26 de
dezembro de 2008
A Funai implantou, junto aos Suruí, da Terra
Indígena Sete de Setembro, em Rondônia,
um plano de trabalho e apoio às atividades
produtivas, com o objetivo de fortalecer as iniciativas
de produção sustentável, propiciando
o escoamento de produtos extrativistas, notadamente
a Castanha-do-Pará e outros produtos da floresta,
produzidos pelos índios, até os locais
de secagem, beneficiamento e venda ao mercado consumidor.
O objetivo, além de garantir a segurança
alimentar e nutricional é promover a geração
de renda para os Suruí.
Projetos de segurança alimentar
já tinham sido implantados pela CGDC, desde
o ano 2006, com recursos do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
para os Maxakali, de Minas Gerais e para os Kaiwá,
de Mato Grosso do Sul. - São projetos que
continuam produzindo bons resultados para as duas
comunidades, afirmou Martinho Andrade, Coordenador-Geral
de Desenvolvimento Comunitário da Funai -
CGDC. De acordo com o Coordenador, o projeto elaborado
junto aos Suruí tem grande chance de dar
bons resultados, porque é de interesse da
comunidade, que se queixava da falta de assistência
por parte da Administração da Funai,
em Cacoal (RO), a qual estão jurisdicionados.
A partir de uma nova gestão na Administração
da Funai em Cacoal, em 2008, foi promovida a elaboração
e implementação de projeto de extrativismo
florestal não-madeireiro.
A coleta da Castanha-do-Pará,
apesar de representar abundante recurso natural
na Terra Indígena Sete de Setembro, não
trazia, no entanto, melhorias para a comunidade
Suruí, porque não havia como escoar
a produção. Em muitos casos, os índios
chegavam a quebrar os ouriços, mas todo o
trabalho era em vão. As castanhas apodreciam,
por fata de transporte até o centro consumidor,
ou seja, não resultava em grande benefícios
para os índios. Por isso, afirmou Martinho
Andrade, a Funai precisava de parceiros, que pudessem
financiar os projetos que se faziam necessários,
de interesse dos índios.
A Funai propôs e o MDS,
por meio da Secretaria de Segurança Alimentar
e Nutricional, se dispôs a participar. Foram
estimados recursos de contrapartida, no valor de
R$ 36.713,60, que deveriam ser disponibilizados
até o dia 25 de outubro de 2008. No entanto,
os recursos não chegaram em tempo hábil
e a Funai, para que o projeto não parasse,
disponibilizou recursos da própria CGDC,
num total de R$ 88.879,20. Não podíamos
falhar com os índios, porque esse projeto
representa, a curto prazo, uma alternativa para
viabilizar as iniciativas de produção
sustentável e geração de renda
para aquele grupo indígena, informou o Coordenador:
"eram ações cruciais, que possibilitariam
melhorar e aperfeiçoar o transporte da produção,
incluindo sacaria, ferramentas, combustível
e ainda aquisição de animais de tração
e carroças, tendo em vista que o transporte
da castanha era um dos maiores problemas enfrentados
pelos índios".
O projeto não se resume
à melhoria das vias de acesso ao castanhal
ou ao aperfeiçoamento do transporte das castanhas.
Além do aumento e melhoria da produção
da castanha, com a abertura de acesso a novos castanhais,
que elevará a produção, e consequentemente
a busca de novos mercados, os índios Suruí
de Sete de Setembro, cerca de 1.044 pessoas, distribuídas
em 18 aldeias, terão também projetos
de subsistência roças e até
mesmo apoio à criação de rebanho
bovino e de peixes possibilitando desenvolver
atividades de forma independente quanto aos recursos
externos. Esses últimos são projetos
que até agora não eram otimizados,
mas que podem, agora, serem implementados, porque
os recursos estão disponíveis. A atividade
de piscicultura será apoiada em 2009, com
recursos do MDS, a ser viabilizado por intermédio
da Carteira Indígena do Ministério
do Meio Ambiente, num esforço de fortalecimento
de parcerias que a CGDC está perseguindo.
O período de execução do projeto
será de outubro de 2008 a setembro de 2009,
incluindo a assistência técnica às
comunidades envolvidas.
A coleta de castanha da Terra
Indígena Sete de Setembro teve início
no mês de dezembro de 2008 e se estenderá
até o próximo mês de abril.
Já foi contratada a quantidade de 30 mil
quilos, no valor de R$1,50 por quilo, que representa
R$45.000,00, conforme informações
do Administrador da Funai em Cacoal, Walmir de Jesus.
A estimativa de produção de castanha
da Terra Indígena Sete de Setembro, na safra
2008/2009, é de 60 mil quilos. Esse montante,
segundo Walmir de Jesus, pode resultar em aporte
superior a R$90.000,00 apenas com a renda do extrativismo
da castanha pelos Suruí. Há grande
motivação por parte dos índios.
O plano de extração
está sendo implementado entre os índios
Suruí e a Administração da
Funai em Cacoal e toda a produção
está sendo entregue na Aldeia Payman, da
Terra Indígena Sete de Setembro. A principal
compradora da produção é a
associação indígena Panganhê
do Povo Indígena Zoró, que já
detém conhecimento de mercado e uma boa experiência
junto aos interessados na castanha.