26 de
Setembro de 2008 A indústria eólica
e de painéis solares podem gerar juntas 8,4
milhões de empregos até 2030.
São Paulo (SP), Brasil — Segundo o relatório
Empregos Verdes, cerca de 2,3 milhões de
pessoas trabalham hoje com energias renováveis,
metade com biocombustíveis.
Mais de 20 milhões de pessoas
deverão trabalhar com empregos verdes até
2030. Esta é a previsão do relatório
Empregos Verdes: Rumo ao Trabalho Decente em um
Mundo Sustentável e com Baixo Carbono, lançado
pelo programa ambiental da Organização
das Nações Unidas (ONU) esta semana.
O relatório define empregos
verdes como trabalhos em agricultura, indústria,
serviços e administração que
contribuam com a preservação ou restauração
da qualidade do meio ambiente.
Hoje, cerca de 2,3 milhões
de pessoas trabalham com energias renováveis,
metade delas no setor de biocombustíveis.
Segundo o estudo, cerca de 12 milhões de
novos empregos podem se criados ate 2030 na indústria
e agricultura voltadas aos biocombustíveis.
A indústria de painéis solares, englobando
a fabricação, instalação
e manutenção de painéis, geraria
outros 6,3 milhões de empregos no mesmo período,
enquanto a indústria eólica somaria
outros 2,1 milhões de empregos. Entre 2 e
3,5 milhões de outros empregos poderão
ser gerados no setor de eficiência energética
em edificações.
"As projeções
mostram que a energia renovável, além
de mitigar os efeitos das mudanças climáticas,
é capaz de gerar efeitos sociais e econômicos
altamente positivos, com a criação
de milhões de empregos e o crescimento da
economia. O relatório [R]evolução
Energética e o recente relatório Solar
Generation 5 já indicavam que a economia
global não depende de energias fósseis
para crescer e pode contar com o desenvolvimento
da indústria de energias renováveis
em gerar emprego e renda para a população
mundial", disse Ricardo Baitelo, coordenador
da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace
Brasil.
+ Mais
Pouca solução para
muita emissão
23 de Setembro de 2008 Uma imensa
bóia salva-vidas foi colocada em plena praia
de Copacabana, em abril de 2007, por ativistas do
Greenpeace como alerta para a urgência de
agirmos contra as mudanças climáticas.
São Paulo (SP), Brasil — Consulta pública
do Plano Nacional sobre Mudanças do Clima
é adiada por ser pouco objetivo e não
apontar ações efetivas.
A versão preliminar do
Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas,
que iria para consulta pública esta semana,
empacou. O documento foi considerado pouco objetivo,
segundo avaliação do Secretário
Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas (FBMC), Luiz Pinguelli Rosa, não
traçando sequer metas de redução
de CO2 para o país.
"Os enroscos na elaboração
do plano demonstram a falta de habilidade do governo
de superar indisposições internas
em prol de um plano de mudanças climáticas"
avalia Sérgio Leitão, diretor de políticas
públicas do Greenpeace. O gargalo está
no Comitê Interministerial sobre Mudança
do Clima (CIM). Coordenado pela Casa Civil da Presidência
da República, o comitê é formado
por 17 órgão federais e o Fórum
de Mudanças Climáticas (FBMC), criado
para mobilizar a sociedade sobre o tema. "São
vários ministérios com interesses
divergentes, a maioria contra a adoção
de metas de redução", explica
Leitão.
Na redação do texto,
o CIM reforça que o Brasil não tem
responsabilidade histórica pelo acúmulo
de gases na atmosfera. "Se o país não
se sente responsável por causar o problema,
também não se sentirá responsável
pela solução. O governo continua agindo
como se o problema fosse só na casa do vizinho",
diz Leitão.
"O documento não
aponta ações efetivas de combate às
mudanças climáticas", completa
o coordenador da campanha de Clima do Greenpeace,
Guarany Osório. A versão preliminar
é uma reunião de programas já
existentes e não prevê meios para concretizá-los.
"Se fizermos um balanço
de emissões entre o que foi gasto para escrever
as 149 páginas do documento e a objetividade
das propostas, o resultado seria negativo",
diz Osório.
O capítulo de Florestas,
por exemplo, fala do fim do "desmatamento ilegal",
mas o que deveria ser tratado são mecanismos
para zerar o desmatamento na Amazônia.
