As principais
conquistas do Programa Paraná Biodiversidade
na região do Corredor Caiuá-Ilha Grande
foram apresentadas nesta sexta-feira (28) pelos
secretários do Meio Ambiente e Recursos Hídricos,
Rasca Rodrigues, e da Agricultura, Valter Bianchini,
durante um seminário realizado em Loanda
– região Noroeste do Estado.
Os maiores avanços do programa
na região estão relacionados às
matas ciliares - 70% das propriedades do corredor
já estão em processo de recuperação
– e às áreas de reserva legal, que
foram ampliadas em 9%. O Paraná Biodiversidade,
desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos em conjunto com as Secretarias
do Planejamento e da Agricultura, será encerrado
em janeiro - depois de seis anos de trabalho.
“A semente foi semeada e esperamos
que todos aqueles que interagiram neste processo
continuem regando-a para que ela possa crescer e
frutificar. Além disso, diversas iniciativas
serão modelos de gestão que serão
replicadas como política pública no
Estado, já que o programa abrangeu apenas
de 10% do território paranaense”, afirmou
o secretário do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos, Rasca Rodrigues.
O secretário da Agricultura,
Valter Bianchini, concorda. “É mais um bom
exemplo que se consolida no Estado. Agora cabe a
nós, enquanto dirigentes públicos,
dar continuidade a estas iniciativas, implementando
suas ações na forma de políticas
públicas”, destacou.
Se depender dos agricultores,
a continuidade está garantida. “Com pouco
tempo de programa já é possível
vermos vida mais intensa de bichos, como cobra,
macacos e peixes. São bichos que estão
voltando à nossa região, por isso
nosso trabalho precisa continuar independentemente
do encerramento do programa”, afirmou o presidente
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Querência
do Norte, Eufrázio Soares de Souza.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
- Dois fatores foram essenciais para estes avanços:
a educação ambiental e a implantação
dos módulos agroecológicos. Para reforçar
a importância da proteção da
natureza para a produção agrícola,
o programa promoveu ações de educação
ambiental, oficinas e palestras que reforçaram,
entre os agricultores, a importância da conservação
das matas ciliares, por exemplo. Nestas atividades,
o principal tema em debate foi a busca pela agricultura
sustentável, resguardando a diversidade biológica.
“Agora os agricultores estão
tomando mais cuidado com os mananciais protegendo-os
dos animais com a instalação de cercas”,
disse a coordenadora dos trabalhos no corredor,
a geógrafa Gracie Abad Maximiano. Para ela,
foi muito gratificante trabalhar no Corredor Caiuá-Ilha
Grande, pois os setores da agricultura e do meio
ambiente caminharam juntos. “Percebi uma receptividade
muito grande dos agricultores para a questão
ambiental. Eles estão se preocupando mais
com o meio ambiente”, afirmou Gracie.
MÓDULOS - No corredor Caiuá-Ilha
Grande, as principais atividades desenvolvidas são
a pecuária de corte e produção
de grãos. Já os principais problemas
decorrentes destas atividades eram as queimadas,
uso intensivo de agrotóxico e ausência
de práticas de conservação
do solo e água, além da contaminação
dos mananciais através dos dejetos de animais
e eliminação de matas ciliares.
Para mudar este cenário
em benefício da natureza, foram implantados
26 módulos agroecológicos - empreendimentos
cooperativos inovadores e ecologicamente corretos,
em que os produtores rurais recebem recursos e orientação
técnica para implantar sistemas produtivos
mais sustentáveis (como produção
de mel, ervas medicinais ou bicho-da-seda), adotar
práticas menos impactantes à natureza
(como o controle biológico de pragas) e incentivados
a valorizar os fragmentos de florestas nativas.
O coordenador do Programa Paraná
Biodiversidade na Secretaria do Planejamento, Erich
Schaitza, explicou que os módulos agroecológicos
são uma forma de gerar dinheiro para o agricultor
e, ao mesmo tempo, contribuir para a conservação
da biodiversidade – por isso, deram tão certo.
