13/10/2008
- Campanha Cílios do Ribeira inicia mais
um projeto-piloto de plantio. Serão 3, 8
hectares de áreas recuperadas no município
paranaense com a participação de estudantes
das comunidades locais.
A Campanha Cílios do Ribeira,
pela recuperação das matas ciliares
d Vale do Ribeira (SP e PR) realizou em 8 de outubro
o primeiro plantio de mudas nativas no Paraná,
em Adrianópolis. Trata-se de mais um projeto-piloto
que vem se somar ao de Ilha Comprida e Apiaí,
na porção paulista do Vale do Ribeira.
Aproximadamente 40 alunos das primeiras séries
do ensino fundamental da Escola Municipal Valdinei
José Alves da comunidade Epitácio
Pessoa, e também alunos dos cursos técnicos
de Produção Leiteira e Processamento
Lácteo participaram do plantio.
A iniciativa contou com os parceiros habituais da
campanha no Paraná. IAP (Instituto Ambiental
do Paraná) e a Emater-PR, disponibilizaram
juntos 300 mudas de espécies florestais nativas
utilizadas no plantio, distribuídas em uma
área de 0,15 ha.
Os técnicos da campanha
e da Emater orientaram e acompanharam a realização
do plantio no Rio Perão, afluente do Ribeira,
na propriedade do Sr. Diocélio Cordeiro dos
Santos, presidente da Associação Eco
Verde. Diocélio também está
iniciando um trabalho de SAFs (Sistemas Agroflorestais)
em sua propriedade e revela que tem intenção
e fomentar as práticas de cultivo agroecológico,
consolidando a Associação Ecoverde
e incentivando o manejo adequado dos modos de produção
nas propriedades vizinhas.
A preparação do
plantio começou com um trabalho prévio
de Educação Ambiental na escola municipal.
Foram realizadas conversas com as crianças
nas quais técnicos da campanha e da Emater-PR
com a colaboração dos alunos do Curso
Técnico, explicavam a importância da
recuperação das matas ciliares e da
biodiversidade do Rio Perão, e os convidavam
a participar da atividade.
O engenheiro florestal, Marcos
Diniz, técnico da campanha, aproveitou a
estrada que corta o Rio Perão, que apresentava
sulcos de erosão e aproveitou para mostrar
e explicar ao vivo de que forma esse material é
carreado para dentro do rio e como a mata ciliar
pode auxilar a contê-lo.
Na caminhada até o Rio Perão, Marcos
Diniz, técnico da campanha, mostra a erosão
na estrada e os prejuízos que causa por falta
de mata ciliar
A professora Maria do Carmo Alves
Soares, que leciona na escola municipal, reconhece
a importância de envolver os alunos na atividade.
“Estimula o interesse pela questão ambiental
e ele ficam muito contentes por estarem colaborando
com a Campanha”.
Outra propriedade que também
deu início ao plantio de mudas foi a Sr Durvalino
Francisco dos Santos e de seu filho Paulo dos Santos,
responsável pela iniciativa na propriedade.
Novamente, os técnicos da campanha contaram
com a ajuda dos estudantes do Curso Técnico
com os parceiros que cederam as mudas. Localizada
às margens do Rio São Sebastião,
a propriedade terá uma área recuperada
de 1, 6 ha, com 3.200 mudas plantadas. Os proprietários
cercaram o local e fizeram o preparo do solo. Ao
final, não escondiam a satisfação
por estarem cumprindo sua parte e ofereceram um
belo café aos participantes.
No município de Adrianópolis
o projeto-piloto de recuperação das
matas ciliares da campanha deve totalizar 3,8 hectares.
Ficou decidido em reunião que áreas
prioritárias serão definidas o que
envolverá outras propriedades neste primeiro
piloto.
