Sandra
Tavares - Brasília (13/10/2008) - O Parque
Nacional do Iguaçu dará início,
em janeiro de 2009, aos trabalhos para tentar salvar
da extinção a última população
viável de onças-pintadas (Panthera
onca) do sul do país por meio do projeto
Carnívoros do Iguaçu. O objetivo é
pesquisar e garantir a conservação
dos carnívoros silvestres e suas presas de
relevante valor ecológico, a partir de uma
parceria em conjunto entre o poder público,
organizações não governamentais
e iniciativa privada.
O ato da assinatura do convênio
aconteceu na sexta-feira, 10, no Hotel das Cataratas
com a presença de Philip Steven Carruthers
e Celso do Vale (Orient-Express Hotels do Brasil
S.A), Ronaldo Gonçalves Moratto (Centro Nacional
de Pesquisa para a Conservação dos
Predadores Naturais - Cenap), Dinarte Antonio Vaz
(Secretaria do Patrimônio da União
- SPU), Julio Gonchoronsky e Jorge Pegoraro (Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
- ICMBio).
A reativação do
Projeto Carnívoros, inativo desde 2001, se
deve ao cumprimento da cláusula de arrendamento
do Hotel das Cataratas, que prevê, como forma
de compensação, o financiamento do
projeto por parte do vencedor do edital lançado
em 2006. O vencedor foi a empresa Orient Express
Hotels do Brasil S.A. que financiará o projeto
por 8 anos com o custo de R$ 1,4 milhão.
O projeto terá gestão
e coordenação direta da administração
do Parque Nacional do Iguaçu e apoio do Instituto
Pró-Carnívoros. A proposta é
de, numa primeira fase, com duração
de três anos, fornecer dados sobre onde e
como estão distribuídas as espécies
estudadas. Haverá continuidade, por mais
cinco anos, dos levantamentos, todos com avaliação
anual.
Os técnicos das instituições
envolvidas no projeto terão prazo, até
o final deste ano, para montar a estrutura de trabalho
incluindo a instalação da base, compra
de equipamentos, contratação de mão-de-obra,
entre outros.
Além das técnicas
mais usuais, serão utilizados equipamentos
de última geração para o monitoramento
dos animais, incluindo captura e colocação
de rádio-colares com Sistema de Posicionamento
Global (GPS) nas espécies alvo do estudo.
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Fernando de Noronha, Lençóis
Maranhenses e Pantanal Matogrossense receberão
investimentos de R$ 11,4 milhões para apoio
a conservação ambiental
Sandra Tavares - Brasília
(14/10/2008) - O Ministério do Meio Ambiente,
o Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade e o grupo EBX assinam nesta terça-feira
(14), às 16 horas, na Sala Multimídia,
no Ministério do Meio Ambiente, Termos de
Cooperação Operacional e Financeira
que prevêem investimentos de R$ 8,9 milhões
nos parques nacionais de Fernando de Noronha, em
Pernambuco, Lençóis Maranhenses, no
Maranhão. Além desses termos, será
assinada Carta de Intenções entre
grupo EBX e ICMBio reforçando, com recursos
na ordem de R$ 2,5 milhões, o acordo de cooperação
técnica já assinado entre ICMBio e
o Instituto Homem Pantaneiro para estruturar o Parque
Nacional do Pantanal Matogrossense, no Mato Grosso.
Fernando de Noronha receberá
4,7 milhões, dos quais R$ 1,7 milhões
serão investidos em infra-estrutura e R$
300 mil para aplicação direta na manutenção
do parque nacional, anualmente pelo período
de 10 anos.
Lençóis Maranhenses
receberá o montante de R$ 4,2 milhões,
dos quais R$ 1,8 milhões serão investidos
em infra-estrutura e R$ 240 mil, anualmente, por
10 anos, na manutenção do Parque Nacional
dos Lençóis Maranhenses.
Pantanal Matogrossense receberá
R$ 500 mil anualmente, por cinco anos, totalizando
R$ 2,5 milhões voltados para a conservação
ambiental e execução do Plano de Manejo
da unidade de conservação.
