Histórias
contadas por pescadores e que trazem o resgate cultural,
biológico e ambiental do estuário
da Baía de Guaratuba foram reunidas em um
livro, lançado pelo secretário do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, no último sábado (17),
na comunidade de Caieiras (Guaratuba).
A obra ‘Baía de Guaratuba
- Pescadores e Suas Histórias’ foi escrita
pelos zootecnistas e pesquisadores Marcio Nascimento
e Rodrigo Bertoli, da Organização
Não-Governamental (ONG) Instituto Guaju com
o intuito de divulgar os conhecimentos tradicionais
das primeiras famílias de pescadores que
colonizaram a região.
Os depoimentos dos sete pescadores
mais antigos da comunidade foram compilados em 54
páginas. O livro contém informações
detalhadas sobre onde estão distribuídas,
a alimentação, o habitat natural,
tamanho e coloração de 28 espécies
de peixes como o Cavalo Marinho, Corvina, Garopa,
Linguado, Tainha, Robalo-Peva, Robalo-Flecha e Raia
Viola.
Além disso, a obra explica
como era feita a pesca artesanal até 1970
- realizada exclusivamente na baía, devido
à fartura dos cardumes na época -,
a evolução da pesca e a necessidade
de ações sustentáveis e de
preservação ambiental do estuário
para que a atividade não seja ameaçada.
A publicação traz
ainda a legislação ambiental para
a pesca, informações sobre como deve
ser feita a destinação adequada dos
resíduos sólidos e líquidos
gerados pela atividade pesqueira.
Os autores da obra, Marcio Nascimento
e Rodrigo Bertoli, contam que a baía de Guaratuba
mantém a terceira maior riqueza em diversidade
marinha do mundo.
“Um dos principais pontos positivos
deste trabalho foi a identificação
de pontos críticos da preservação
ambiental das riquezas marinhas do estuário
da Baia de Guaratuba e do próprio crescimento
populacional”, conta Rodrigo Bertoli.
Já Marcio Nascimento mencionou
a satisfação em desenvolver um trabalho
que resgata a cultura local e que permite a valorização
da comunidade de forma externa e interna.
“Eles terão ainda mais
orgulho da sua cultura e dos seus ancestrais”, afirma
Márcio. Um capítulo exclusivo sobre
extrativismo e a pesca foi incluído na publicação,
de autoria do especialista em Meio Ambiente, Fabiano
Cecílio da Silva e do engenheiro agrônomo
Daniel Muraro.
Cerca de 220 pessoas compareceram
ao lançamento, entre pescadores e suas famílias,
comunidade da praia de Caieiras e professores de
outras regiões do estado.
PARCERIA - O apoio para publicação
e reprodução do livro faz parte das
atividades do Projeto Caiçara - desenvolvido
pela coordenadoria de educação ambiental
da Secretaria do Meio Ambiente, em Matinhos, Pontal
do Paraná e Guaratuba – lançado nesta
temporada de verão.
“Acreditamos que o resgate cultural
e a valorização dos conhecimentos
das comunidades tradicionais, por meio da educação
ambiental, são uma forma de mantermos as
riquezas do litoral paranaense. Nosso litoral é
lindo, mas é frágil. Precisamos nos
unir aos moradores para preservarmos a fauna, a
flora e a biodiversidade local”, declara o secretário
Rasca Rodrigues.
Ele reforça, ainda, a necessidade
de conciliação do uso sustentável
dos recursos pesqueiros para evitar a principal
ameaça à fauna e a flora da baía
de Guaratuba, que ainda é a exploração
desordenada dos recursos naturais.
“Práticas ilegais - como
a pesca de arrasto, captura de caranguejos fêmeas,
uso de malha (rede) menor que o tamanho permitido
para a pesca do camarão e a colocação
de redes nas bocas dos rios - reduzem drasticamente
os recursos pesqueiros da região. Isso leva
à perda cultural das populações
de pescadores artesanais marginalizadas pela falta
da matéria-prima do seu sustento”, afirma
o secretário.
Para o próximo ano, a comunidade
de pescadores de Caieiras tem planos de lançar
um livro de fotografias sobre as espécies
e os conhecimentos práticos do dia-a-dia
da pesca.
Além disso, um documentário
foi produzido pela coordenação de
comunicação social da Secretaria do
Meio Ambiente para apoiar a divulgação
do livro. O documentário ‘Baía de
Guaratuba - Pescadores e Suas Histórias Documentário’
tem 30 minutos de duração e segue
a mesma linha editorial.