Sobre a Campanha Cílios
do Ribeira – Lançada em agosto de 2007, na
cidade de Registro, com apoio de diversas organizações
da sociedade civil, do poder público, de
produtores rurais, agricultores familiares, universidade,
pesquisadores entre outros, a Campanha Cílios
do Ribeira pretende recuperar as matas ciliares
do Vale do Ribeira. Nos últimos 20 anos,
a região, um dos últimos remanescentes
de Mata Atlântica em área contínua,
localizada entre os estados de São Paulo
e Paraná, perdeu mais de 10 mil hectares
de matas ciliares, o que vem causando degradação
ambiental com a perda da biodiversidade e o assoreamento
dos rios ameaçando a sobrevivência
das comunidades locais.
Para saber mais acesse www.ciliosdoribeira.com.br
+ Mais
Experiências de conservação
na Bacia do Xingu serão exibidas em feira
no Mato Grosso
13/10/2008 - Canarana, cidade
matogrossense, sedia esta semana o II Encontro Nascentes
do Xingu e a I Feira de Iniciativas Socioambientais,
entre 16 e 18 de outubro, nos quais serão
exibidos projetos, atividades e as ações
da Campanha Y Ikatu Xingu nos últimos quatro
anos. Questões como energia, infra-estrutura
e mercado de carbono na região do Xingu estarão
em debate e experiências inéditas com
restauração florestal realizadas por
proprietários rurais, agricultores familiares
e índios estarão em 35 estandes.
Agricultores familiares, grandes
produtores rurais e índios da região
do Xingu no Mato Grosso irão expor suas iniciativas
de conservação e recuperação
dos recursos naturais no II Encontro Nascentes do
Xingu e I Feira de Iniciativas Socioambientais,
a partir desta quinta-feira 16 de outubro, no Parque
de Exposições Cidade Jardim, em Canarana,
a 800 quilômetros de Cuiabá. Os eventos
se encerram no dia 18, sábado.
A idéia é mostrar
projetos e iniciativas empreendidos pela Campanha
Y Ikatu Xingu nos últimos quatro anos, que
aliem conservação dos recursos naturais
da Bacia do Xingu – em especial das matas ciliares
- e alternativas econômicas sustentáveis.
Trinta e cinco estandes exibirão iniciativas
divididas nas categorias: Recuperação
Florestal, Adequação Socioambiental,
Educação Socioambiental, Alternativas
Econômicas Sustentáveis e Iniciativas
Socioambientais dos Povos Indígenas.
Para se ter uma idéia,
na Bacia do Xingu existem 22.525 nascentes. Porém,
dados recentes sobre desmatamento no Mato Grosso
apontam para a necessidade de ações
urgentes voltadas à conservação
da água na região: até o ano
passado, foram desmatados cerca de 300 mil hectares
somente na beira dos rios. Daí a necessidade
de incentivar e implementar iniciativas realizadas
de forma compartilhada com produtores e trabalhadores
rurais, movimentos sociais, pesquisadores, professores,
estudantes, governos, organizações
da sociedade civil e comunidades indígenas.
Mesas redondas, palestras, mini-cursos,
oficinas e estandes levarão ao público
amostras do que a campanha tem realizado na região,
além de promover a discussão sobre
temas relevantes para a população
que vive na Bacia do Xingu como mercado de carbono,
questão energética e de infra-estrutura,
diferentes usos econômicos do Cerrado e da
Floresta. Também se pretende desenhar novas
estratégias voltadas ao desenvolvimento territorial
sustentável, e iniciar as discussões
para a criação do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Xingu. Os interessados
em participar dos mini-cursos e das oficinas poderão
fazer suas inscrições durante os eventos.
Coleta de sementes, artesanato
e alimentação tradicional
Os índios Kaiapó,
Ikpeng, Xavante, Panará, Kisêdjê,
Yudjá, Kaiabi e Kamayurá vão
mostrar algumas das iniciativas socioambientais
que eles têm realizado. Os estandes vão
exibir enriquecimento de quintais e pomares, coleta,
beneficiamento e venda de sementes de espécies
de árvores nativas, apicultura, artesanato
e o resgate da alimentação tradicional.
