A Secretaria do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos fez um alerta nesta quinta-feira
(11): as novas embalagens de vidro da cerveja Skol
– comercializadas como Skol Litrão – poderão
causar problemas ambientais caso não sejam
coletadas e destinadas adequadamente. “Esta nova
embalagem é um verdadeiro cacareco ambiental
e poderá trazer inúmeros prejuízos
ao meio ambiente por não serem retornáveis”,
destacou o secretário do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.
Segundo ele, também está
havendo um desrespeito com o direito do consumidor.
“As garrafas são comercializadas como se
fossem retornáveis e até divulgam
benefícios pela troca da embalagem. Mas isso
não acontece na prática. É
uma propaganda enganosa. Não há pontos
de recebimento das garrafas nos supermercados”,
afirmou. “Portanto, além de alertar os consumidores
quanto a estas dificuldades, também os convocamos
a reivindicar seu direito de troca das embalagens”,
completou.
Em reunião com fabricantes
de cerveja realizada no mês passado para discutir
um plano de ação para aumentar a reciclagem
das garrafas long neck, o secretário do Meio
Ambiente já havia questionado a Skol sobre
a nova embalagem que estavam disponibilizando. “Na
ocasião eles garantiram que iriam tomar providências
sobre os pontos de recebimento e chegaram a comunicar
os supermercados, mas até agora nada aconteceu”,
informou.
DESPERDÍCIO ZERO - A iniciativa
de incluir grandes geradores de resíduos
nos processos de coleta e reciclagem dos produtos
que disponibilizam no mercado – como determina legislação
federal 6.938/81 que aborda, entre outros temas,
a ‘responsabilidade solidária’ na destinação
final dos resíduos sólidos, e a lei
estadual 12.493/99, que dispõe sobre a destinação
final dos resíduos no Paraná – é
do programa Desperdício Zero, desenvolvido
pela Secretaria do Meio Ambiente.
Para o coordenador do programa,
Laerty Dudas, é necessária uma mudança
de atitude por parte das indústrias. “No
caso do Litrão seria preciso desenvolver
uma embalagem que possa ser reutilizada antes de
ser reciclada”, disse. “Sem o estímulo a
reciclagem, muitas vezes estas garrafas vão
para os aterros sanitários desnecessariamente
ou acabam em fundos de rio e fundos de vale; em
resumo, acabam na natureza”, ressaltou.
Assim como as garrafas long neck,
o Litrão foi criado para concorrer com outros
segmentos de embalagens de bebidas, como garrafas
PET e latas de alumínio, sem considerar o
seu prejuízo ambiental. Para baratear custos,
os fabricantes desenvolveram uma garrafa que é
reciclável, mas não é retornável
e ainda possui menor resistência. Isso a torna
menos interessante que suas concorrentes para a
indústria da reciclagem.
Segundo dados do Desperdício
Zero, uma das maiores contribuições
da reciclagem do vidro está na redução
do consumo de matérias-primas naturais e
não-renováveis, pois 72% do vidro
é feito de areia e 28% de outros minerais
como o calcário, que com a ação
do calor transformam-se em vidro.
+ Mais
Paraná é destaque
na retirada das embalagens de agrotóxicos
O Paraná é o segundo
no ranking dos Estados que mais encaminham embalagens
vazias de produtos fitossanitários para o
destino final ambientalmente correto: reciclagem
ou incineração. Nos primeiros oito
meses do ano, o Estado processou adequadamente 2,9
mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos.
Este volume significa um crescimento
de 12,8% em relação ao mesmo período
em 2007, quando foram destinadas 2,5 mil toneladas.
Somente no mês de agosto, as unidades de recebimento
paranaenses destinaram 388 toneladas de embalagens,
o equivalente a 17% do total processado no país.
As centrais de recebimento paranaenses
que apresentaram maior crescimento no volume de
embalagens vazias destinadas nos primeiros oito
meses do ano foram as de Santa Terezinha do Itaipu,
Ponta Grossa, Palotina, Cornélio Procópio
e Maringá. Nessas unidades, o aumento percentual
em relação ao mesmo período
do ano passado foi, respectivamente, de 79%, 38%,
36% e, nas duas últimas, 30%.
Os bons resultados do sistema
de destinação final são atribuídos
à parceria de sucesso entre agricultores,
indústria fabricante – representada pelo
inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens
Vazias) -, canais de distribuição
e o poder público, no Paraná representado
pelas Secretarias de Estado da Agricultura e Abastecimento
(Seab) e do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
(Sema), Superintendência de Desenvolvimento
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
(Suderhsa) e Instituto Ambiental do Paraná
(IAP).
BRASIL - O Brasil acaba de atingir
um marco na preservação do meio ambiente:
no acumulado desde 2002, ano em que começou
a operar o inpEV (Instituto Nacional de Processamento
de Embalagens Vazias), até agosto de 2008,
o país já encaminhou mais de cem mil
toneladas de embalagens vazias para o destino final
(reciclagem ou incineração). Nesse
período, o programa recebeu investimentos
superiores a R$ 270 milhões.
“Esse resultado tão expressivo
do programa brasileiro mostra o comprometimento
de todos os elos da cadeia agrícola com o
meio ambiente e a produção responsável”,
comemora o diretor-presidente do instituto, João
Cesar Rando. “Prova dessa crescente conscientização
da sociedade foram as comemorações
do Dia Nacional do Campo Limpo, realizadas em agosto,
em que mais de cem unidades de recebimento de embalagens
vazias em todo o país promoveram ações
de celebração ao incontestável
sucesso do sistema de destinação final”,
completa.
Nos primeiros oito meses do ano,
as unidades de recebimento de embalagens vazias
de defensivos agrícolas de todo o país
destinaram 16,7 mil toneladas. Esse volume representa
um crescimento de 9% em relação ao
mesmo período do ano passado, quando foram
destinadas 15,3 mil t. Apenas em agosto, 2,2 mil
toneladas foram retiradas do meio ambiente.
Os Estados que mais encaminharam
embalagens para o destino final ambientalmente correto
de janeiro a agosto deste ano, foram Mato Grosso
(3,7 mil t), Paraná (2,9 mil t) e São
Paulo (2,2 mil t). Já os que apresentaram
maior crescimento nos primeiros sete meses de 2008
em comparação ao mesmo período
do ano passado, foram Tocantins (123,3%), Alagoas
(92,2%) e Goiás (66,1%).
Hoje existem 375 unidades de recebimento
de embalagens vazias em todo o país, entre
postos e centrais. Os resultados positivos são
resultado de ações conjuntas que envolvem
agricultores, indústria fabricante – representada
pelo inpEV –, canais de distribuição,
cooperativas e poder público.