Brasília
(30/09/2008) – Uma megaoperação de
fiscalização, comandada pelo Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), localizou e destruiu 27 fornos que serviam
a carvoarias clandestinas e 13 barracos de palha
e lona usados como apoio ao garimpo e à extração
de madeira para carvão no Parque Nacional
das Sempre Vivas. A unidade de conservação
fica nos municípios de Diamantina, Bocaiúva,
Buenópolis e Olhos D'água, em Minas
Gerais.
Foram apreendidos ainda armas,
material explosivo usado em detonação,
ferramentas empregadas nas práticas ilícitas
e até um caminhão carregado de carvão
sem documento de origem do produto. Os fiscais do
ICMBio contaram com o apoio de agentes da Polícia
Federal lotados em Belo Horizonte (MG). A operação,
que durou mais de vinte dias (de 28 de agosto a
19 de setembro), resultou na autuação
dos responsáveis pelos crimes ambientais
e no embargo das áreas utilizadas para garimpo
e exploração da madeira que era transformada
em carvão.
O Parque Nacional das Sempre-vivas
tem 124,5 mil hectares e está situado em
uma região repleta de rios e cachoeiras,
matas de galeria e campos de altitude dentro da
Serra do Espinhaço. Ganhou essa denominação
devido a pequenas flores típicas encontradas
somente nesta região e conhecidas popularmente
como sempre-vivas.
DENÚNCIAS – A operação,
batizada de “Fiscalização Sempre-Vivas”,
foi montada a partir de denúncias encaminhadas
à direção do parque. Com base
nessas informações, a equipe de fiscais
do ICMBio se deslocou até as áreas
citadas para flagrar as irregularidades.
De acordo com o coordenador de
Proteção Ambiental do ICMBio, Paulo
Carneiro, operações como essa serão
intensificadas na reserva. “O Parque das Sempre-Vivas
é uma unidade relativamente nova que ainda
não tem um plano de manejo. Como a região
sofre com a exploração de madeira,
carvão, garimpos e coleta de sempre-vivas,
a presença dos fiscais é extremamente
necessária para a sua preservação”,
diz ele.
Segundo Carneiro, o ICMBio adotou
as medidas administrativas, como autuação
dos responsáveis pelos crimes ambientais,
embargos de áreas, apreensões e notificações.
“Encontramos dentro do parque áreas exploradas
por carvoarias clandestinas. A atividade parece
estar associada à garimpagem ilegal de cristais
e ouro”, aponta.
Os 27 fornos e 13 barracos de
palha e lona usados exclusivamente para essas duas
atividades foram destruídos pelos fiscais
e agentes. “Também verificamos vários
pontos de garimpos sem licença no entorno
da unidade de conservação”, lamenta
o coordenador.
Os fiscais flagraram ainda, dentro
do Parque e no seu entorno, alguns casos de retirada
de madeira usadas para comercialização
ou construção de cercas. Na reserva
legal do Plano de Assentamento Betinho, foi descoberta
a extração de aroeira sem autorização.
“Os responsáveis foram autuados e as madeiras
apreendidas”, informou Carneiro.
A fiscalização descobriu
também uma cerca que vinha sendo construída
no interior do parque. O responsável foi
notificado para desfazer a cerca em 30 dias. “As
ações conjuntas com os agentes da
Polícia Federal vão continuar e novas
operações deverão contemplar
áreas do parque que ainda não foram
visitadas”, garante Paulo.
Ascom/ICMBio
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Esec Raso da Catarina introduz
novas técnicas de preservação
ambiental
Brasília (01/10/2008) –
Com a aprovação dias atrás
do plano de manejo, a equipe da Estação
Ecológica Raso da Catarina, na Bahia, estuda
a introdução de novas técnicas
de vigilância e de preservação
ambiental, principalmente de animais em extinção,
como a arara-azul-de-Lear, que tem na região
sul da Esec seus principais pontos de convívio
e alimentação.
Com a aprovação
do plano, a equipe mantém também o
calendário de formalização
da estação ecológica em dia.
Outro passo importante foi o início das atividades
para formação do conselho consultivo.
Desde agosto, os técnicos da estação
ecológica promovem reuniões com lideranças
comunitárias das cidades e povoados do entorno
sobre a importância da criação
do conselho.
O mapeamento dos 99.772 hectares
da região está em fase de conclusão
e, de acordo com o chefe da estação
ecológica, Ely Enéas Florentino de
Souza, a equipe já fez o levantamento do
número de associações de cada
povoado da zona de amortecimento, do nome dos presidentes
e contatos e colheu informações relevantes
sobre a infra-estrutura, como dados sobre eletrificação,
abastecimento, postos de saúde e educação.
A zona de amortecimento abrange os municípios
de Santa Brígida, Macururé e Canudos
e o acesso é difícil.
A equipe que realiza o levantamento
de dados biológicos quantitativos no semi-árido
da Bahia promoveu uma expedição entre
os dias 23 e 31 de agosto para colher informações
das diferentes fitofisionomias da unidade de conservação
e dar continuidade aos levantamentos florísticos
de áreas predeterminadas pelos pesquisadores.
Com essas ações,
a equipe pretende prover a Esec de todos os instrumentos
jurídicos, administrativos, ambientais, sociais
e científicos contra o desmatamento e outros
tipos de degradação ambiental, bem
como criar mecanismos para estimular o desenvolvimento
sustentável da região.
Situada na porção
mais seca do Estado da Bahia, entre os municípios
de Paulo Afonso, Jeremoabo e Rodelas, a Esec Raso
da Catarina abrange seis municípios pertencentes
a duas mesorregiões da unidade da Federação:
o Vale do São Francisco e o Nordeste Baiano.
A unidade abriga uma amostra representativa do bioma
caatinga.