Já os Xavante levarão
para a feira o Projeto UHÖ de manejo sustentável
de caça às queixadas em seu território.
Eles dependem da carne dos animais silvestres para
sua sobrevivência física, espiritual
e cultural, e a queixada (UHÖ) é uma
das espécies preferidas. Um estudo sobre
esses animais revelou a grande pressão que
os índios exerciam nas proximidades das aldeias
e daí surgiu o projeto de manejo sustentável.
Por meio dele, os Xavante estão promovendo
a conservação do Cerrado e da cultura
tradicional de seu povo, os jovens estão
sendo estimulados a caçar, atividade que
começou a ser esquecida desde o início
do contato com o homem branco. Medidas de fiscalização
do território e o acesso a novas áreas
de coleta enriqueceram seus conhecimento e sua dieta
tradicional.
Da produção orgânica
à recuperação de mata ciliar
Muitas das iniciativas destinadas
à recuperação das matas ciliares
e das Áreas de Preservação
Permanente (APPs) são realizadas nos Projetos
de Assentamentos (PAs) existentes na região
pelos agricultores familiares do PA Brasil Novo,
no município de Querência, e PA Jaraguá,
em Água Boa. Em seus lotes os agricultores
praticam da produção orgânica
de gêneros alimentícios até
a recuperação de áreas degradadas
por meio de técnicas agroecológicas,
como os Sistemas Agroflorestais (SAFs).
No PA Jaraguá, por exemplo,
criado em 1998 e onde vivem 400 famílias,
na região da Bacia Hidrográfica do
Rio Sete de Setembro, a agropecuária causou
forte impacto nas últimas décadas.
Em 2006, a Campanha Y Ikatu Xingu iniciou o projeto
"Agricultura e Matas Ciliares no PA Jaraguá"
com a intenção de proporcionar a 30
agricultores condições para que desenvolvessem
alternativas de produção sustentáveis
aliadas a técnicas de restauração
florestal e conservação de matas ciliares.
Os SAFs buscam unir o plantio
de espécies de crescimento rápido
– feijão-guandú, feijão-de-porco,
milho, abóbora - com o de espécies
de crescimento lento – pequi, baru, jatobá,
caju. As espécies de crescimento rápido
sombreiam aquelas de crescimento mais lento, além
de servirem de adubo verde, enriquecendo o solo
com matéria orgânica e nutrientes.
Assim, espécies nativas do Cerrado são
plantadas em consórcio com culturas temporárias.
Primeiro colhem-se milho, feijões e abóbora.
Após três ou quatro anos, algumas árvores
começam a frutificar e tornam-se fonte de
renda alternativa para o agricultor. Algumas famílias
do PA Jaraguá também estão
conciliando a prática do reflorestamento
e da conservação das matas ciliares
com a exploração de novas fontes de
renda sustentáveis.
Outro exemplo é o PA Brasil
Novo, em Querência, município vizinho
a Canarana. Os agricultores criaram a Associação
Comunitária Agroecológica Estrela
da Paz, que reúne 30 famílias. Criada
em 2003 pelos próprios agricultores, o objetivo
da Estrela da Paz era buscar alternativas de renda
para cerca de 40 parceleiros. Foi assim que se dividiram
em grupos para trabalhar com produções
específicas, como farinha, seringa, cachaça,
pupunha e ovelha. Cada família se envolve
nas atividades comunitárias de acordo com
seus interesses e conhecimentos.
A partir de 2006, os Sistemas
Agroflorestais (SAFs) começaram a ser introduzidos
no Brasil Novo por meio da Campanha Y Ikatu Xingu.
