(11/09/2008) As atitudes que têm
devastado quilômetros e quilômetros
de vegetação nas margens do rio São
Francisco não são corrigidas com simples
plantios de árvores nas áreas degradadas.
Revegetar essas áreas é trabalho complexo
que demanda questões como
mobilização social e conhecimento
científico, afirma o pesquisador da Embrapa
Semi-Árido Tony Jarbas Ferreira Cunha, especialista
em estudos que envolvem o solo e o meio ambiente.
Dois projetos em execução
na instituição começam a estudar
aspectos ambientais e sociais das áreas degradadas
nas margens do rio em municípios pernambucanos
e baianos com o objetivo de estabelecer medidas
de recuperação.
Uma “Contribuição
à Revitalização do Rio São
Francisco com Base na Reconstituição
de Suas Matas Ciliares e Recuperação
de Suas Áreas Degradadas nos Municípios
de Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa
Vista”, é coordenado pelo pesquisador Tony
Jarbas Ferreira Cunha e financiado pelo Banco do
Nordeste do Brasil.
Outro projeto é “Diagnóstico
de Áreas Degradadas e Plano Piloto de Recuperação
das Margens do Rio São Francisco no Bioma
Caatinga”, coordenado pelo pesquisador Ivan André
Alvarez e conta com recursos da própria Embrapa.
Os dois desenvolvem ações de pesquisa
com vistas à integração e o
fortalecimento de estudos ambientais pilotos para
preservação e recuperação
de vegetação ciliar em municípios
do Submédio São Francisco nos estados
de Pernambuco (Petrolina, Lagoa Grande e Santa Maria
da Boa Vista e Orocó) e da Bahia (Juazeiro,
Curaçá, Sobradinho e Casa Nova).
Em toda a sua extensão,
o Submédio São Francisco se estende
de Remanso (BA) até Paulo Afonso (BA). São
cerca de 110.446 km2 (17% da área da Bacia),
e 440 km de extensão, onde vive uma população
estimada em 1,944 milhões de habitantes.
Segundo o pesquisador Tony Jarbas
F. Cunha, as informações e conhecimentos
obtidos com os dois projetos serão importantes
para intervenções do poder público
e organizações da sociedade civil,
além de agricultores, na “implantação
de sistemas agrícolas que considerem a variável
ambiental articulada a um desenvolvimento sustentável”.
O pesquisador explica que a degradação
da Bacia do Rio São Francisco tem origens
diversas. A construção de barragens,
o não tratamento e deposição
inadequada do lixo urbano, a mineração,
poluição das águas por esgotos
domésticos e industriais são algumas
delas. Os desmatamentos e mau uso dos recursos solo
e água, por sua vez, são responsáveis
pela erosão e compactação das
terras que tem levado ao assoreamento do rio, riachos
e reservatórios da bacia. Os projetos têm
metas que visam a orientar a pulação
ribeirinha e impedir a ocorrência ou o agravamento
destes problemas.
Contexto
O pesquisador Tony Jarbas F. Cunha
da Embrapa Semi-Árido explica que as ações
iniciais dos projetos serão para identificar
as áreas afetadas e os solos predominantes
em cada ambiente. Farão também o levantamento
das espécies vegetais. Na seqüência,
acontecerão os “estudos de paisagem dentro
de um contexto sócio-ambiental que compõe
o entorno do rio e não apenas as suas margens.
Aí as análises vão se aprofundar
nas “questões que envolvem a degradação
e a recuperação do rio”.
Para Tony as conclusões
desses estudos vão subsidiar a exploração
adequada dos recursos naturais e dos sistemas agrícolas
na área de estudo, de forma que os produtores
respondam aos níveis de demandas decorrentes
do crescimento populacional e o desenvolvimento
econômico. Com o avanço das pesquisas,
os projetos prevêem ações de
sensibilização e divulgação
de informações por meio de cursos,
palestras e dia de campo, além da elaboração
de mapas e documentos técnicos.
A execução dos dois
projetos tem a participação de outros
centros de pesquisa da Embrapa (Embrapa Solos-UEP
Recife, Embrapa Transferência de Tecnologia,
Embrapa Floresta e Embrapa Agrobiologia), e de instituições
de desenvolvimento, de pesquisa e ensino (Universidade
do Estado da Bahia, Universidade Estadual de Santa
Cruz, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade
Federal do Vale do São Francisco, Ibama,
Chesf e Codevasf), além do Ministério
Público de Pernambuco e prefeituras locais.
Tony Jarbas Ferreira Cunha
+ Mais
Africanos querem respaldo da Embrapa
para investir em biocombustíveis
(09/09/2008) O presidente do Banco
de Investimento e Desenvolvimento da Comunidade
Econômica dos Estados da África Ocidental
BIDC//Cedeao/, Christian Adovelande, e o embaixador
do Senegal no Brasil, Fode Seck , estiveram na segunda-feira(8)
na sede da Embrapa, localizada em Brasília/DF,
onde foram recebidos pela diretora-executiva Tatiana
de Abreu Sá.
O banco quer o respaldo técnico
da Embrapa na área de biocombustíveis
em 15 países do oeste africano. O encontro
foi coordenado por Alexandre Cardoso, da Assessoria
de Relações Internacionais (ARI) da
Embrapa.
