12 Dec
2008 - Poznan, Polônia – A Rede WWF afirma
que a decepcionante estagnação das
discussões da 14ª Conferência
das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, em Poznan, na Polônia,
significa a perda de uma grande oportunidade de
garantir um novo acordo global sobre clima em Copenhague,
em 2009. O impasse deveu-se, em grande parte, à
queda de liderança da União Européia
e à obstrução por parte de
outros países industrializados, o que impediu
as negociações.
“Foi um momento em que as reais
lideranças poderiam ter dado um passo à
frente e adotado a posição de combate
simultâneo à crise econômica
e à crise climática”, comentou Kim
Carstensen, Líder da Iniciativa Global do
Clima da Rede WWF. “Em vez disso, os países
industrializados usaram o plenário de Poznan
para fazer sermões sobre a importância
de se proteger o clima, porém sem dizer quais
políticas serão necessárias
para fazer com que a proteção aconteça
em nível doméstico – isso foi um grave
sinal de hipocrisia climática.”
Os Estados Unidos assumiram um
papel secundário por se encontrar num momento
de transição do governo federal. Paralelamente,
a esperança de contar com a liderança
da UE desapareceu quando os chefes de Estado, reunidos
em Bruxelas, minaram o pacote climático do
bloco, ao invés de fortalecer a adoção
de energias limpas para revigorar a economia. Por
outro lado, os países em desenvolvimento
chegaram a Poznan com um espírito construtivo
e propostas de acordo – os destaques foram a impressionante
liderança da China e a promessa do México
de cortar 50% das emissões até 2050.
“Com efeito, uma passiva União
Européia juntou-se aos EUA no time de incapacitados
de agir em Poznan, enquanto Canadá, Japão,
Rússia, Austrália e Arábia
Saudita abertamente sabotaram qualquer avanço”,
disse Carstensen. “Esses países precisam
encarar com seriedade a questão de tornar
a economia mais verde; eles precisam fornecer know-how,
recursos financeiros e tecnologia para os países
em desenvolvimento. Caso contrário, fica
sombria a perspectiva de um novo tratado global
do clima.”
Segundo a Rede WWF, muitas oportunidades
foram desperdiçadas em Poznan, entre elas
a inclusão, no texto final da Redução
das Emissões oriundas do Desmatamento e da
Degradação florestal (REDD), de questões
fundamentais da biodiversidade e direitos das populações
indígenas. Uma decisão positiva provável
pode ser colocar em operação o Conselho
do Fundo de Adaptação, com a esperança
de que o dinheiro possa, finalmente, aparecer para
apoiar os esforços dos países mais
pobres no sentido de acabar com os perigosos impactos
climáticos.
Os governos conseguiram, pelo
menos, tomar decisões processuais em relação
a um plano de trabalho que deve fazer com que a
UNFCCC progrida, passando da fase de conversações
para uma real negociação. Conforme
esse plano, espera-se que os países industrializados
anunciem, no início de 2009, as metas de
2020 para redução de emissões.
A Rede WWF fez um apelo às
nações ricas para que estabeleçam
essas metas de uma vez, tendo como foco o corte
de no mínimo 25% a 40% abaixo dos níveis
de 11000. Juntamente com o apoio financeiro e tecnológico
para os países em desenvolvimento, tais metas
irão sinalizar a solidariedade desejada pelas
pessoas do mundo todo.
“Apesar não ter havido
grandes avanços em Poznan, a porta continua
aberta para um tratado mundial do clima em Copenhague
em 2009,” afirma Carstensen. ”No entanto, com um
ano inteiro perdido com o bloqueio de estratégias
e outras manobras, o tempo está rapidamente
chegando ao fim. Agora as lideranças terão
que trabalhar mais dura e rapidamente para conseguir
fazer esse trabalho. O problema não tem a
ver com o processo da Convenção e
sim com a vontade política dos países
industrializados.”