O uso de agrotóxicos foi eliminado e os agricultores
passaram a trabalhar com adubo verde e projetos
agroflorestais. Por exemplo, a beira do Córrego
da Serraria foi cercada e suas matas ciliares recuperadas
com os SAFs
Reflorestamento mecanizado, plantio
direto e SAFs
A Fazenda Simone, em Canarana,
deu início à recuperação
de uma área de três hectares de mata
ciliar ao redor da represa do Garapu. Com uma máquina
plantadeira de soja, começou um experimento
de reflorestamento mecanizado com base nos Sistemas
Agroflorestais (SAFs). Além disso, mais duas
técnicas de plantio estão sendo experimentadas
na beira da represa: o plantio manual de mudas e
o plantio de sementes a lanço.
Já na Fazenda Bang Bang,
no município de São José do
Xingu, está outro exemploda economia que
o produtor pode conseguir com o reflorestamento
feito com plantio direto. Em 2006, a fazenda começou
a participar do projeto Recuperação
de Nascentes e Matas Ciliares do Xingu - Um Exemplo
de Concertação Intersetorial, promovido
pela Campanha Y Ikatu Xingu, com financiamento do
Fundo Nacional do Meio Ambiente, e passou a receber
assistência técnica do ISA. Iniciou,
então, o plantio de sementes de 46 espécies
nativas em Sistema Agroflorestal (SAF), associando
espécies nativas ao feijão-guandú
e ao feijão-de-porco. Foram plantadasaté
o momento mais de 70 mil mudas de espécies
nativas e 1,5 tonelada de sementes em quase 104
hectares à beira de nascentes e cursos d’água
na propriedade. A área tornou-se um campo
experimental de reflorestamento em larga escala
e diversas técnicas foram ali testadas, incluindo
o plantio direto a lanço, com lançadeira
mecânica (Vincon) de sementes.
Gado com pequi
No Sítio Recanto Água
limpa, de 90 hectares, além de criar gado,
o proprietário, Sr. Édemo, plantou
arroz e milho por mais de dez anos. Em 1995, iniciou
o cultivo do pequi – árvore que é
símbolo do Cerrado – em consórcio
com o gado e hoje possui 5 mil pés de 20
variedades diferentes. No consórcio com o
pasto reside o diferencial da experiência:
à sombra dos pés de pequi, Édemo
cria cem bezerros. “Se você tem uma árvore
que lhe dá lucro, você não a
derruba. Tem árvore que dá mais de
dois mil frutos por ano, o que pode significar uma
bezerra por ano de renda. E dá pra você
consorciar o gado com o pequi, e deixar aquela floresta
no lugar”, avalia o agricultor.
Em 2006, ele participou do processo
de formação de agentes socioambientais,
realizado pela Campanha Y Ikatu Xingu e seus parceiros,
e se comprometeu a implementar uma série
de ações em sua propriedade. Cercou
as matas ciliares e passou a enriquecê-las
através dos Sistemas Agroflorestais (SAFs).
Junto dos pés de pequi, ele planta mangaba,
cagaita, baru, murici, araticum e jatobá.
“Meu sonho é ver os campos do cerrado cobertos
de pés de pequi”. Para difundir seu conhecimento
e suas experiências, Édemo realiza
palestras e seminários sobre cultivo de frutos
do Cerrado na Universidade de Brasília (UnB),
na Embrapa e nos municípios de São
Félix do Araguaia e Confresa. Em Confresa,
onde há mais de 36 mil assentados, ele dissemina
a idéia de combinar pasto com pequi nos assentamentos
para aumentar a produtividade e criar uma nova fonte
de renda para as famílias.
Esta e outras experiências
podem ser conferidas nos estandes da feira, no Parque
Cidade Jardim, em Canarana.
Os eventos desta semana serão
realizados pelo ISA e pela Prefeitura de Canarana,
em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Lucas do Rio Verde, Instituto Centro de Vida
(ICV), Fórum Matogrossense de Meio Ambiente
e Desenvolvimento (Formad) e Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia (Ipam), com apoio da
Fundação Rainforest da Noruega, União
Européia, Usaid/The Nature Conservancy e
Fundação Doen.