A parceria ICMBio e Instituto
Homem Pantaneiro, no caso do Pantanal, apoiará
a execução do plano de manejo. O objetivo
é proteger e preservar o ecossistema pantaneiro
e sua biodiversidade, promovendo o equilíbrio
dinâmico e a integridade ecológica
dos ecossistemas contidos no parque.
O Instituto Chico Mendes, por
meio da Diretoria de Unidades de Conservação
de Proteção Integral, fará
a coordenação e execução
das ações previstas no plano de trabalho
detalhado para cada unidade de conservação,
em conjunto com os chefes das unidades de conservação.
Um grupo gestor, formado por representantes de ambos
os parceiros acompanhará a execução
das atividades e a prestações de contas.
Ascom/ICMBio
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Turismo em parque no extremo Norte
do País beneficia ribeirinhos
Márcia Néri - Brasília
(15/10/2008) - O Parque Nacional do Cabo Orange,
no Amapá, acaba de lançar um projeto
pioneiro que poderá, por meio do ecoturismo,
melhorar a condição de vida dos ribeirinhos
que vivem no extremo Norte do País. Batizado
de "Experimentação do Turismo
de Base Comunitária no Parque Nacional do
Cabo Orange – Projeto Tartaruga Imbricata",
a proposta prevê uma aliança entre
a unidade, a população dos vilarejos
isolados pelos rios e mangues dos municípios
de Oiapoque e Calçoene e os visitantes interessados
em conhecer a região amazônica. Com
619 mil hectares, o parque faz fronteira com a Guiana
Francesa e tem bom potencial turístico.
A proposta, lançada na
terça-feira (14), é parte do Plano
de Uso Público do parque e fruto de uma parceria
entre a unidade e o grupo de turismo francês
Yatoutatou, que atua na Guiana Francesa. De acordo
com a analista ambiental e chefe substituta do Parque
Nacional do Cabo Orange, Kelly Bonach, a presença
do turista colabora para a proteção
da mata e da biodiversidade, visto que ele compete
com as atividades ilegais e traz uma nova alternativa
de renda para as comunidades do entorno. “A região
do Parque é bem rústica, com 200 km
de mangues e muitas áreas alagadas. Os barcos
são a única forma de locomoção
porque a dificuldade de acesso a áreas de
terra firme é enorme. Ainda assim, infelizmente,
a exploração de algumas espécies
já chegou até aqui. Embora bem preservada,
a unidade vem sofrendo ações constantes
de embarcações pesqueiras vindas do
Pará”, lamenta Kelly.
Para a analista, o Projeto Tartaruga
Imbricata promoverá a gestão compartilhada
do Parque com as comunidades, a divulgação
das riquezas naturais e culturais e uma maior confiabilidade
do homem ribeirinho em relação à
Unidade de Conservação. "O turismo
francês é uma realidade no Oiapoque.
Dados da Polícia Federal revelam que a região
recebe, todos os dias, cerca de 300 franceses. Queremos,
então, que esse turismo seja integrado às
necessidades locais e se transforme em um fomentador
de melhorias", explica. “É interessante
que, além de ter a oportunidade de apreciar
as belezas cênicas do Parque, eles vivenciem
a rotina dos ribeirinhos, participando diretamente
de alguma atividade”, acrescenta Kelly.
Desde terça-feira, e até
a sexta (17), uma equipe de 12 pessoas, incluindo
analistas do PNCO, moradores de vilas locais e profissionais
de turismo da Guiana Francesa visita, a bordo da
lancha francesa Papijo, as comunidades de Taparabú,
Vila Velha do Cassiporé e a sede do parque,
em Taperebá. "Essa viagem é o
primeiro passo concreto do Projeto Tartaruga Imbricata,
que é experimental e terá duração
de dois anos. Nela, promoveremos reuniões
com os ribeirinhos e planejaremos a primeira experiência
com turistas, já programada para dezembro
de 2008”, conta a representante do PNCO. Na expedição,
será discutido e avaliado de que forma os
visitantes estrangeiros poderão contribuir
para a construção de algo significativo
e interessante para as comunidades e para o Parque.