+ Mais
Município de Apiacás
terá Casa de Meio Ambiente e Cultura
15 Dec 2008 - Espaço será
dedicado à capacitação técnica,
fortalecimento das cadeias produtivas de baixo impacto
ambiental e valorização da cultura
local
Na última sexta-feira,
dia 12 de dezembro, durante a reunião aberta
que aconteceu na Câmara Municipal de Apiacás
(MT), vereadores do município deram parecer
favorável à construção
da Casa de Meio Ambiente e Cultura de Apiacás,
espaço que será dedicado ao registro
e divulgação da cultura local, à
capacitação técnica e ao fortalecimento
das cadeias produtivas de baixo impacto que utilizam
os recursos naturais na região.
A construção da
Casa de Apiacás deve ser iniciada em fevereiro
e viabilizará espaço para que moradores
do município participem de ações
voltadas à implementação do
Parque Nacional do Juruena, como cursos de formação
e eventos sociais e culturais.
Dos sete vereadores presentes
na reunião, seis votaram a favor da edificação
do empreendimento. A Secretaria Municipal de Meio
de Ambiente de Apiacás, que apóia
o projeto, já havia cedido o terreno para
a construção. No entanto, a iniciativa
dependia da aprovação da câmara
municipal para seguir adiante.
Para o WWF-Brasil, essa decisão
mostra que o posicionamento dos vereadores é
favorável aos interesses de uma ascendente
parcela da população do município.
São centenas de pessoas que vem seguindo
a tendência de buscar novas alternativas para
geração de renda com respeito à
integridade da floresta, de promover a sustentabilidade
e de reformular as condutas diante da natureza e
de seus recursos.
Ao ser concluída a construção,
as atividades na Casa de Apiacás serão
gerenciadas pela própria Secretaria de Meio
Ambiente do município.
Motivação
Inspirado em trabalhar pela criação
de estratégias que possam contribuir para
o sucesso das áreas protegidas no Brasil,
entre elas o Parque Nacional do Juruena, o WWF-Brasil
procura desenvolver, sempre de forma participativa,
ações que promovam a educação
e o desenvolvimento para uma sociedade sustentável.
O apoio do WWF-Brasil à construção
da Casa de Meio Ambiente e Cultura de Apiacás,
que conta com a parceria do Instituto Centro de
Vida (ICV) e Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), faz parte desse contexto.
O município de Apiacás,
localizado a 687 km da capital do Mato Grosso, na
divisa com os Estados do Amazonas e Pará,
é um dos municípios que exerce grande
pressão à integridade ambiental do
Parque Nacional do Juruena. Isso se dá devido
às atividades econômicas predominantes
no município, como a pecuária, o garimpo
e a exploração ilegal de madeira.
Entre as principais dificuldades
identificadas na região estão a falta
de oportunidade de geração de renda,
a ausência de capacidade técnica e
a fragilidade na promoção da educação
ambiental.
Por essa razão, o trabalho
para transformar essa realidade em um cenário
de melhores práticas - a partir da integração
dos projetos desenvolvidos pelas instituições
na Amazônia e o estabelecimento de metas e
estratégias - tornou-se uma das prioridades.
O espaço dedicado ao meio ambiente e à
cultura será o pilar desse trabalho.
Construção ecológica
O projeto de edificação
da casa foi todo norteado por bases ecológicas
e de baixo impacto ambiental. Sua estrutura foi
planejada para usar madeira certificada FSC, materiais
renováveis e barro-cimento (menos poluente
que o cimento comum).
Está prevista também
a utilização dos recursos arquitetônicos
para otimizar a ventilação, a iluminação
e o abastecimento de água por meio da captação
de água da chuva. A planta aberta, sem paredes
e integrada do térreo ao mezanino, por exemplo,
facilita a ventilação e permite que
o ambiente fique iluminado naturalmente. Além
disso, será instalada uma estação
de tratamento de esgoto ecológico.
O projeto da casa prevê
dois andares. O primeiro será para o uso
público (biblioteca, Internet-café,
espaço de administração, espaço
para oficinas e banheiros). O segundo andar será
reservado para o uso interno (salas de técnicos,
quartos e banheiro).