22/10/2008
- Com uma produção anual de 2,6 kg
por habitante, o Brasil contribui com menos de 1%
das 50 milhões de toneladas de resíduos
eletrônicos geradas, todos os anos, em todo
o mundo. Mas isso não deve ser motivo para
nos despreocuparmos, pois a indústria eletrônica
continua em expansão. Basta ver que, em 2007,
foram comercializados no país 10,5 milhões
de computadores e, segundo a Associação
Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica – ABINEE, o crescimento estimado
das vendas, para este ano, é de 28%.
É por este motivo que a
Secretaria do Meio Ambiente do Estado – SMA programou,
para o próximo dia 30 de outubro, o “Mutirão
do Lixo Eletrônico – Recicle, não descarte
essa idéia” que acontecerá, simultaneamente,
em 372 municípios, além da Capital,
com uma série de atividades de conscientização,
além da coleta de celulares, pilhas e baterias,
e orientações para a adequada destinação
de equipamentos como microcomputadores, impressoras
e outros aparelhos eletrônicos.
O objetivo do mutirão é
conscientizar a população sobre a
importância da destinação correta
do lixo eletrônico, cujos componentes, especialmente
os metais pesados, podem causar danos ao meio ambiente
e à saúde humana. Para isso, estão
sendo instaladas cerca de duas mil urnas nas prefeituras
que confirmaram a sua adesão ao mutirão.
Na Capital, a coleta será feitas nas estações
do Metrô e da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos - CPTM, terminais da Empresa Metropolitana
de Transportes Urbanos – EMTU, além de postos
nas lojas do Carrefour, parques, órgãos
do governo, subprefeituras e empresas.
Estão sendo distribuídos,
ainda, minicoletores que podem ser dispostos em
mesas de trabalho para armazenar celulares, pilhas
e baterias inservíveis, e posterior encaminhamento
para as urnas ou postos de coletas mantidos por
supermercados, órgãos públicos
e empresas.
Para esclarecer as dúvidas
de empresas e outros interessados em participar
do mutirão, a Secretaria do Meio Ambiente
criou uma página com as orientações
necessárias: www.ambiente.sp.gov.br/mutiraodolixoeletronico.
Nessa página, além de tirar as dúvidas,
constam os endereços de entidades que recolhem
computadores, impressoras e outros aparelhos eletrônicos
para reciclagem ou para reaproveitamento em projetos
de inclusão digital.
O mutirão contará
com o apoio da GM&Clog, empresa de transporte
e logística, que procederá à
coleta do lixo eletrônico acumulado e o enviará
à Umicore, uma empresa belga que fará
a reciclagem dos resíduos, recuperando os
metais para a fabricação de outros
produtos. Outras empresas vão colaborar:
na Vivo, os funcionários vestirão
camisetas do mutirão durante todo o dia 30
de outubro, para incentivar os clientes a aderirem
ao movimento, e no UOL serão espalhados “banners”
e cartazes, além de coletores para a deposição
de lixo eletrônico.
O lixo eletrônico
O lixo eletrônico, também
denominado “e-lixo”, não são apenas
materiais como pilhas e baterias e equipamentos
como celulares, computadores, televisores, rádios
e outros. Também os DVDs, CDs e lâmpadas
fluorescentes, entre outros, devem ser incluídos
na lista e que, se não tiverem uma destinação
adequada, podem acabar em aterros e lixões
e contaminar o solo e as águas, trazendo
danos para o meio ambiente e para a saúde
humana.
A preocupação é
com as substâncias tóxicas como chumbo,
cádmio, arsênio e mercúrio,
entre outras, presentes nas pilhas, baterias e placas
eletrônicas. Essas substâncias podem
entrar na cadeia alimentar através das águas
utilizadas na irrigação de produtos
agrícolas ou por absorção junto
com os nutrientes agrícolas. Podem ainda
ser ingeridas por organismos aquáticos, que
servem de alimentos aos peixes.
Alguns números mostram
a magnitude do problema. Só o Brasil consome,
todos os anos, 1,2 bilhão de pilhas e 400
milhões de baterias de telefone celular.
E o que é pior: estima-se que 40% das pilhas
comuns vendidas no Brasil sejam falsificadas, isto
é, produzidas sem controle podendo conter
um teor de metais pesados superior ao permitido
pela legislação ambiental.
