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COM ZONEAMENTO AGROECOLÓGICO NÃO HAVERÁ MAIS USINAS DE CANA NA AMAZÔNIA, DIZ MINC

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2008

20 de Novembro de 2008 - Flavia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse hoje (20) que o zoneamento agroecológico no pais está muito avançado e que, diante disso, não haverá novas usinas de cana-de-açúcar na Amazônia ou em qualquer outra área de vegetação primária ou de produção de alimentos.

Minc participou de reunião da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, em São Paulo. Ele destacou ainda que há a redução progressiva das queimadas, o uso da palha da cana para a produção de energia renovável e o uso do vinhoto para a produção de biogás e biofertilizante.

Quando questionado sobre a possibilidade do zoneamento agroecológico beneficiar as grandes propriedades, o ministro explicou que o zoneamento está definindo áreas - exceto as protegidas, as áreas de produção de alimentos e as impróprias por razões agrícolas - entre 40 milhões de hectares para que sejam excluídos destes 6,5 milhões de hectares.

“Há toda uma preocupação em associar a produção à inclusão social e à geração de emprego e renda, inclusive complementando etanol com biocombustível”, disse.

Segundo ele, já há 100 mil famílias incorporadas na produção de biocombustíveis e a meta é chegar a 60% da participação da matriz de transportes até 2010. No caso do etanol, a meta é aumentar essa participação nos transportes em 11% ao ano. “Isso vai evitar uma emissão de 508 milhões de toneladas de gás carbônico no período de 10 anos”, afirmou Minc.

O ministro disse que, para ter certeza de que o zoneamento agroecológico será respeitado, o governo enviará projeto de lei ao Congresso Nacional, propondo que o financiamento público esteja condicionado à área e aos padrões definidos. “A área que não for mecanizada para as novas produções desses 6,5 milhões de hectares só terá a nova produção de cana financiada se estiver enquadrada nos padrões do plano. E uma lei definirá interdições da expansão de cana em áreas protegidas e de produção de alimentos”, explicou.

O ministro reforçou que será necessário fiscalizar fortemente essas áreas e, por isso, o governo federal está estimulando que os estados também façam o zoneamento agroecológico.

Ele disse, ainda, que o governo não monitorará somente a Amazônia e que, a partir deste ano, fará o monitoramento de todos os biomas brasileiros, incluindo o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica nas fiscalizações. “Amanhã [21], o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará o decreto de proteção à Mata Atlântica e, nos próximos dias, lançaremos um programa de combate à desertificação da Caatinga no semi-árido”, acrescentou.

Sobre as afirmações de movimentos sociais a respeito da existência de trabalho escravo e degradante nas áreas de produção de etanol, Minc afirmou que o governo tem combatido essa prática. “Isso tem que ser fiscalizado. Não é inerente a uma produção o trabalho vil. A área de meio ambiente tem trabalhado junto com o Ministério do Trabalho e Emprego e é uma ingenuidade atribuir uma relação de trabalho a um tipo de cultivo específico.”

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Há muito mito sobre a cana-de-açúcar, diz presidente da Unica

19 de Novembro de 2008 - Ivy Farias - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - Por estar sob os holofotes graças ao seu desempenho excepcional no mercado internacional, a cana-de-açúcar tem sido associada a inverdades, segundo o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Marcos Jank. Ele participou hoje (19) de um painel na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, em São Paulo.

"Há muito mito no Brasil sobre o nosso produto", afirmou Jank. Segundo ele, o cultivo de cana-de-açúcar não é responsável pela derrubada de florestas. "A cana é um produto perecível e que só pode ser transportada em uma distância de até 40 quilômetros. Não faz sentido dizer que estamos derrubando a floresta", ressaltou.

Segundo Jank, o setor é favorável à criação de um zoneamento do governo federal "exatamente para não acusarem a cana de desmatar florestas". "Um ambientalista disse que era a favor da plantação de cana em áreas já desmatadas. Somos contra para não dizerem que derrubamos a Amazônia ou avançamos sobre o Pantanal ou que somos responsáveis pela alta dos preços dos alimentos".

De acordo com o presidente da Unica, o progresso da indústria açúcareira e de etanol afeta outros setores da economia, como a automobilística e a petrolífera e por isso há tanta expeculação sobre o produto. Segundo Jank, outro mito que envolve o setor é o de trabalho escravo. "Temos problemas sim, mas o trabalho em condições análogas ao de escravo é uma exceção, não uma regra. Quando se divulga isso até parece que no Brasil acorrentamos pessoas. O que temos aqui são as condições degradantes de trabalho", afirmou.

