O programa
Paraná Biodiversidade apresentou nesta segunda-feira
(8), em Reserva do Iguaçu (Centro-Sul do
Paraná), seus principais avanços nos
12 mil hectares do corredor Araucária. Os
resultados foram expostos por gerentes do programa
aos futuros prefeitos e gestores ambientais da região,
para informá-los sobre as ações
que visam conciliar conservação da
biodiversidade com a produtividade e garantir a
continuidade destas atividades. O programa será
encerrado no próximo mês de janeiro.
Uma das principais conquistas
do programa é a ampliação da
diversidade genética da árvore que
é símbolo do Paraná e dá
nome ao corredor: a araucária. Recentemente
técnicos da Secretaria do Meio Ambiente,
Secretaria da Agricultura e da Secretaria do Planejamento
– instituições que coordenam o programa
- concluíram uma pesquisa genética
sobre a espécie que predomina na região
dos Campos Gerais.
O secretário do Meio Ambiente
e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, disse
que o trabalho começou com a coleta de sementes
das árvores remanescentes da espécie.
“Estas sementes foram modificadas para aumentar
a resistência a pragas e doenças, pois
se todas possuíssem o mesmo gene, todas ficariam
vulneráveis às mesmas doenças”,
detalhou. Atualmente, o Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) tem cerca de 45 mil mudas de araucárias
mais resistentes para serem plantadas na região.
A gerente técnica do Paraná
Biodiversidade, Gracie Maximiano, explicou porque
o programa optou pelo fortalecimento da diversidade
genética. “O Corredor Araucária é
uma região que apresenta pouco desmatamento
por ser uma região montanhosa e de predomínio
da espécie da araucária. Por este
motivo nossa preocupação, desde o
início, foi ampliar a diversidade genética
da espécie”, informou.
OUTROS RESULTADOS - O gerente
do Corredor Araucária, Celso Alves de Araújo,
ainda destacou outros resultados positivos. “Criamos
uma conexão com agricultores dos 11 municípios
do Corredor, por meio dos módulos agroecológicos
e da educação ambiental, que se mostrou
fundamental para o andamento do programa”, declarou.
Atualmente existem cerca de 27
módulos agroecológicos no Corredor
Araucária, em que produtores rurais recebem
recursos para adotar práticas agrícolas
menos impactantes. Como exemplo, Celso Araújo
citou o trabalho de industrialização
agroecológica de frutas e o beneficiamento
de ervas medicinais no município de Inácio
Martins.
Na região também
foram desenvolvidas atividades de educação
ambiental que mudaram a realidade do homem do campo.
Através de palestras, oficinas e workshops
os agricultores passaram a perceber que, além
de manter suas propriedades e seus cultivos, também
é fundamental manter a floresta, cuidar das
matas ciliares e preservar a fauna e a flora.
Outra conquista do programa é
o aumento em 63,3 mil hectares da cobertura florestal
na região do Corredor. Grande parte deste
ganho pode ser atribuída aos trabalhos de
recuperação da vegetação
desenvolvido em parceria com o programa Mata Ciliar,
mas também são significativos os resultados
obtidos com a regeneração natural
das espécies, como araucária, canela,
monjoleiro e cedro.
Com esse incremento na área
de florestas, animais de pequeno porte, como paca,
tatu e cotia, e outros maiores, como jaguatiricas,
voltaram a ser vistos na região. “O retorno
destas espécies da fauna demonstra que estamos
recuperando o habitat destes animais e pássaros,
que eles voltaram a ter condições
de alimento e reprodução, enfim, que
estamos conseguindo propiciar as características
necessárias para sua perpetuação
e, conseqüentemente, para a conservação
da biodiversidade”, concluiu Celso.
+ Mais
IAP marca reunião para
melhorar destinação do lixo da Ceasa
de Curitiba
O Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) notificou, nesta quarta-feira (10), todas
as entidades, permissionários, carregadores,
sindicatos e associações que atuam
na Ceasa (Centrais de Abastecimento do Paraná)
de Curitiba, para comparecerem a uma reunião
na próxima segunda-feira (15). O objetivo
é discutir a destinação dos
resíduos descartados na unidade, onde são
comercializados quase 700 mil toneladas de produtos
a cada ano.
Segundo presidente do IAP, Vitor
Hugo Burko, será avaliado se as práticas
adotadas na Ceasa estão em conformidade com
o que determina o licenciamento ambiental. “Caso
encontremos irregularidades, solicitaremos adequação”,
adiantou Burko.
A Ceasa trabalha com produtos
hortifrutigranjeiros, principalmente hortaliças
e legumes, resíduos 100% orgânicos.
Outro problema relacionado ao lixo são as
caixas de madeira e a palha, usadas para o transporte
destes produtos. Quando deixam de ter utilidade,
estes materiais são abandonados - muitas
vezes misturados aos resíduos orgânicos.