“O aumento no preço do
barril de petróleo tem influência direta
no aumento da pobreza na região”, argumenta
o responsável pelo Fundo para Biocombustíveis
e Energia Renovável do Banco, Thiermo Bocar
Tall, que acompanhou a delegação em
visita à Embrapa Transferência de Tecnologia,
unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa) vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
Para Tall, o encontro que deu
prosseguimento ao memorando de entendimento celebrado
com a Empresa atendeu às expectativas. “O
acordo é um passo importante numa escala
regional para assegurar a futura independência
energética e a melhoria da qualidade de vida
dos países envolvidos”, avalia. O presidente
Adovelande, disse que há no continente africano
o interesse em atuar com o Brasil na transformação
do biodiesel em uma /commodity/.
Para tanto, o banco deseja obter
suporte da Embrapa na estruturação
da cadeia produtiva do campo ao setor industrial,
e na articulação com os setores público
e privado. ”Para além do acesso à
tecnologia, desejamos contar com o conhecimento
que nos permita o seu domínio”, explica Adovelande,
que disse manter contatos também com o BNDES.
Alimentos
Para o presidente do BIDC, não
há risco de o investimento em agroenergia
competir com a produção de alimentos,
“temos terras para ambos e vamos contar com a tecnologia
da Embrapa para modernizar nossa agricultura”. O
gerente geral da Embrapa Transferência de
Tecnologia, José Roberto Rodrigues Peres,
entende que com o suporte da representação
da Empresa na África e o envolvimento de
uma instituição financeira como o
BIDC será possível associar ao projeto
ações de incremento à produção
de plantas alimentares.
De acordo com o embaixador do
Senegal, que no encontro representou países
do oeste africano que não contam com representação
diplomática no Brasil, cerca de 260 milhões
de pessoas dos 15 países da região
deverão ser beneficiadas com as ações
de pesquisa e desenvolvimento e de transferência
de tecnologia com a Embrapa, tanto na área
de biocombustíveis como na de alimentos.
Próximos passos
O gerente adjunto de Planejamento
e Negócios, Filipe Teixeira, recebeu a delegação
na Embrapa Transferência de Tecnologia, juntamente
com o engenheiro da Unidade, Jairo Dolvim, e o chefe
de comunicações e negócios
da Embrapa Agroenergia, José Eurípedes.
Segundo Teixeira, o Banco vai realizar o levantamento
das demandas do bloco para que se possam delinear
as grandes linhas de ação. Posteriormente,
será feita análise dos gargalos de
produção em cada país para
identificação das áreas em
que a Embrapa oferecerá suporte técnico
e tecnológico.
Valéria Costa
+ Mais
Projeto Quintais ganha prêmio
ambiental
(12/09/2008) O projeto Quintais
Orgânicos de Frutas, resultado da parceria
entre a Embrapa Clima Temperado, Unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA) e a Companhia de Geração
Térmica de Energia Elétrica (CGTEE)
foi o vencedor do 16° Prêmio Expressão
de Ecologia, na categoria Tecnologias Socioambientais,
com o case “Quintais orgânicos de frutas:
contribuição para a segurança
alimentar em áreas rurais, indígenas
e urbanas”.
O prêmio, que existe desde
1993, se consolidou como a maior premiação
ambiental da Região Sul e conquistou um recorde
histórico de 164 projetos participantes na
seleção deste ano. “Ficamos orgulhosos
com a premiação, que dará maior
visibilidade ao trabalho, o qual contribui com a
segurança alimentar e ambiental de comunidades
carentes em áreas rurais e urbanas.
Afinal, esse é um trabalho
voltado para agricultores familiares, comunidades
quilombolas, indígenas e escolas do campo
e urbanas, pois aborda questões culturais,
étnicas, ambientais, alimentares, econômicas
e medicinais”, destacou o coordenador do projeto,
Fernando Costa Gomes.
Este projeto já havia sido
reconhecido em 2007, quando recebeu a Certificação
de Tecnologia Social, pela Fundação
Banco do Brasil, realizada em parceria com a Petrobras,
com apoio da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (Unesco), e a KPMG Auditores Independentes.
Além da premiação,
Fernando informou que o projeto Quintais Orgânicos
renovou recentemente seu contrato com a Companhia
Estadual de Energia Elétrica (CGTEE), e passou
a contar com o apoio do Grupo Eletrobras que também
passou a financiar o projeto.“Agora temos como meta
para 2008, a implantação de mais de
200 quintais, assim vamos chegar ao final do ano
com aproximadamente 1000 quintais implantados.
O projeto está em fase
de plantio para o cumprimento das metas e, ao mesmo
tempo, a equipe técnica também promove
a produção das mudas nos viveiros
da Estação Experimental da Cascata
(EEC) em Pelotas, e na Companhia de Geração
Térmica de Energia Elétrica (CGTEE)
em Candiota, visando o ano que vem”, explicou Fernando.
Ele destacou ainda que além
do projeto superar suas metas todos os anos no Sul
do Brasil, ele está se expandindo para o
Uruguai, onde por meio da parceria com a Fundação
Logros e com as universidades uruguaias e o Instituto
Nacional de Investigación Agropecuária
(INIA) já foram implantados mais de 30 quintais
em escolas, através do projeto horta orgânica.
“No Brasil, estamos ampliando
nossa atuação, pois fomos contatados
por técnico da prefeitura do município
de Tietê (SP) e pretendemos desenvolver uma
experiência piloto naquele município
com a implantação de três quintais
em 2009”, acrescentou.
Christiane Congro