Outro dado que justifica a preocupação
com a destinação adequada do lixo
eletrônico: o Brasil, que em 2007 comercializou
mais computadores do que televisores, deverá
duplicar o número de micros até 2012,
chegando à marca dos 100 milhões de
unidades. Esta expansão é decorrência
da rápida obsolescência dos equipamentos,
o que leva as empresas a substituírem os
computadores a cada quatro anos e os usuários
domiciliares a cada cinco anos.
O celular também é
motivo de preocupação, pois, a cada
segundo, são fabricados 23 aparelhos em todo
o mundo. O Brasil já possui 138 milhões
de celulares, ou 72 aparelhos para cada cem habitantes,
com tempo médio de utilização
de 18 meses.
Se, por um lado, um aparelho eletrônico,
em seu processo de fabricação, demanda
um grande volume de insumos – um chip, por exemplo,
exige 72 gramas de substâncias químicas
e consome 32 litros de água para ser produzido
-, por outro, seus componentes são passíveis
de recuperação. Num computador, 94%
de seus componentes são recicláveis.
Apesar disso, menos de 1% do lixo
eletrônico gerado no mundo é encaminhado
para reciclagem. E do percentual reciclado, 75%
é originado por fabricantes e das grandes
empresas.
Acesse o site:
www.ambiente.sp.gov.br/mutiraodolixoeletronico
Texto: Newton Miura Fotografia: José Jorge
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Encontro Técnico promove
discussão sobre mananciais da RMSP
22/10/2008 - Destacando o envio
do Projeto da Lei Específica da Billings
para a Assembléia Legislativa, há
um mês, o secretário estadual do Meio
Ambiente, Xico Graziano, fez uma apresentação
otimista sobre as metas de proteção
e recuperação dos mananciais que abastecem
a Região Metropolitana de São Paulo,
no dia 22.10, durante o IV Seminário e II
Encontro Técnico “Poluição
da Água e Gerenciamento de Recursos Hídricos”,
promovido pela Fundação Mapfre, no
câmpus da USP Leste, no bairro de Ermelino
Matarazzo.
O objetivo do evento foi promover
discussões sobre temas críticos em
torno do uso da água e contou com a participação
de estudantes da própria Escola de Artes,
Ciências e Humanidades da USP Leste, técnicos
da área de saneamento básico e representantes
de empresas, entre outros. Além de Graziano,
a mesa de abertura foi composta pelo diretor da
USP Leste, Dante de Rose Júnior, por Fátima
Lima, superintendente da Fundação
Mafpre no Brasil, e Ricardo Serpa, diretor do Itsemap
- Serviços Tecnológicos Mapfre do
Brasil.
Ressaltando os esforços
que vêm sendo desenvolvidos pela atual gestão
estadual, no sentido de tornar as políticas
públicas de meio ambiente duradouras, o secretário
afirmou que o futuro dos mananciais deve ser encarado
com otimismo. Ele lembrou que, apesar de 47,8% da
área da Bacia da Billings estar ocupada indevidamente,
52,2% ainda está conservada. Argumentou que
hoje são novas as condições
de crescimento da Região Metropolitana de
São Paulo, com a perda da “força fantástica
de atração” que a metrópole
tinha nos anos 70 e 80, assim como o êxodo
rural, hoje inexistente.
Xico Graziano lembrou que os poderes
públicos dispõem atualmente de novas
condições e estruturas, destacando
o recente concurso realizado pela Secretaria Estadual
do Meio Ambiente - SMA, que contará, a partir
de janeiro de 2009, com 300 novos funcionários,
especialistas ambientais, e o fortalecimento da
Polícia Militar Ambiental, dando como exemplo
o trabalho concretizado nos bairros cota em Cubatão,
onde em abril do ano passado, um efetivo de mais
de 100 policiais ambientais passou a atuar permanentemente
efetivando o congelamento das ocupações
irregulares naquela região crítica
da Serra do Mar.
Ele enfatizou, ainda, que a sociedade
civil está mais organizada e atuante, fazendo
denúncias e incentivando a cobertura dos
problemas e crimes ambientais pela imprensa. Por
outro lado, ele também recordou que a Secretaria
Estadual do Meio Ambiente vem promovendo ações
de educação ambiental, com as crianças,
na região da Guarapiranga, buscando a conscientização
ambiental quanto à necessidade de preservação
dos mananciais.
O secretário finalizou
sua exposição dizendo que o projeto
de lei específica da Billings traz muitas
novas possibilidades e que a efetiva recuperação
e proteção da bacia “vai depender
de todos nós, visando sair dos discursos
ambientalistas e partindo definitivamente para a
gestão de resultados”.
Texto: Mário Senaga Fotografia: José
Jorge