Jank ressaltou que os salários dos trabalhadores do cultivo da cana está aumentando gradativamente se comparado com outras culturas e que a indústria presente em cerca de 20 estados da federação tem poucos casos autuados e nenhum transitado em julgado [com sentença definitiva]. "Queremos o reconhecer as melhores práticas e qualificar os empregados para nossa própria indústria para mostrar que estas denúncias são casos isolados".

O presidente da Unica acredita que uma forma de acabar com os mitos é investir em comunicação sobre o setor. "E temos que ter também diálogo para banir as inverdades", completou. Para ele, outra maneira de acabar com as inverdades sobre a cana é discutir novos critérios para sua produção e comercialização. "É preciso ter equilíbrio baseado em conhecimento real e estatistícas sobre estes critérios", disse.

Segundo Jank, as empresas do hemisfério sul também devem participar das conversas sobre a sustentabilidade. "Hoje há condições diferentes para quem produz etanol ou açúcar, mas a cana é a mesma para todos os produtos. É preciso pensar em critérios para a cana pensando nos impactos econômicos, sociais e ambientais, que são os três pilares da sustentabilidade", completou.

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Primeira versão do Plano de Mudanças Climáticas fica pronta até o fim do mês

17 de Novembro de 2008 - Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - O primeiro Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) estará pronto no final de novembro, segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e será apresentado na Conferência do Clima da ONU, que será realizada na Polônia em dezembro.

“Ainda não será o ideal. O ideal será a revisão do plano no ano que vem, pois já teremos um inventário das emissões [de gás carbônico] atualizadas. Estamos trabalhando com um inventário muito antigo, de quinze anos atrás. Esse será um instrumento constante de defesa das nossas matas e pulmões”, disse Minc hoje (17) durante a abertura da Semana Nacional da Mata Atlântica, realizada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A primeira versão do Plano foi submetida a audiências públicas durante todo o mês de outubro, inclusive pela internet. O Grupo Executivo do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, formado por representantes de 16 ministérios e integrantes do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, está avaliando e incorporando as sugestões recebidas que deverão contribuir para a elaboração do documento.

O Plano Nacional reúne ações que serão colocadas em prática em todo o país para combater as mudanças globais do clima e preparar o Brasil para as conseqüências dessas alterações.

Entre os objetivos do plano estão previstos: o crescimento de 11% ao ano na participação do etanol na matriz energética brasileira, o aumento de 20% na co-geração de energia (aproveitamento do vapor das fábricas para geração de energia elétrica) e que em 2015 o país esteja plantando mais árvores do que cortando.

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Movimentos sociais fazem encontro paralelo à Conferência de Biocombustíveis

17 de Novembro de 2008 - Da Agência Brasil - Brasília - A partir de hoje (17), em contraponto ao encontro promovido pelo governo para debater os biocombustíveis, movimentos sociais do Brasil e de outros países promovem em São Paulo o seminário internacional Agrocombustíveis como Obstáculo à Construção da Soberania Alimentar e Energética. Os debates começam às 9h no auditório do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), na Praça da República.

Organizado pela Via Campesina, o encontro só será aberto à imprensa amanhã (18), quando a Comissão Pastoral da Terra e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos lançam relatório sobre a expansão do cultivo de cana-de-açúcar na Amazônia e no cerrado.

Segundo a comissão organizadora, o seminário pretende alertar os participantes e a opinião pública nacional e internacional sobre os problemas do etanol quanto a questões trabalhistas (trabalho degradante e escravo), ambientais (desmatamentos, contaminação de solos e cursos d'água) e fundiárias (concentração de terras, ocupação de territórios de populações tradicionais).

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Cientista político diz que há trabalho escravo nas usinas de produção de etanol

18 de Novembro de 2008 - Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - O cientista político e coordenador da organização não-governamental (ONG) Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, disse hoje (18) que, ao contrário do que o governo diz, há trabalho escravo nas usinas de produção de etanol. Segundo Sakamoto, de janeiro até agora, foram libertados mais de 1.800 trabalhadores de fazendas de cana-de-açúcar.

“No ano passado, esse número chegou a mais de 3 mil. Em 2006, foram 300 e, no ano anterior, 1.500. O trabalho escravo não é resquício do passado. Ele existe para reduzir ou zerar o custo da produção, tornar o empreendimento competitivo. Ou seja, o dono da usina explora os trabalhadores durante anos e guarda capital para um dia comprar máquinas depois de usar a mão-de-obra à exaustão”, afirmou.

