equipar as organizações
que fazem a regularização fundiária
na região, simplificar as leis sobre a propriedade
da terra e organizar o que diz respeito às
propriedades da União. Se os 25 milhões
de brasileiros que moram na Amazônia legal
não tiverem oportunidades econômicas
legítimas, eles passarão a atuar em
atividades que devastarão a floresta e a
questão ambiental passará a ser um
caso de polícia", disse.
O ministro conheceu hoje as atividades
desenvolvidas pelo Sistema de Proteção
da Amazônia (Sipam) e se reuniu com oficiais
generais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica
que atuam na região.
Mangaberia Unger ressaltou a relação
existente entre a preservação, o desenvolvimento
e a defesa da região, e defendeu a necessidade
de assegurar aos produtores locais alternativas
satisfatórias de trabalho, em conformidade
com o bem-estar ambiental.
Na reunião com os oficiais
das três Forças Armadas, no Comando
Militar da Amazônia (CMA), o ministro revelou
que foram debatidos o monitoramento, a mobilidade
para circulação na região (terrestre,
aérea e fluvial) e o potencial de combate
para defesa da Amazônia.
"O monitoramento da Amazônia
não é um comércio, é
uma necessidade. Não podemos ficar na dependência
da tecnologia estrangeira. Temos que ter nossos
próprios equipamentos e satélites
e integrar os diferentes sistemas de monitoramento
existentes no país", disse o ministro.
De acordo com Mangabeira Unger,
até o dia 7 de setembro, ele e o ministro
da Defesa, Nelson Jobim, irão apresentar
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um
conjunto de propostas relacionadas à defesa
da Amazônia.
O ministro Nelson Jobim é
presidente do Comitê Interministerial de Formulação
da Estratégia Nacional de Defesa e Mangabeira
Unger é o coordenador do comitê.
"Certamente, esse trabalho
terá que se desdobrar em iniciativas subseqüentes.
É a primeira vez na história de nosso
país que a Amazônia ocupa o foco da
atenção brasileira e não está
sendo vista como retaguarda e sim como vanguarda.
A Amazônia não é um problema
e sim uma oportunidade e um desafio para repensarmos
a nossa estratégia de defesa. Significa estar
pronto para desempenhar as responsabilidades de
defesa numa série de hipóteses de
emprego da força armada e, num caso extremo,
se necessário, ter o potencial de conduzir
uma guerra de resistência nacional",
afirmou.
O comandante do militar da Amazônia,
general Augusto Heleno Pereira, disse que o encontro
do ministro Mangabeira Unger com os oficiais generais
representou uma reunião histórica.
Ele disse que o Brasil precisa
"acordar" para o problema da soberania
da Amazônia. O general defendeu a participação
de instituições de ensino e pesquisa
para conscientizar que a Amazônia precisa
de cuidados especiais no que diz respeito à
sua preservação.
"As possibilidades de defesa
da região amazônica devem ser trazidas
para uma discussão nacional ampla e com a
participação da sociedade. É
uma aspiração nossa que o assunto
defesa seja tratado não só pelos militares,
mas pela sociedade brasileira. Precisamos que essa
discussão saia do âmbito militar e
seja tratado no âmbito acadêmico e entre
os formadores de opinião, por exemplo. Esse
não é um problema que interessa só
aos militares, mas à sociedade brasileira",
destacou o general Heleno.