Brasília
(29/10/2008) – O Ministério do Meio Ambiente
deve começar, ainda neste ano, a monitorar
por satélite todos os biomas brasileiros.
O objetivo é combater o desmatamento. Além
da Amazônia, que já é rastreada
por sistema de sensoreamento remoto desde 1988,
serão cobertos o Cerrado, a Caatinga, a Mata
Atlântica, o Pantanal e o Pampa — num total
de 4,3 milhões de quilômetros quadrados,
uma área maior do que a Índia e sobre
a qual não há dados confiáveis
a respeito da degradação florestal.
A previsão é que as informações
estejam disponíveis a partir do ano que vem.
Com o monitoramento, será possível
elaborar com mais precisão políticas
públicas de conservação ambiental.
O projeto de monitoramento dos
biomas brasileiros via satélite é
uma parceria entre o PNUD, o Ministério do
Meio Ambiente e o Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
No primeiro ano — até 31 de dezembro de 2009
—, será financiado integralmente pelo PNUD,
que também será responsável
pelos editais para contratação de
pessoal e compra de equipamentos. No total, serão
disponibilizados US$ 663.997.
O monitoramento dos biomas será
iniciado pela leitura das imagens do Cerrado. De
acordo com Júlio Roma, técnico especializado
do ministério, esse é o bioma sob
maior pressão humana depois da Amazônia.
“A expansão das commodities agrícolas
está acontecendo atualmente no Cerrado. Este
seria o bioma sob forte impacto hoje, além
da Amazônia. Só que a Amazônia
já tem esse sistema de monitoramento que
está sendo bastante eficiente. Por isso priorizar
o Cerrado.”
A Amazônia é monitorada
por dois sistemas de satélite, o Prodes (Programa
de Cálculo de Deflorestamento da Amazônia)
e o Deter (Detecção do Desmatamento
em Tempo Real). O Prodes, implantado há 20
anos, mede a taxa anual de áreas totalmente
desmatadas; como a observação é
feita nos meses de seca, sem muitas nuvens, os dados
são detalhados e precisos. Já o DETER,
lançado em 2004, é um sistema de alertas
mensais que não mede áreas desmatadas,
mas lugares em que pode estar havendo desmatamento.
Seus dados são menos precisos porque muitas
vezes a observação é prejudicada
pelas condições climáticas.
O monitoramento dos outros biomas
será semelhante ao do Prodes, e terá
seus dados divulgados anualmente. Serão usadas
imagens do satélite chinês Cbers, do
americano Langsat e do japonês Alos. A interpretação
das informações ficará a cargo
dos técnicos do Centro de Monitoramento Ambiental
do Ibma, que, segundo Roma, será responsável
por toda a parte técnica do projeto.
Após o término do
financiamento do PNUD, no final do ano que vem,
o ministério vai buscar novas fontes de recurso,
até ser possível incluir o gasto do
monitoramento no orçamento do governo federal,
afirma o técnico. “A gente não está
falando de muitos recursos, então acreditamos
que vamos conseguir sem grandes dificuldades. Este
projeto com o PNUD é da ordem de R$ 1 milhão,
só que depois que a estrutura estiver funcionando
bem, os custos diminuem.”
O coordenador da unidade de meio
ambiente do PNUD, Carlos Castro, não descarta
possibilidade de a instituição disponibilizar
recursos adicionais para o projeto, caso ele tenha
sucesso. Para o coordenador, o monitoramento dos
biomas extra-amazônicos é de grande
importância, pois somente com este acompanhamento
será possível questionar o desmatamento
nessas regiões.
Ascom/PNUD
+ Mais
Instituto terá peso decisivo
na elaboração do plano de ação
para a Caatinga
Elmano Augusto - Brasília
(29/10/2008) – Os analistas do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
já identificaram pelo menos 1,8 milhão
de hectares de área na Caatinga que merecem,
por suas características ecológicas
e socioculturais, serem protegidos. O estudo vai
reforçar o plano de ação para
o bioma, lançado nesta quarta-feira (29)
pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em
evento no Conjunto Cultural da República,
na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Na ocasião, foram apresentados
ainda o Mapa das Unidades de Conservação
e Terras Indígenas da Caatinga, dois volumes
dos Guias Técnicos do Projeto e Uso Sustentável
da Caatinga e o folder e CD-ROM “Caatinga: conhecimentos,
descobertas e sugestões para um bioma brasileiro”.
Todo esse material é fruto de parceria entre
a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério,
a ONG The Nature Conservancy (TNC) e o Programa
das Nações Unidades para o Desenvolvimento
(PNUD). Parte dos recursos são do Fundo Global
para o Meio Ambiente (GEF).
De acordo com o termo de compromisso
assinado nesta quarta, o plano de ação
para a Caatinga será executado pelo ICMBio
e a TNC. O objetivo é promover até
2010 um amplo estudo sobre o bioma. Inicialmente,
serão localizadas as áreas prioritárias
para a preservação. Em seguida, será
indicada a melhor forma de gestão dessas
áreas, que pode ser a implantação
de novas unidades de conservação.
Antes, os responsáveis pelo trabalho deverão
apontar medidas para consolidar as UCs já
existentes.
“A Caatinga é o bioma mais
ameaçado e, ao mesmo tempo, o menos preservado.
Só 7% da região são protegidos,
sendo que 6% estão em unidades de conservação
de uso sustentável, onde se pode usar os
recursos naturais. Apenas 1% ficam dentro de unidades
de conservação de proteção
integral. Isso é pouquíssimo, mas
vamos mudar essa situação”, disse
o ministro Carlos Minc.
O presidente do ICMBio, Rômulo
Mello, destacou a parceria com a TNC e garantiu
que o Instituto dará atenção
especial à execução do plano
de ação para a Caatinga. “Essa parceria,
assim como tantas outras, é muito bem-vinda”,
disse Rômulo. Já a coordenadora do
Bioma Caatinga, Inês de Oliveira Dias, da
Diretoria de Proteção Integral do
ICMBio, disse, após a solenidade, que reforçará
a sua equipe para dar conta dos trabalhos de levantamento
de dados, pesquisa de campo e definição
das propostas que devem constar no relatório
final do plano.
Exclusivamente brasileira e principal
bioma da região Nordeste, a Caatinga ocupa
mais de 10% do território nacional e é
considerada o bioma semi-árido mais rico
do mundo em biodiversidade. Apesar disso, padece
de um crônico esquecimento por parte dos governos.
Com a instituição do plano, o Ministério
do Meio Ambiente quer mudar essa situação.
Além de proteger áreas de grande riqueza
ecológica, o plano vai apontar soluções
para o uso racional dos recursos naturais em benefício
dos moradores da região.
Serviço: o mapa das unidades
de conservação da Caatinga e as demais
publicações lançadas nesta
quarta-feira podem ser obtidas na Secretaria de
Biodiversidade e Floresta do Ministério do
Meio Ambiente. Saiba aqui, em resumo, o que elas
contêm.
Ascom/ICMBio