24 de
Setembro de 2008 - Mariana Jungmann - Repórter
da Agência Brasil - José Cruz/Abr -
Brasília - A coordenadora da Cooperativa
de Reciclagem, Trabalho e Produção
(Cortrap), Angela Maria, fala à Agência
Brasil. De acordo com a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), reciclagem é
o principal emprego verde no Brasil
Brasília - Há mais de 20 anos, Ângela
Maria Pereira Balbino cata lixo. Com seu trabalho,
sustenta cinco filhos. Além de catadora,
ela é artesã e dirige a Cooperativa
de Reciclagem, Trabalho e Produção
(Cortrap), que recolhe, separa e vende para reciclagem
o lixo de órgãos como a Câmara
Federal, ministérios e a Procuradoria-Geral
da República.
“Não me vejo fazendo outra
coisa, sou muito feliz aqui", diz ela.. "Quando
eu ia pensar que você pega um monte de jornal,
agrega valor a ele e vende de novo?"
Ângela tem o perfil de um
novo tipo de trabalhador que está surgindo
da luta contra o aquecimento global. O “Emprego
Verde” é o nome que foi cunhado pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) para definir as
atividades relacionadas à tecnologia ambiental
e geralmente está relacionado à indústria,
construção civil, fontes de energia
renováveis, serviços, turismo e agricultura.
Segundo o relatório “Empregos
Verdes: Trabalho Decente em um Mundo Sustentável
e com Baixas Emissões de Carbono”, divulgado
hoje (24) pela OIT, em parceria com o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud), a reciclagem é o "emprego verde"
que abriga a maior parte dos postos de trabalho
no Brasil. São 500 mil pessoas vivendo do
lixo produzido nas grandes cidades. Quase nada comparado
à China, quem tem 10 milhões de trabalhadores
na “gestão de dejetos”.
Junto com Ângela, na Cortrap,
150 famílias se sustentam a partir do reaproveitamento
do lixo. E o objetivo é atingir a marca de
250 famílias. "A gente precisa atingir
essa marca para cumprir o projeto que temos com
o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social]. Eles já nos deram uma empilhadeira
e dois caminhões. Agora, para ganhar uma
máquina de triturar pet precisamos aumentar
o número de cooperados e vamos conseguir",
explica Ângela.
Mas, segundo o relatório,
nem todos os empregos com reciclagem podem ser considerados
“verdes”, porque alguns causam muita poluição.
As indústrias de papel, celulose, cimento,
ferro, aço e alumínio são as
maiores vilãs ambientais, segundo o relatório,
porque consomem muita matéria-prima e energia.
O processo de reaproveitamento do ferro gasta entre
40% e 75% menos energia que a primeira produção.
Já para reciclagem, esses estão entre
os materiais mais rentáveis. Papel branco
e garrafas pet são os que têm preço
mais alto na hora da venda para as indústrias
de reciclagem, cerca de R$ 0,12 e R$ 0,28 respectivamente.
Já o ferro, tem preço baixo, mas pelo
peso acaba valendo a pena, segundo Ângela.