02 de
Dezembro de 2008 São Paulo (SP), Brasil —
Programas do Greenpeace de combate à madeira
ilegal voltados para o poder público ampliam
atuação para incluir outros setores
da sociedade no combate à madeira ilegal
Estima-se que até 80% da
extração madeireira na Amazônia
seja ilegal. A exploração ilegal de
madeira abre caminhos para que atores que atuam
na clandestinidade, como fazendeiros e grileiros,
tenham acesso a áreas intactas de florestas.
Cerca de 60% do total produzido anualmente são
consumidos pelo mercado brasileiro. Quando o programa
nasceu, em 2003, o Greenpeace estava convencido
da responsabilidade de governos estaduais e municipais
em provocar uma mudança positiva e sistêmica
no consumo de madeira pela administração
pública, responsável por 1/3 do consumo
brasileiro.
“Estados, municípios e
os próprios órgãos do governo
federal consomem grandes quantidades de madeira
na construção de obras públicas.
A decisão de agir – ou não – por parte
de governos define se o poder público será
co-responsável pela destruição
da floresta ou se será parte da solução.
Da mesma forma, empresários e consumidores,
principalmente da construção civil
e das indústrias moveleiras, poderão
agora participar dessa rede do bem fazendo a sua
parte como consumidor consciente”, diz Adriana Imparato,
coordenadora dos programas no Greenpeace, que continuará
à frente do trabalho na Rede Amigos da Amazônia.
Em cinco anos, 37 municípios,
seis capitais entre elas Porto Alegre (RS), São
Paulo (SP), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza
(CE), Manaus (AM) e os estados de São Paulo,
Minas Gerais e Bahia. participaram ativamente na
construção de políticas locais
para eliminar o uso de madeira ilegal das obras
públicas, consolidando-se como uma ferramenta
importante na proteção da maior floresta
tropical do planeta e do clima global. O desmatamento
e as mudanças no uso do solo, principalmente
na Amazônia, são responsáveis
por cerca de 75% das emissões brasileiras
de gases do efeito estufa.
“A crise climática é
o maior desafio já enfrentado pela humanidade
e requer medidas urgentes. No momento em que governos
de todo o mundo se reúnem em Poznan, na Polônia,
para discutir medidas de combate ao aquecimento
global, é importante ressaltar a contribuição
de estados e municípios, além de outros
setores da sociedade, para manter um clima saudável
através da proteção da Amazônia”,
disse Marcelo Furtado, diretor-executivo do Greenpeace
no Brasil. “Continuaremos sendo um ativo colaborador
para que a Rede se instale com sucesso em sua nova
casa, gerando mais e novos frutos para a floresta,
o planeta e as futuras gerações”.
Passado e futuro - O prefeito eleito de Porto Alegre,
José Fogaça e o Secretário
do Verde e Meio Ambiente do município de
São Paulo, Eduardo Jorge, representando o
prefeito Gilberto Kassab, assinaram a renovação
do compromisso com o programa Cidade Amiga da Amazônia,
agora junto à Rede.
Os programas do Greenpeace completam
cinco anos de muito trabalho e muitas vitórias.
O governo do estado de São Paulo, por exemplo,
fechou as portas para madeira ilegal e predatória
em todo o seu território. Cerca de 2.500
homens da Polícia Ambiental foram treinados
para fiscalizar depósitos e transporte de
madeira. A operação resultou na apreensão
de três mil toneladas de madeira ilegal em
apenas dois meses. Já a cidade de Americana,
no interior do estado, completou dois anos de licitações
de madeira de origem legal, excluindo completamente
matéria-prima ilegal das compras públicas.
Outro resultado positivo foi a
construção da primeira obra pública
realizada totalmente com madeira certificada pelo
FSC (Conselho de Manejo Florestal) em São
Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Como uma coisa leva
à outra, a cidade gaúcha vai ganhar,
em breve, uma loja de material de construção
de origem responsável, implantada pela Sawaya
Empreendimentos – a mesma empresa que executou a
obra torna-se também a primeira Empresa Amiga
da Amazônia.
+ Mais
Governo anuncia o que já
sabíamos: desmatamento está aumentando
A floresta amazônica arde
sob o fogo criminoso que já destruiu milhares
de quilômetros da região nos últimos
anos. O Greenpeace transmitiu imagens ao vivo da
destruição, pelo seu site na internet,
no último dia 29 de agosto.
São José dos Campos (SP) — Foram destruídos
quase 12 mil quilômetros quadrados de floresta
entre agosto de 2007 e julho de 2008, segundo dados
do Inpe.
Após três anos seguidos
de queda, a taxa anual de desmatamento na Amazônia
voltou a aumentar. Entre agosto de 2007 e julho
de 2008 foram desmatados 11.968 quilômetros
quadrados - 3,8% a mais que os 11.532 km2 do período
anterior. A notícia foi divulgada nesta sexta-feira
(28/11) pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara,
na sede da instituição em São
José dos Campos (SP).