"Se o desmatamento é
ilegal, é porque já existem leis para
combatê-lo. Com esse plano, espera-se que
governo dê um passo adiante em direção
ao desmatamento zero, conforme a proposta do Greenpeace
lançada em outubro do ano passado",
afirma Osório.
Apesar de estimular o uso de energias
limpas, o documento também não detalha
como o governo fará para aumentar a participação
das fontes renováveis na matriz energética.
Contraditoriamente, a versão preliminar promove
a expansão da energia nuclear.
"Uma fonte energética
que gera resíduos radioativos para o qual
ainda não temos solução para
sua destinação final não pode
ser considerada uma alternativa de combate às
mudanças climáticas. Além disso,
quando consideramos todo o ciclo produtivo da indústria
nuclear, temos uma energia que, no balanço
de emissões, gera mais gases de efeito estufa
do que a energia renovável."
Outro ponto negativo do documento
é que, de modo geral, as propostas não
atendem às recomendações do
Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Além disso, o documento também ignora
as contribuições da sociedade civil
e das comissões mistas da Câmara dos
Deputados e do Senado.
"Falhas no plano foram apontadas, mas isso
não significa que os problemas serão
superados", diz Osório.
+ Mais
Festa nuclear da Turquia acaba
por falta de interesse dos convidados
25 de Setembro de 2008 Ativistas
protestam em frente ao Ministério de Energia
da Turquia, em Ancara, contra as intensões
do governo de construir a primeira usina nuclear
do país.
Ancara, Turquia — Apenas uma empresa apresentou
proposta na licitação aberta pelo
governo turco para construir a primeira usina nuclear
do país.
O governo da Turquia anunciou
uma 'festa nuclear', chamou todos seus amigos e
apenas um apareceu. Esse foi o resultado da licitação
aberta para a construção do primeiro
reator nuclear do país. Treze empresas demonstraram
interesse inicial no projeto, mas o governo recebeu
na quarta-feira apenas seis respostas - cinco delas
de empresas que agradeceram o convite mas declinaram
de participar da licitação.
A única proposta para a
construção da primeira usina nuclear
turca veio da empresa russa Atomstroyexport, em
parceria com a companhia turca Park Teknik.
Os grandes nomes da indústria
não se interessaram em participar da festa
nuclear turca. O governo local parece que não
ofereceu agrados suficientes na forma de subsídios
e garantias de crédito para atrair aqueles
que pensam primeiro em lucro. Poluir um país
com rejeitos radioativos e atrasar o progresso em
energias renováveis custa muito dinheiro.
Resumo da ópera: a festa
acabou. A lei turca de licitações
impede que a concorrência para a construção
de usina nuclear vá adiante com apenas uma
empresa interessada. Esperamos que o ministro de
Energia da Turquia não tenha aberto sua champanhe.
Nós, entretanto, abrimos a nossa.
A história toda é
um grande constrangimento para a Turquia e seus
planos nucleares. E uma grande vitória para
o Greenpeace, que tem feito campanha e ações
para alertar a população local sobre
os riscos dessa aventura nuclear no país.
Esta semana, 37 ativistas do Greenpeace
e da ONG Global Action transformaram o Ministério
de Energia da Turquia numa funerária para
destacar os riscos de se estabelecer uma indústria
nuclear no país. Os manifestantes foram presos
depois de bloquear a rua em frente ao prédio
governamental. Todos foram soltos em seguida.
A Turquia não tem usinas
nucleares mas pensa em adotar a tecnologia como
forma rápida e barata de suprir suas necessidades
energéticas. O problema é que a energia
nuclear é tudo menos 'rápida e barata'.
Além de ser extremamente perigosa e suja,
a energia nuclear coloca um grande peso financeiro
sobre a população. O Greenpeace quer
que o governo turco cancele seus projetos nucleares
e invista em alternativas renováveis de geração
de energia e em programas de eficiência energética.
Apesar das centenas de bilhões
de dólares que foram dados à indústria
nuclear no mundo nos últimos cinco anos,
ainda não há solução
para questões como o lixo nuclear e a segurança
das usinas. Um reator nuclear produz em torno de
30 toneladas de lixo nuclear anualmente. Isso significa
um adicional de até 14 mil toneladas por
ano de lixo radioativo à quantidade já
existente no mundo.
Após vazamentos radioativos
recentes na Espanha e incidentes em reatores na
França, Suécia e Japão, fica
a pergunta de quão perto estamos de uma nova
Chernobyl. Só na França são
aproximadamente 900 incidentes em usinas nucleares
por ano.