Onde a
vaca vai, o desmatamento na Amazônia vai atrás
29 de Setembro de 2008 O desmatamento
verificado pelo sistema Deter do Inpe no mês
de agosto foi alavancado pelos municípios
na Amazônia com os maiores rebanhos de gado.
Manaus (AM), Brasil — Devastação da
floresta em agosto foi 3 vezes maior em comparação
ao mesmo mês de 2007, segundo dados do Inpe.
Pecuária é a principal atividade econômica
nos municípios que mais desmataram.
Após a queda registrada
no mês de julho, o desmatamento da floresta
amazônica voltou a subir em agosto, segundo
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Segundo dados do sistema de Detecção
de Desmatamento em Tempo Real (Deter), 756,7 quilômetros
quadrados de floresta foram destruídos no
período – índice três vezes
maior do que o registrado em agosto de 2007, de
230 quilômetros quadrados.
"Lamentavelmente não
é nenhuma novidade. Há meses, o Greenpeace
vem alertando para a tendência de aumento
do desmatamento na Amazônia, confirmada novamente
pelos dados do Inpe divulgados nesta segunda-feira",
disse Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia
do Greenpeace.
Repetindo a tendência dos
últimos quatro meses, o Pará voltou
a ser o estado que mais destrói a Amazônia,
com 435 quilômetros quadrados de florestas
derrubados, seguido por Mato Grosso, com 229 quilômetros
quadrados desmatados. O desmatamento do mês
de agosto foi alavancado pelos municípios
com os maiores rebanhos de gado. Para o Greenpeace,
a retomada do desmatamento está ligada à
diminuição da presença da fiscalização
nos últimos meses na região. Como
prova disso, em agosto, o Greenpeace transmitiu,
ao vivo, imagens de destruição da
floresta para alertar a opinião pública
sobre o problema.
Queimadas recentes dentro e no
entorno de áreas protegidas na área
de influência da BR-163, no Pará, e
também no Mato Grosso, foram documentadas
pela organização para expor a falta
de governança na região, o que incentiva
a destruição da maior floresta tropical
do planeta. Além disso, o aumento do desmatamento
coincide com pressão dos governadores dos
estados amazônicos, capitaneados por Blairo
Maggi, governador do Mato Grosso, para rever medidas
estruturantes de combate ao desmatamento, como o
corte de crédito para quem destrói
a floresta.
"É preciso mudar a
política de incentivos financeiros para atividades
predatórias e passar a investir em atividades
responsáveis, que considerem a floresta em
pé. É possível zerar o desmatamento
na Amazônia até 2015, associando desenvolvimento
econômico na região com proteção
das florestas", diz Adario.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, também divulgou nesta segunda-feira
uma lista dos 100 maiores desmatadores do país,
em que o Incra lidera como o campeão da destruição
da floresta. Conheça nosso relatório
Assentamentos de Papel, Madeira de Lei - Parceria
entre Incra e madeireiros ameaça a Amazônia.
+ Mais
Sujou! Leilões de energia
priorizam usinas térmicas a óleo combustível
01 de Outubro de 2008 - Usinas
termelétricas a carvão, como essa
da Alemanha, são as principais fontes de
emissões de gases do efeito estufa, contribuindo
para o aquecimento global.
São Paulo (SP), Brasil — Brasil terá
34 termelétricas fósseis nos próximos
cinco anos. De renováveis, foi comercializada
energia de apenas duas usinas.
Sujaram a matriz elétrica
brasileira. Leilões realizados no último
dia 17 de setembro e nesta terça-feira (30/9),
para comercializar energia que deve entrar no sistema
interligado em 2013.
Na terça-feira, foram contratados
5.566 MW e apenas 5% desse total será gerado
por empreendimentos renováveis. O preço
médio final ficou em R$ 145,23 por MWh para
a energia térmica e R$99/MWh para a energia
hidrelétrica. De 24 empreendimentos que venderam
energia às distribuidoras, 17 deles foram
térmicas a óleo combustível,
quatro térmicas a gás natural liquefeito
e uma térmica a carvão mineral importado.
De energias renováveis, apenas uma usina
a bagaço de cana e uma hidrelétrica.
No leilão realizado no
dia 17, o resultado foi ainda pior. Toda a energia
contratada foi de empreendimentos termelétricos,
com 10 termelétricas a óleo combustível
e duas a gás natural. O leilão comercializou
1.935,39 MW de potência a um preço
médio de R$ 128,42 por MWh. Essa energia
deve integrar o Sistema Interligado Nacional já
em 2011.
"Ainda que o leilão
de energia de biomassa ocorrido em agosto vá
contribuir para a geração futura de
eletricidade limpa, o resultado destes últimos
leilões reforça a tendência
de poluição da matriz elétrica
brasileira nos últimos anos", afirma
Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energias
Renováveis do Greenpeace Brasil.
"O país está
contrariando as medidas de mitigação
de mudanças climáticas e aumentará
e muito suas emissões de gases de efeito
estufa. O potencial de geração por
energias renováveis e de baixa emissão
é enorme no país e a viabilização
dessa energia depende de vontade política",
afirma Baitelo.
Por enquanto, a energia eólica
ainda aguarda a realização de um leilão
exclusivo, programado para o início de 2009,
e a Comissão Especial de Energias Renováveis,
da Câmara dos Deputados, trabalha na elaboração
de um novo marco regulatório para as energias
renováveis. Uma análise sobre as políticas
nacionais para energias renováveis pode ser
vista no relatório A Caminho da Sustentabilidade
Energética.