O geógrafo Plácido Júnior, pesquisador da Comissão Pastoral da Terra de Pernambuco, considera nocivo o etanol produzido no Brasil a partir da cana-de-açúcar, porque tem como base a produção em grande escala, concentrando a terra, além de ser oriundo de monocultura. “A produção de etanol é tão prejudicial quanto qualquer outro monocultivo, seja de soja ou de eucalipto, porque impacta diretamente a vida do planeta, as águas, o meio ambiente e a vida do trabalhador”, disse.

De acordo com o geógrafo, é no setor sucroalcooleiro que se concentra a maior parte de trabalho escravo no país. “É uma convivência harmoniosa entre o moderno e o capital internacional, que concentra terra e renda e tem na sua essência o trabalho escravo. E é um modelo que visa apenas exportar, e não atender à necessidade do povo brasileiro.”

Plácido enfatizou que um dos impactos da expansão da cana-de-açúcar no Brasil é a destruição dos diversos biomas existentes no país. Outro problema é que essa cultura empurra as comunidades de quilombolas, indígenas e camponeses para regiões ribeirinhas, já que os cultivos se apropriam das áreas antes habitadas por essas pessoas.

“Além disso, as terras disputadas pela reforma agrária estão sendo disputadas pelo agronegócio da cana. Ou seja, o Brasil tem milhões de hectares improdutivos, que poderiam ser destinados à reforma agrária e estão sendo apropriadas pelo grande capital para a produção sucroalcooleira”, acrescentou o geógrafo.

Para ele, a solução para o problema não está só na mudança do modelo de agricultura, mas também na criação de um modelo de agricultura camponesa, que pode construir a soberania alimentar e energética de forma sustentável no país. Entretanto, acrescentou, é preciso discutir mais do que isso: “Temos que discutir que modelo de sociedade queremos construir. Há um conjunto de fatores que deve ser discutido coletivamente, da produção até o consumo dessa matriz energética.”

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Movimentos sociais, ambientais e de direitos humanos criticam atual modelo do agronegócio de biocombustíveis

19 de Novembro de 2008 - Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São Paulo - Organizações sociais, ambientais e de direitos humanos criticam o atual modelo de exploração do agronegócio da energia e das grandes monoculturas energéticas, como da cana-de-açúcar, voltadas para a exportação. Elas afirmam que discordam radicalmente do modelo e da estratégia de promoção dos “agro-combustíveis”.

Durante três dias, elas se reuniram para discutir os problemas e impactos do modelo atual da produção de agro-combustíveis, no Seminário Internacional Agro-combustíveis, em São Paulo.

No documento elaborado por organizações da Colômbia, Bolívia, Costa Rica, Bélgica, El Salvador, Equador, México, Argentina, Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Suécia e do Brasil, dizem que a agricultura industrial para a produção de de biocombustíveis é insustentável, pois apenas se viabiliza através da expansão das monoculturas, da concentração de terras, do uso intensivo de agroquímicos, da super-exploração dos bens naturais comuns como a biodiversidade, a água e o solo.

Segundo a coordenadora da organização não-governamental Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, o objetivo do documento, que será entregue a representantes de todos os governos que participam da Conferência Internacional de Biocombustíveis que também ocorre em São Paulo, é expressar a posição das organizações participantes do seminário como um contra-ponto à promoção dos biocombustíveis realizada na Conferência Internacional de Biocombustíveis. “É um documento contrário à expansão do agronegócio da energia e das grandes monoculturas energéticas voltadas exclusivamente à exportação”, disse.

O texto elaborado pelos debatedores também coloca a produção em escala industrial de biocombustíveis como causa para os desmatamento e destruição de ecossistemas em todo o mundo, e, especialmente da Amazônia, além de outros biomas do Brasil.

Em outro item do documento, as organizações criticamos financiamentos públicos para esse tipo de cultura, afirmando que o setor sucro-alcooleiro, no Brasil, não se sustenta sem o financiamento público, e que a promoção dos programas governamentais de biocombustíveis é caracterizada por incentivos e subsídios governamentais diretos, como os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e indiretos, como a não penalização das evasões fiscais e perdão de dívidas.

Por fim, elas entendem que a soberania energética “não poderá ser alcançada em detrimento da soberania alimentar”, e que se requeira uma nova organização do modo de vida em sociedade e das relações entre campo e cidade.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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