“O programa será encerrado, mas sua filosofia
ficará. Ele deixa a semente da capacidade
técnica e do conhecimento, além de
seus bons exemplos inseridos em vários programas
do governo e na vida dos agricultores”, concluiu.
+ Mais
Especialista cita política
de defesa da água do Paraná como exemplo
na Câmara Federal
A política de defesa da
água como bem público e fora do comércio
– transformada em Lei no Paraná – e o rigor
do Governo Estadual na emissão de licenças
para construção das Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs) foi citada como exemplo
na Câmara dos Deputados, pelo engenheiro eletricista
Ivo Pugnaloni.
Ele foi convidado a participar
de uma audiência da Comissão de Agricultura
e Pecuária da Câmara dos Deputados,
na última semana, em Brasília, que
discutiu a proposta da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) para alteração
da lei que regulamenta a instalação
das PCHs no país. Com a mudança, os
proprietários das terras por onde passa o
rio que será aproveitado deixam de ter prioridade
na autorização para implantação
das PCHs. São consideradas pequenas centrais
hidrelétricas as usinas com potência
instalada de no mínimo 1 MW (megawatt) e
no máximo 30 MW.
Para Ivo Pugnaloni, ex-diretor
de Planejamento e ex-diretor de Distribuição
da Copel, com a medida a ANEEL acabará privatizando
os rios e seus potenciais hidráulicos – criando
os verdadeiros ‘barões da água’ no
Brasil. “Os que acharam extremada a posição
do governo do Paraná em botar um freio à
exploração de PCHs hoje devem olhar
a iniciativa de maneira positiva e como uma defesa
do potencial hídrico do Estado”, afirmou.
Procedimento - para obter autorização
para construção de PCHs são
exigidos a apresentação e aprovação
de um projeto básico, a licença ambiental
e ser proprietário da maior parte das terras
atingidas. Além disso, é necessário
a apresentação de um inventário
hidroenergético do corpo hídrico -
documento técnico preliminar à elaboração
dos projetos básico e executivo de uma PCH,
destinado a dividir as quedas de um rio para garantir
seu aproveitamento, tanto do ponto de vista energético
como o ambiental.
Em julho deste ano, a ANEEL iniciou
um processo de audiência pública para
mudar a resolução 395/98, alegando
querer dar mais agilidade a emissão das autorizações
para construção de PCHs. Sendo assim,
a Agência passaria a priorizar em caso de
disputas, o autor do inventário hidroenergético
aprovado, retribuindo o esforço daqueles
que elaboraram o estudo do rio e estimulando a produção
de novos inventários.
“É preciso reconhecer os
esforços daqueles que há anos mantêm
os rios preservados em suas terras e instalaram
as pequenas usinas, quando ninguém se interessava
em levar energia a determinadas regiões do
país“, afirmou o especialista. “Além
disso, não há falta de inventários
no Brasil. Pelo contrário, existem centenas
de processos à espera de análise na
ANEEL que só tem 12 técnicos referendados
para avaliar toda a demanda nacional”, disse Pugnaloni.
Ele também considerou absurda a proposta
de conceder, por 25 anos prorrogáveis por
igual período, os direitos sobre todos os
potenciais e reservatórios de um rio a quem
apenas elaborar o inventário.
Neo-liberalismo tardio – durante
a audiência, Ivo Pugnaloni citou quais são
as atribuições da ANEEL, de acordo
com a legislação. “A Agência
tem autonomia para regulamentar políticas
de um governo que não é a favor da
privatização para geração
de energia. Ou seja, não cabe a ANEEL legislar
e sim, regulamentar”, informou o engenheiro.
Pugnaloni destacou ainda em seu
depoimento na Câmara, as iniciativas do governador
Roberto Requião que garantem a água
como bem público e o cancelamento dos contratos
firmados entre o estado e as Agências de Usuários
de Bacias - entidades privadas que se intitulavam
sem fins lucrativos e recebiam recursos para gerenciar
a bacia hidrográfica.
