16
de Outubro de 2008 - Bruno Bocchini - Repórter
da Agência Brasil - São Paulo
- Pesquisa divulgada nesta semana em São
Paulo mostra a responsabilidade na destruição
da floresta amazônica de empresas que
atuam no Sudeste do país. O estudo
Conexões Sustentáveis São
Paulo – Amazônia expôs casos de
13 organizações que se beneficiam
direta ou indiretamente do desmatamento da
maior floresta do planeta.
A pesquisa foi feita por
iniciativa do Fórum Amazônia
Sustentável e do Movimento Nossa São
Paulo e executada pelas organizações
não-governamentais Repórter
Brasil e Papel Social Comunicação.
“A pesquisa comprovou que
existe uma relação comercial
não-sustentável entre empresas
de São Paulo e empresas que compram
produtos da Amazônia, que fazem o beneficiamento
de matérias-primas vindas da Amazônia.
Na base do processo produtivo existem fornecedores
que são sistematicamente multados pelos
órgãos ambientais ou que são
proprietários de áreas embargadas,
ou que estão na 'lista suja' do trabalho
escravo”, explicou Marques Casara, um dos
coordenadores do estudo.
A empresa Quatro Marcos,
quarto maior frigorífico do país
em número de abates e fornecedora de
carne bovina para o varejo paulistano, é
uma das citadas na pesquisa. De acordo com
o estudo, a organização apresenta
graves problemas ambientais e trabalhistas
e comprou gado de empregador que figura na
“lista suja” do trabalho escravo.
A unidade localizada em
Juara, no bioma amazônico, teve suas
atividades embargadas pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) em junho de 2008 por operar sem licença
ambiental.
Por meio da sua assessoria
de imprensa, o frigorífico afirmou
que a posição oficial da empresa
já havia sido entregue aos pesquisadores.
No texto, a organização diz
que a empresa por meio da "contratação
de uma consultoria externa vem passando por
um momento de reestruturação
e reorganização de processos
das suas atividades”.
A resposta também
diz que “com uma nova gestão definida
e em plena ação vêm se
desenhando caminhos a serem seguidos pelo
frigorífico, por meio da definição
de estratégias, e, como não
poderia ser diferente, pela sua importância
no cenário nacional e mundial, a questão
de sustentabilidade estará sendo devidamente
desenvolvida e trabalhada”.
Outro caso apresentado no
estudo é da Metalsider, empresa mineira,
fornecedora de ferro-gusa para a indústria
automobilística, que mantém
relações comerciais com a A.S.
Carvão e Logística, organização
que aparece na atual lista de trabalho escravo.
Procurado pela reportagem, o diretor da empresa,
Bruno Melo Lima, afirmou que a Metalsider
tem atualmente centenas de fornecedores e
que seria "inviável" manter
um funcionário em cada um deles para
analisar as condições de trabalho.
Lima ressaltou ainda que
a empresa faz visitas e alertas freqüentes
a seus fornecedores. No entanto, mesmo estando
ciente da situação da Carvão
e Logística, Lima não confirmou
que a Metalsider tenha deixado de consumir
matérias-primas da fornecedora.
Aos pesquisadores, a Metalsider
afirmou que havia sido informada que a fornecedora
firmou um Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) com o Ministério Público
"e que, por isso, a manutenção
do nome desta empresa em lista suja é
um equívoco que está sendo solucionado
pela mesma". "Desta forma, aguardamos
posicionamento desta empresa, inclusive para
que exclua o nome daquela lista, sob pena
de não mais efetivarmos transações
comerciais”, completou a Metalsider.
Os pesquisadores advertem,
no entanto, que o TAC não representa
uma reparação que possibilitasse
a retirada do nome da lista suja. "Eles
têm total responsabilidade sobre a origem
da matéria-prima. Eles têm total
responsabilidade sobre as empresas que eles
ajudam a existir por conta da compra de produtos.
Hoje em dia já existem mecanismos de
monitoramento de cadeias produtivas bastante
eficientes e que podem ser usados pelas empresas",
ressaltou o coordenador da pesquisa.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,
reconheceu a importância do estudo e
afirmou que encaminhará os dados aos
setores de fiscalização. “Todo
o material que me foi entregue será
amanhã [hoje, dia 16] colocado na mão
da fiscalização do Ibama e será
procedida com o máximo rigor a apuração
dos responsáveis”, afirmou em São
Paulo, após participar da formalização
de pactos entre empresas e governo para garantia
do cumprimento de direitos sociais e da preservação
dos recursos naturais.
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Empresas de São Paulo
firmam pacto pela preservação
de recursos naturais
16 de Outubro de 2008 -
Bruno Bocchini - Repórter da Agência
Brasil - São Paulo - Representantes
de cadeias produtivas de madeira, soja e pecuária
bovina assinaram pactos pela comercialização
de produtos da Amazônia destinados à
cidade de São Paulo com garantia do
cumprimento de direitos sociais e a preservação
dos recursos naturais. Os termos de compromisso
foram assinados ontem (15), em evento que
contou com a presença do ministro do
Meio Ambiente, Carlos Minc.
"O pacto dá
visibilidade para um compromisso público
com a sociedade, e a gente reconhece que São
Paulo gera impacto sobre a Amazônia
e que existem maneiras mais legais e mais
ambientalmente responsáveis de comercializar
madeira na cidade de São Paulo",
afirmou Karla Aharonian, gerente de produtos
ecológicos da Eco Leo, da Leo Madeiras,
uma das signatárias.
O pacto da madeira recebeu
28 adesões de empresas intermediárias,
redes de comércio direto com o consumidor
e organizações não-governamentais.
O termo de compromisso da pecuária,
referente ao comércio de carne, obteve
17 assinaturas, entre frigoríficos,
indústrias alimentícias, supermercados
e organizações sociais. Já
o pacto da soja reuniu 13 adesões iniciais
de redes de supermercados e entidades da sociedade
civil.