16 de Setembro de 2008
- Elaine Patrícia Cruz - Repórter
da Agência Brasil - São Paulo - Os
países da América Latina poderiam
economizar, até 2018, cerca de US$ 36 bilhões,
algo equivalente a R$ 65,5 bilhões, se optassem
pela adoção de medidas para tornar
o consumo de energia mais eficiente.
A conclusão está
no relatório Como Economizar US$ 36 bilhões
– Sem Desligar as Luzes divulgado ontem (15), em
São Paulo, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).
De acordo com o relatório,
há duas maneiras do países latino-americanos
gerarem energia suficiente para atender a demanda
até 2018. Uma exigiria US$ 53 bilhões
de gastos com a construção de 328
novas usinas elétricas de ciclo aberto operadas
a gás.
A outra custaria US$ 16 bilhões,
tornando o consumo mais eficiente. “Se há
um crescimento da demanda, como satisfazer ou atender
a esse crescimento? Instalando capacidade geradora
ou ajustando a demanda.” A resposta é do
diretor de Infra-estrutura e Meio Ambiente do BID,
Roberto Vellutini.
Ele próprio define o conceito
de eficiência energética: “eficiência
energética é olhar processos industriais
como, por exemplo, caldeiras, alto-fornos e lâmpadas
de iluminação pública e ver
como se pode ter o mesmo produto usando menos energia
para se conseguir ter o mesmo resultado”.
Em entrevista à Agência
Brasil, Vellutini afirmou que, tornando o consumo
de energia mais eficiente, o gasto de energia por
habitante em um determinado país seria menor
e, conseqüentemente, não haveria necessidade,
por exemplo, de se instalar ainda mais usinas para
geração de energia. “As necessidades
de investimento em geração são
menores ao longo do tempo”, disse.
A conclusão do relatório
é de que os países da América
Latina e do Caribe poderiam reduzir o consumo de
energia em até 10%, na próxima década,
investindo em equipamentos e tecnologia para um
uso mais eficiente. Segundo o relatório,
isso não implicararia em menos conforto para
a população e nem deixaria esses países
menos competitivos economicamente.
No caso específico do Brasil,
o relatório concluiu que o país faz
uso apenas moderado de sua capacidade de eficiência
energética. O Brasil teria que reduzir 57,800
gigawatt-hora de eletricidade por ano para impulsionar
sua capacidade energética até 2018.
O relatório do BID destaca que, se a demanda
de energia continuar crescendo e o país não
se tornar mais eficiente energeticamente “será
preciso construir o equivalente a 132 usinas elétricas
de ciclo aberto para produzir os mesmos 57,800 GWh
de eletricidade por ano”. Isso custaria ao Brasil
cerca de US$ 21,5 bilhões, só para
a construção de usinas, desconsiderando
gastos operacionais e de combustível em seu
funcionamento.
O Brasil, segundo Vellutini, está
entre os dez primeiros no ranking que considera
os países que melhor fazem uso de sua capacidade
energética. “Medimos a quantidade de energia
por Produto Interno Bruto [PIB]. Por exemplo, o
México é um país relativamente
rico e a quantidade de energia que ele usa com relação
ao PIB é muito menor do que a Guiana ou o
Haiti, países pobres e que têm um consumo
brutal com relação ao PIB."
Eficiência energética,
de acordo com o diretor do BID, está intimamente
relacionada à pobreza. “Os países
mais pobres usam a energia de maneira menos eficiente”,
afirmou.
Uma das razões apontadas
por Vellutini para que o Brasil passasse a fazer
melhor uso de energia foi o racionamento, que conscientizou
as pessoas para a necessidade de se reduzir o consumo.
Segundo ele, depois do racionamento,
“ninguém passou a acender mais luz ou permanecer
mais tempo no chuveiro porque voltou o suprimento
de energia normal. O padrão de consumo elétrico
no país ficou mais eficiente por causa do
racionamento”.