05 Jan
2009 - Os presidentes Luiz Inácio Lula da
Silva e Nicolas Sarkozy, da França, assinaram,
no dia 23 de dezembro, um acordo de cooperação
para combater a mineração ilegal de
ouro na Amazônia. O acordo apareceu timidamente,
entre outros de cooperação na indústria
bélica e aeronáutica, mas é
tido como positivo por ambientalistas do Brasil,
da França e da Guiana Francesa.
A rede ambientalista WWF comemorou a iniciativa,
que terá sua implementação
acompanhada e apoiada pelo WWF-Brasil e WWF-França
– duas organizações nacionais que
fazem parte da rede global.
Para a Rede WWF, a iniciativa promove respostas
concretas ao mais importante problema socioambiental
que afeta a região das Guianas (Norte do
Brasil, Guiana Francesa, Suriname e Guiana).
Guiana Francesa arde com febre do ouro – Desde o
fim da década de 11000, com o avanço
do preço do ouro, entre 3.000 e 15.000 garimpeiros
trabalham ilegalmente no território da Guiana
Francesa. Para fazer face ao problema, o presidente
francês lançou, em fevereiro de 2008,
as Operações Harpia, com o objetivo
de acabar com a extração ilegal de
ouro. As operações, entretanto, tiveram
vida curta (cerca de quatro meses). Além
disto, por falta de cooperação transfronteiriça
efetiva com o Brasil, não foi possível
conter o fluxo de suprimentos e logística
para as áreas de mineração
ilegal, que afetam, particularmente, o Parque Amazônico
da Guiana Francesa e as comunidades indígenas.
Ameaça a ecossistemas e populações
– Para produzir um quilo de ouro, os garimpeiros
clandestinos chegam a usar um quilo de mercúrio,
colocando em risco a sua própria vida e a
das comunidades locais.
Os efeitos neurotóxicos do mercúrio
são bastante conhecidos e, em razão
da já alta concentração natural
de mercúrio no solo amazônico, qualquer
acréscimo promovido pelas atividades humanas
torna-se uma séria ameaça à
saúde humana, bem como às florestas
e aos ecossistemas aquáticos.
A Rede WWF estima que, a cada ano, 30 toneladas
de mercúrio são descartadas no ambiente
natural das Guianas. A ONG realizou recentemente
seu último vôo do ano sobre áreas
localizadas no coração do Parque Amazônico
da Guiana Francesa ainda fortemente afetadas pelas
atividades de mineração ilegal.
Em 13 de dezembro de 2008, os
sítios ilegais estavam mais concentrados
nas cabeceiras dos principais tributários
do Rio Appouague. A Vila de Camopi, cujos residentes
pediram para ser integrados ao Parque para limitar
sua exposição aos problemas da mineração
ilegal, continua cercada de acampamentos de garimpeiros
clandestinos.
“A mineração ilegal de ouro sempre
acaba se tornando um problema social e ambiental.
Sem a fiscalização dos governos, os
danos ambientais, em particular aos ecossistemas
aquáticos, tendem a, também, se transformar
em um enorme problema de saúde pública.
Como esta é uma ameaça transnacional,
é indispensável que haja cooperação
binacional”, disse Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza,
superintendente de Conservação de
Programas Temáticos do WWF-Brasil.