"Não foi por falta
de aviso. Desde meados de 2007 o Greenpeace vem
alertando o governo a respeito da retomada do desmatamento,
observada e exposta por nós em regiões
como a BR-163, no Pará, e no norte do Mato
Grosso", diz Paulo Adario, diretor da campanha
Amazônia.
"O que faltou foi o engajamento
consistente de todo o governo – e não apenas
do Ministério do Meio Ambiente – na tarefa
de combater o desmatamento na Amazônia. As
más notícias em relação
à destruição da floresta só
vão terminar quando o governo Lula assumir
o compromisso de zerar o desmatamento até
2015 e adotar políticas públicas consistentes
para isso", avalia Adario, que lamentou o fato
de a divulgação dos dados do desmatamento
voltar a ser feita isoladamente pelo Inpe.
"Ao contrário dos
últimos anos, ONGs e pesquisadores não
receberam os dados antecipadamente para análise,
prática fundamental do compromisso de transparência
assumido pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva. Esperamos que isso seja apenas um acidente
de percurso e não uma mudança de orientação."
Na quinta-feira, o Greenpeace
participou, juntamente com outras ONGs, da reunião
da revisão do Plano de Ação
para a Prevenção e Controle do Desmatamento
na Amazônia Legal (PPCDAm), criado há
quatro anos. O plano, coordenado pela Casa Civil,
foi mal executado pela falta de engajamento de setores
do governo, como é o caso da própria
Casa Civil e do Ministério da Agricultura.
Essa falta de engajamento é uma das razões
para o aumento que vemos agora no desmatamento da
floresta amazônica.
Esperamos que na próxima
segunda-feira (1o. de dezembro), quando for lançado
o Plano Nacional de Mudança do Clima (PNMC)
pelo governo, sejam estabelecidas metas para zerar
o desmatamento na Amazônia, e que Lula consiga
enfim engajar seus ministérios no combate
à destruição da floresta.
"Se a ministra Dilma Roussef
(Casa Civil), que coordena tanto o Plano de Aceleração
do Crescimento (PAC) como o Plano de Ação
contra o Desmatamento, desse a mesma atenção
para a Amazônia como dá para as obras
do PAC, quem sabe o destino da floresta seria outro?",
afirma Sérgio Leitão, diretor de campanhas
do Greenpeace.
+ Mais
Criação de áreas
marinhas protegidas é tema de discussão
em Ubatuba
Pesca artesanal em Cananéia:
com a criação de áreas de proteção
ambiental no litoral sul de São Paulo, o
governo estadual deu um passo decisivo para a regulamentação
das ocupações, atividades econômicas
e turísticas e as ocupações
na região.
Ubatuba (SP), Brasil — Medida, já adotada
no litoral sul de SP, é fundamental para
recuperar biomas marinhos, mas enfrenta resistência
dos pescadores.
Entidades ambientalistas se reuniram
nesta sexta-feira (28/11) em Ubatuba (SP) para discutir
a criação de áreas protegidas
como ferramenta para a conservação
dos mares e recuperação do bioma marinho.
Um dos assuntos mais polêmicos em debate foi
a grande resistência das comunidades costeiras
à recente iniciativa do governo paulista
de criar três grandes áreas protegidas
no litoral sul do estado.
"A proposta do evento foi
discutir com as lideranças locais mecanismos
de participação e mobilização
popular, porque a atuação das comunidades
e sociedade civil é fundamental para a efetivação
das áreas marinhas protegidas", afirma
Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha
de oceanos do Greenpeace no Brasil.
Para Peter Santos Németh,
da Associação de Pescadores Enseada,
as áreas marinhas protegidas são fundamentais
para a sobrevivência das comunidades tradicionais
costeiras.
"As comunidades dependem
da preservação dos oceanos para tirar
seu sustento, e essas pessoas, por sua vez, têm
um papel importante na conservação
dos mares", diz.
O oceanógrafo da Associação
Socioambientalista Somos Ubatuba, Henrique Luis
de Almeida, que representou o Coletivo Ambientalista
do Litoral Norte (CEAU) no debate, lembra da preocupação
com os próximos passos depois da criação
das áreas marinhas protegidas.
"Agora tem que haver um esforço
do governo para a elaboração de um
bom plano de manejo. Tem haver financiamento e uma
metodologia que garanta a participação
da comunidade na sua elaboração",
frisa.
Estudo - O debate também
marcou o lançamento da campanha do Greenpeace
"Proteção dos Oceanos. Entre
Nessa Onda", em Ubatuba. Na ocasião
serão apresentados o relatório À
deriva – Um panorama dos mares brasileiros e o vídeo
O Mar é Nosso?. Os materiais trazem uma análise
das condições do bioma marinho no
Brasil e incentivam a criação de áreas
marinhas protegidas como principal ferramenta para
a recuperação da biodiversidade.
Baleia inflável – No final
de semana, uma baleia inflável de 15 metros
será colocada na praia da Sununga, durante
a realização do Campeonato de Skimboard,
organizado pela Associação Ubatubense
de Skimboard. Quem for até lá também
poderá conferir a exposição
de fotos “Antártica”.