Durante
evento em Goiânia, ministro oficializa o uso
de sistema de alerta de desmatamentos; dados serão
utilizados para a elaboração de estratégias
de conservação
Goiânia, 25 de setembro
de 2008 — O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,
participa hoje, na Universidade Federal de Goiás
(UFG), em Goiânia, do lançamento de
um conjunto de ações para estimular
a conservação e o uso sustentável
do Cerrado. O evento oficializa também a
utilização pelo governo federal do
Sistema Integrado de Alerta de Desmatamentos no
Cerrado (Siad), cujos dados obtidos apoiarão
a elaboração de políticas públicas
de conservação. O sistema, desenvolvido
pelo Laboratório de Processamento de Imagens
e Geoprocessamento (Lapig) da UFG, com o apoio das
ONGs Conservação Internacional (CI)
e The Nature Conservancy (TNC), apontou que entre
2003 e 2007, aproximadamente 18.900 km2 do bioma
foram possivelmente desmatados, o equivalente a
um milhão e novecentos mil campos de futebol
ou a 16 cidades do tamanho do Rio de Janeiro. Os
dados obtidos permitem aos pesquisadores projetar
tendências futuras de desmatamento com base
no padrão apresentado nos últimos
quatro anos e, consequentemente, elaborar estratégias
de conservação adequadas e preventivas.
Para garantir a continuidade e
o aprimoramento do Siad será também
assinado um Protocolo de Intenções
entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA),
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), a UFG, a CI-Brasil
e a TNC. O objetivo é reunir capacidades
técnicas, científicas, financeiras
e políticas para o monitoramento do Cerrado,
de forma a gerar alertas sistemáticos de
desmatamento que subsidiem a definição
de estratégias e de políticas de conservação
e de manejo da biodiversidade do bioma, que, como
segundo maior do Brasil, abriga 5% das espécies
de fauna e de flora do planeta.
De acordo com o coordenador do
Lapig, Laerte Guimarães Ferreira, o Siad
detecta e compara automaticamente desmatamentos
no Cerrado a partir da análise de imagens
com resolução espacial de 250 metros
obtidas pelo sensor Modis, que está a bordo
do satélite Terra, principal satélite
da Nasa para observação terrestre.
Para identificar áreas de possíveis
desmatamentos, o Lapig comparou imagens Modis obtidas
na primeira quinzena de outubro dos últimos
quatro anos, usando como referência de vegetação
nativa o Mapa de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros,
lançado pelo MMA em 2007. Laerte ressalta,
no entanto, que devido à resolução
das imagens Modis, não é possível
verificar a ocorrência de desmatamentos inferiores
a 25 hectares. Os dados de desmatamentos gerados
pelo Siad estão acessíveis em www.ufg.br/lapig.
O acordo firmado hoje prevê
também que o Centro de Monitoramento Ambiental
do Ibama irá analisar os dados gerados pelo
Siad com o objetivo de aprimorar as atividades do
órgão para proteção
do Cerrado. O Ibama irá ainda apoiar o Lapig
no aperfeiçoamento da metodologia utilizada
para a melhoria da precisão dos dados obtidos.
Ricardo Machado, diretor do programa
Cerrado-Pantanal da CI-Brasil, considera a utilização
do sistema de monitoramento do Cerrado chave para
o sucesso de ações de conservação
do bioma. “O Siad nos permite prever quais as áreas
que serão mais afetadas em curto e médio
prazos. Essa análise é fundamental
para traçarmos estratégias de conservação
focadas nas áreas de maior risco de desmatamento
antes que elas sejam perdidas, pois o custo de recuperar
uma área é muitas vezes maiores do
que o custo de mantê-la para ter mais opções
de uso econômico”, diz.
Para o coordenador de ciência
do programa Savanas Centrais da TNC, Leandro Baumgarten,
a utilização do Siad pelo governo
representa o primeiro passo para a construção
de uma agenda única de conservação
do Cerrado. “Queremos construir uma agenda pró-ativa
de conservação com os governos municipais,
estaduais e federal, pautada em conhecimento de
ponta sobre a localização das pressões
para desmatamento do Cerrado”, diz.
Áreas prioritárias
em livro – Durante o evento de hoje, será
lançado o livro “A Encruzilhada Socioambiental
– Biodiversidade, Economia e Sustentabilidade no
Cerrado”, organizado por Ferreira, do Lapig. O livro
é uma coletânea de nove textos que
documentam e sintetizam os principais resultados
do Projeto Identificação de Áreas
Prioritárias para Conservação
da Biodiversidade em Goiás (PDIAP). Multidisciplinar
e fruto de um esforço coletivo, o livro aborda
questões sobre desenvolvimento e conservação
do Cerrado.
A programação segue
com a assinatura de cooperação técnica
com o governo do estado e da prefeitura para a elaboração
do zoneamento ecológico-econômico estadual
e a implementação do zoneamento municipal.
A Conservação Internacional
(CI) foi fundada em 1987 com o objetivo de conservar
o patrimônio natural do planeta - nossa biodiversidade
global - e demonstrar que as sociedades humanas
são capazes de viver em harmonia com a natureza.
Como uma organização não-governamental
global, a CI atua em mais de 40 países, em
quatro continentes. A organização
utiliza uma variedade de ferramentas científicas,
econômicas e de conscientização
ambiental, além de estratégias que
ajudam na identificação de alternativas
que não prejudiquem o meio ambiente. A Conservação
Internacional (CI-Brasil) tem sede em Belo Horizonte
- MG. Outros escritórios estão estrategicamente
localizados em Brasília-DF, Belém-PA,
Campo Grande-MS, Salvador-BA e Caravelas-BA.
The Nature Conservancy (TNC) é
uma das mais antigas ONGs ambientais do mundo, criada
em 1951. Presente no Brasil desde 1988, a TNC desenvolve
projetos nos principais biomas brasileiros (Amazônia,
Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Caatinga)
e atua em 35 países. Conheça nossos
projetos: www.tnc.org/brasil ou nature.org/brasil.
Mirella Domenich, assessora de imprensa da CI-Brasil