18 de
Janeiro de 2009 - Amanda Cieglinski - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - A crise
econômica mundial, os problemas ambientais
e a situação das minorias que habitam
a Amazônia devem dominar as discussões
do Fórum Social Mundial (FSM), que começa
no próximo dia 27 em Belém (PA). Essa
é a nona edição do evento que
acontece anualmente desde 2001.
O FSM é realizado sempre
em janeiro na mesma data em que na Suíça
ocorre o Fórum Econômico Mundial de
Davos. É por essa razão que no início
era conhecido com anti-Davos. A Carta de Princípios
do Fórum define o evento como "um espaço
aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão,
voltado para o debate democrático de idéias
e a formulação de propostas para superar
o processo de empobrecimento gerado pela globalização”.
A primeira edição
foi realiza em 2001, em Porto Alegre (RS). A capital
gaúcha foi sede do FSM também em 2002,
2003 e 2005. Em 2004, a quarta edição
do evento ocorreu na Índia. Em 2006, o Fórum
foi realizado em três países simultaneamente:
Mali (África), Paquistão (Ásia)
e Venezuela (América). Em 2007, voltou a
ser centralizado, dessa vez no Quênia (África).
Em 2008, o Fórum foi transformado em um Dia
de Ação de Mobilização
Global, realizado em 26 de janeiro em mais de 80
países, com cerca de 800 atividades e manifestações
auto-gestionadas.
O número de participantes
cresce a cada edição. A expectativa
para esse ano é que Belém receba 120
mil participantes. Na primeira edição,
em 2001, foram 20 mil participantes. Nas duas seguintes
o evento reuniu respectivamente 50 mil e 100 mil
pessoas. O recorde foi em 2005, em Porto Alegre,
com 155 mil participantes.
O Fórum Social Mundial
é organizado por um comitê internacional
formado por organizações da sociedade
civil e movimentos sociais de todo o planeta. Sob
o slogan “um outro mundo é possível”,
o evento é considerado “altermundista”, já
que busca uma nova ordem econômica e social
para todo o planeta.
+ Mais
Religiosos discutem no Fórum
Social questões ambientais
22 de Janeiro de 2009 - Juliana
Cézar Nunes - Repórter da Rádio
Nacional - Brasília - Cerca de mil religiosos
e líderes comunitários participaram
hoje (22) do primeiro dia de debates do 3º
Fórum Mundial de Teologia e Libertação,
na Fundação Cultural Tancredo Neves,
em Belém (PA). As benzedeiras do Centro Ecumênico
de Estudos Biblícos do Pará receberam
os partipantes do fórum com água cheirosa
da amazônia.
"Nós acreditamos que
essas ervas trazem uma energia muito boa. E a nossa
expectativa é que todos os povos aqui reunidos,
para discutir problemas sérios de suas comunidades,
tenham força para encontrar boas soluções",
afirma a benzedeira Mary Cândida.
O teólogo Leonardo Boff
abriu o ciclo de palestras falando sobre o tema
geral do encontro: Água, Terra e Teologia.
Para Boff, o mundo chegou a um ponto de colapso
que pode ser considerado terminal.
"Já ultrapassamos
o limite na exploração da natureza.
Precisamos agora aproveitar esse fórum e
o Fórum Social Mundial, na próxima
semana, para ouvir as comunidades tradicionais,
os povos indígenas da Amazônia, e aprender
com eles a ter uma melhor relação
com a natureza", destacou o teólogo,
que defendeu a agregação da Carta
da Terra à Declaração Universal
de Direitos Humanos, no âmbito da Organização
das Nações Unidas (ONU).
"Ou mudamos nosso modo de
produção agora, ou vamos enfrentar
enormes tragédias coletivas em pouco tempo.
Entre elas, a escassez de água. O mundo deverá
adotar o socialismo não por ideologia, mas
por necessidade de dividir o que possui para que
a vida continue possível na Terra",
disse.
O Fórum Mundial de Teologia
e Libertação segue até o próximo
domingo (25). Um dos principais temas em debate
até lá será a interação
entre religiosos e as comunidades indígenas.
A assessora do Conselho Mundial de Igrejas María
Chavez Quispe destacou hoje as boas iniciativas
em curso, mas defendeu o respeito à cultura
indígena.
"O cristianismo não
pode se sobrepor à identidade indígena.
Historicamente a relação foi de dominação.
As igrejas não podem seguir nesse caminho",
alertou María, que é boliviana e pertence
ao povo Aymará, mesma comunidade do presidente
Evo Morales.
"Estamos na expectativa pela
aprovação da Nova Constituição,
no próximo domingo. É um documento
que vai reafirmar nossos direitos. Espero que durante
o Fórum Social Mundial possamos festejar
essa conquista. Certamente aqui será um espaço
de fortalecimento dos laços que unem as comunidade
indígenas da América Latina",
afirmou.