CRITÉRIOS - Para obtenção
do licenciamento ambiental, é exigido que
o responsável por um empreendimento potencialmente
poluidor apresente o plano de gerenciamento de resíduos
sólidos. Neste plano, deve ser informado
o volume de resíduos gerado, como eles são
coletados e armazenados e qual a sua destinação
final, além de informar o tratamento de efluentes
praticado no local.
+ Mais
Prefeituras já receberam
R$ 487 milhões com o repasse do ICMS Ecológico
Cerca de R$ 487 milhões
foram repassados a 133 municípios paranaenses
que mantêm mananciais de abastecimento público
e Unidades de Conservação preservados
desde 2003 através da Lei do ICMS Ecológico.
Apenas neste, as prefeituras receberão R$
120 milhões graças à Lei -
criada em 1991 durante a primeira administração
do governador Roberto Requião, e que prevê
o repasse de 5% do total arrecadado com o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) à conservação
ambiental. Desde a a criação da LEI
os repasses chegam a R$ 80 bilhões.
O ICMS Ecológico foi um
dos assuntos apresentados no último dia do
Encontro dos Secretários Municipais e Gestores
do Meio Ambiente - que terminou nesta sexta-feira
(05) em Foz do Iguaçu. O Encontro foi promovido
pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
e suas autarquias - Instituto Ambiental do Paraná
(IAP), Superintendência de Desenvolvimento
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
(Suderhsa) e Instituto de Terras, Cartografia e
Geociências (ITCG) - paralelamente ao II Encontro
de Prefeitas e Prefeitos eleitos.
CAPACITAÇÃO - Técnicos
do IAP priorizaram em sua explanação
aos prefeitos e gestores ambientais municipais a
missão do Instituto, os serviços e
os convênios que podem ser viabilizados pelas
prefeituras - em parceria com os órgãos
ambientais como, por exemplo, o Programa Mata Ciliar,
o repovoamento de rios e mares com espécies
nativas e o próprio ICMS Ecológico
- que hoje é uma das principais ferramentas
de arrecadação municipal.
O chefe do escritório regional
do IAP de Toledo, José Volnei Bisognin, também
detalhou a Lei de Crimes Ambientais. “Queremos com
isso evitar que os municípios sejam autuados”,
enfatizou Volnei. Segundo ele, as infrações
mais comuns são pela exploração
mineral ilegal, disposição irregular
de resíduos sólidos e a utilização
de Áreas de Preservação Permanente
(APP).
Outra área estratégica
do IAP apresentada durante o Encontro foi o licenciamento
ambiental de indústrias, loteamentos e outros
empreendimentos. A proposta da Reserva Legal sustentável,
que a partir de agora está permitindo o plantio
de espécies exóticas, aliado ao plantio
de espécies nativas para que os agricultores
possam aumentar o rendimento econômico das
propriedades.
“Fizemos questão ainda
de reforçar a medida do Ministério
Público Estadual que está exigindo
dos municípios um plano de arborização
urbana”, disse Volnei.
APROVAÇÃO - O prefeito
eleito de Matinhos - Litoral do Paraná, Eduardo
Dalmoura, acredita que o evento renderá bons
frutos a administração municipal.
“Os órgãos ambientais
do Paraná sempre andaram em sintonia com
as administrações municipais para
garantir a preservação do nosso litoral.
Vale lembrar ainda que se não fossem as ações
da Suderhsa, do IAP e da Secretaria do Meio Ambiente,
os danos causados pelas fortes chuvas poderiam ter
sido muito maiores, ou seja, o trabalho integrado
que está sendo proposto neste Encontro é
muito importante”, resumiu Dalmoura.
Para o secretário do Meio
Ambiente de Toledo, Gilberto Augusto Chmulek, todos
os encontros onde há troca de informação
ajudam a melhorar a eficiência municipal.
“Recebemos muitas informações
sobre água, resíduos, mata ciliar
e outros Programas de Governo que podem ser executados
em parceria, garantindo mais segurança na
administração de ações
ambientais”, mencionou Gilberto. Segundo ele, Toledo
é um bom exemplo de parceria que dá
certo entre os poderes estadual e municipal.
“Cada município tem a sua
característica e em Toledo, por exemplo,
temos uma grande parceria com o governo no Centro
de Piscicultura do IAP, que contribui com o repovoamento
de rios e incentiva o aumenta da renda dos produtores
os mantendo no campo”, citou Gilberto.
O gestor de Meio Ambiente do município
de Pinhão - região centro-sul do Paraná,
disse que o Encontro de Secretários do Meio
Ambiente foi fundamental para dar continuidade as
ações de preservação
da vegetação nativa e recomposição
da cobertura vegetal.
“Está sendo muito importante
porque podemos nos atualizar sobre as mudanças
da Lei e garantir informações técnicas
para colocar novas ações em prática”,
mencionou. Ele lembrou ainda, que o Pinhão
é um município de dois mil quilômetros
quadrados e que mantém 70% de florestas nativas.
“A orientação e
a parceria que mantemos com a SEMA, por meio de
suas autarquias, tem sido fundamental para garantirmos
a preservação das áreas existentes
e a recuperação das áreas degradadas“,
finalizou.