Empolgada com a idéia,
a analista ambiental adianta que se a fase experimental
apontar para a concretização do projeto,
as comunidades serão preparadas para se organizar.
Assim, poderão atender tanto suas próprias
necessidades, quanto a dos grupos de turistas franceses.
“Como representantes do Parque, planejamos auxiliar
na formação de associações
e cooperativas. Essa iniciativa ajudará a
população interagir com os visitantes.
Sempre, é claro, priorizando a preservação
do Parque e qualidade de vida dos locais”, lembra.
Kelly Bonach, que é médica
veterinária, cita um exemplo de como a aliança
entre a unidade de conservação, os
ribeirinhos e os turistas pode funcionar. “Vamos
supor que o Parque precise recuperar uma população
de tartarugas. Nosso projeto incentivaria a comunidade
a cuidar da área de reprodução,
dos ovos e dos filhotes manejados. O turista que
visita, por sua vez, seria motivado a investir na
comunidade. Doações de ferramentas
necessárias ao cuidado desses animais ou
até mesmo de materiais para a reforma de
estruturas físicas que beneficiem os ribeirinhos
são itens que sempre serão bem-vindos”,
cita.
Na fase de experimentação,
os turistas terão o barco e a base do Parque
como apoio. Mas, os analistas ambientais do PNCO
estão em negociação com a Fundação
O Boticário de Conservação
da Natureza. “Se fecharmos mais essa parceria, os
ribeirinhos poderão construir cabanas e banheiros
rústicos para que os turistas possam passar
uma noite ou duas em redes. Por enquanto, os grupos
experimentais serão recebidos na base do
Parque, em Taperebá, e o barco regional,
que tem 12 camas, banheiro e cozinha, apoiará
as atividades”, revela Bonach.
A comunidades ribeirinhas vivem
da agricultura de subsistência e da pesca.
Eles plantam melancia, mandioca, banana e cacau.
Durante a concepção do proposta de
experimentação, representes comunitários
visitaram a Guiana Francesa com os analistas do
Parque para conhecer o turismo no território
francês. O projeto está licenciado
pelo Sistema de Autorização e Informação
em Biodiversidade (Sisbio) e busca o apoio de universidades
e órgãos, públicos ou privados,
dispostos a capacitar os ribeirinhos ao longo desses
dois anos. O objetivo é formar guias turísticos
e habilitar moradores a trabalhar com a venda de
produtos manufaturados nos vilarejos. A concepção
do projeto também foi compartilhada, discutida
e aprovada pelo Bioma Amazônia, do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
O Parque
O Parque Nacional do Cabo Orange,
criado em 1980 no Norte do litoral amapaense, ocupa
uma faixa litorânea de 200 km de extensão,
incluindo uma área marítima de 10
km mar adentro. É constituído por
mangues, campos e florestas alagados e uma pequena
porção de mata em terra firme na porção
sul.
O principal eixo de penetração
é o Rio Cassiporé, cuja ocupação
humana, pouco densa, é antiga. Constituída
por pequenos povoados disseminadas ao longo do rio,
esta ocupação concentra-se hoje em
duas vilas principais: a Vila de Taperebá
e a Vila Velha. Situada na zona de amortecimento,
a última é a mais povoada e conta
com aproximadamente 40 famílias e trezentos
habitantes. Ao sul do Parque, na área de
entorno, está a Vila de Cunani, teatro de
vários episódios da história
amapaense e provavelmente área de quilombo.
O PNCO foi a primeira unidade
de conservação federal criada no Amapá,
estado que tem atualmente 55% de seu território
protegido por parques, reservas e terras indígenas.
Suas terras foram habitadas por várias populações
indígenas e, posteriormente, disputadas ao
longo de séculos por portugueses, franceses,
ingleses e holandeses. Os registros materiais e
culturais da história dessa região
estão presentes em vários pontos do
parque nacional.
Ascom ICMBio