“Essas associações
passaram a auferir as receitas que eram do estado
para administrar a bacia do rio em nome dele. Requião,
num de seus primeiros atos como governador, anulou
contratos de privatização da gestão
dos rios. Mas parece que a ANEEL quer andar no caminho
contrário”, ressaltou Pugnaloni.
O engenheiro lembrou que o Paraná,
como um dos estados de maior potencial hidroelétrico
do Brasil, deve ampliar o debate sobre o tema. “O
Paraná precisa liderar o país na construção
uma proposta positiva, moderna e racional para as
PCHs em todo o país. Não se pode usar
o não-licenciamento ambiental genérico
de qualquer Pequena Central Hidrelétrica
como uma forma de reação às
manobras dos que estão teimando em tentar
privatizar o controle dos rios. O Paraná
pode mostrar que é perfeitamente possível
combinar a exploração racional do
potencial hidráulico dos rios com respeito
ao ambiente e às pessoas”, concluiu.
+ Mais
Parque Estadual do Monge, na Lapa,
está sendo revitalizado pelo IAP
O Parque Estadual do Monge, na
Lapa (Região Metropolitana de Curitiba),
está sendo revitalizado pelo Instituto Ambiental
do Paraná (IAP). A idéia é
devolver ao parque suas características originais
com a eliminação de das árvores
de pinus, readequar trilhas e vias de acessos e
reformar as estruturas dos espaços de lazer.
Na quarta-feira (03) o Conselho Gestor do parque
reuniu-se para acompanhar o andamento dos trabalhos
que deverão ser concluídos em um ano.
O presidente do IAP, Vitor Hugo
Burko, explicou que a revitalização
começou com a interdição de
dois restaurantes que funcionavam dentro do parque
em desacordo com a legislação ambiental.
“Eles lançavam, de forma irregular, esgoto
sobre a Escarpa Devoniana, que é a divisão
entre o 1o e 2o planalto paranaense”, detalhou.
Segundo ele, os restaurantes estavam
contaminando o lençol freático e prejudicando
uma das principais atrações do parque,
a Gruta do Monge, onde há uma bica muito
procurada pelos visitantes que acreditam no poder
milagroso de sua água. Atualmente a bica
está interditada devido à contaminação
provocada pelos estabelecimentos comerciais.
A próxima etapa dos trabalhos,
que inicia em janeiro do próximo ano, será
a retirada do pinus - espécie exóticas
invasora - que ocupa quase 90 dos 370 hectares do
parque. “Nesta semana já serão feitos
os primeiros desbastes para instalar a infra-estrutura
necessária para retirada das árvores”,
comentou a responsável pelas Unidades de
Conservação no escritório regional
do IAP de Curitiba, Maria do Rocio Lacerda Rocha.
Ela explicou que a retirada do
pinus faz parte do Programa Estadual de Erradicação
de Espécies Exóticas Invasoras nas
Unidades de Conservação, que o IAP
desenvolve desde 2005. O programa visa prevenir
e controlar a introdução no Paraná
de espécies que não são típicas
de um ambiente. Hoje em dia, as espécies
exóticas invasoras já são a
primeira causa de redução da biodiversidade
no mundo, causando a extinção de espécies
nativas, danos à saúde e à
economia.
PARQUE - O Parque Estadual do
Monge possui 370 hectares e foi criado em 1960 para
preservar a natureza, promover a educação
ambiental e ser um espaço de lazer para a
população. A cada final de semana,
a área recebe mais de mil visitantes. São
pessoas atraídas pela Gruta do Monge, pela
contemplação dos animais silvestres
e da beleza cenário que se apresenta do alto
da Escarpa.
O nome do parque foi dado em homenagem
ao monge João Maria de Agostini, que habitou
na região em 1847 e se dedicou ao estudo
das plantas, fazendo orações públicas,
medicando enfermos e realizando profecias.