“A idéia é valorizar
a atividade pesqueira nos últimos 40 anos
e garantir a multiplicação dos conhecimentos
tradicionais destas comunidades, em especial, sobre
aqueles que são voltados à preservação
do meio ambiente. Por este motivo, sugerimos a gravação
dos depoimentos dos pescadores, suas histórias
de luta e suas conquistas”, resume uma das coordenadoras
do Projeto Caiçara, Daniele Daher.
+ Mais
Ventos e correntes marítimas
influenciam na balneabilidade
As correntes marítimas,
variações de marés e os regimes
de ventos podem influenciar nas condições
de balneabilidade das praias. A informação
é do oceanógrafo e mestre em Sistemas
Costeiros e Oceânicos do Centro de Estudos
do Mar (UFPR), Rangel Angelotti, responsável
pelo monitoramento inédito, realizado em
parceria com o Instituto Ambiental o Paraná
(IAP) e a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências
e Letras de Paranaguá (Fafipar).
“Neste sexto boletim de balneabilidade,
pudemos observar que os ventos vindos do noroeste
e sudeste ajudaram a dispersar a poluição.
O vento noroeste, ao contrário do vento Sul
que segura a água na costa, dilui a água
costeira com a água mais salina da plataforma
continental”, explicou Rangel.
“Os ventos também ajudam
na mudança das marés e, no Paraná,
que possui uma costa mais estreita que os outros
estados, isto pode afetar os resultados da balneabilidade,
pois as marés quando altas podem diluir a
poluição das águas mais rapidamente”,
ressaltou o especialista.
Ele falou ainda que a baixa altura
de ondas na arrebentação também
pode ter contribuído para o aumento no número
de pontos próprios. “Isso porque ocorre pouca
ressuspensão (retorno) de sedimentos eventualmente
contaminados”, completou Rangel que atua no laboratório
de Oceanografia Costeira e Geoprocessamento do CEM.
NOVA FERRAMENTA - Os ventos são
medidos em anemômetros (equipamentos dotados
de hélices que registram intensidade e direção)
instalados em quatro pontos do Litoral paranaense:
na estação recém-inaugurada
na Floresta Estadual do Palmito (Paranaguá),
no Centro de Estudos do Mar (Pontal do Paraná)
e nas Estações de Tratamento de Esgoto
da Sanepar em Guaratuba e Matinhos.
“São novos mecanismos para
auxiliar a avaliação da qualidade
das águas nas praias paranaenses. A intensidade
dos ventos pode alterar os níveis das marés
– estas, por sua vez, afetam diretamente os resultados
da balneabilidade”, informou a bióloga Franciane
Pellizzari, que coordena as análises da balneabilidade,
pela parceria formada entre o IAP e a Fafipar.
CORRENTES – O monitoramento das
correntes marítimas está sendo feito
pelos universitários que atuam nas barracas
de balneabilidade instaladas na orla. A cada duas
horas, eles lançam ao mar uma garrafa PET
com dois terços de água para identificar
a direção da corrente. Os resultados
são encaminhados ao laboratório da
Floresta Estadual do Palmito diariamente.
O estudo sobre o funcionamento
das correntes já identificou que no litoral
paranaense é comum a formação
de correntezas de retorno (rip currents), que são
espécies de redemoinhos que propiciam o acúmulo
de poluentes e também oferece risco aos banhistas.
“Neles, a tendência é uma maior concentração
de coliformes fecais em um determinado ponto, interferindo
na medição”, ponderou Rangel. “E,
quando existem marés altas a tendência
é diluir os coliformes fecais, diminuindo
os índices de contaminação”,
completou.
Já os dados sobre a variação
das marés são obtidos junto à
Marinha Brasileira, cuja Diretoria de Hidrografia
e Navegação (DHN) publica mensalmente
a Tábua das Marés.
+ Mais
Técnico da Suderhsa preside
a Associação Brasileira de Águas
Subterrâneas
O chefe do escritório da
Superintendência de Desenvolvimento de Recursos
Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa)
em Paranaguá, o geólogo Everton de
Souza, é o novo presidente da Associação
Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS).
A solenidade de posse foi realizada na quarta-feira
(20), em São Paulo, e contou com a presença
de autoridades como o presidente da Agência
Nacional de Águas (ANA), José Machado,
além de representantes da Suderhsa, Instituto
Ambiental do Paraná (IAP) e Sanepar.
Segundo o presidente da ANA, a
expectativa para a gestão de Everton é
muito boa. “Ele é uma pessoa muito estimada
por nós e conhece bem ao trabalho desenvolvido
pela Agência, além de ter colaborado
muito com a parceria entre ABAS e Agência
nos últimos anos”, afirmou. Graças
a essa parceria, a ANA desenvolveu uma agenda de
águas subterrâneas focada principalmente
no apoio à difusão dos conhecimentos
sobre o tema.
“Portanto, acredito que não
vai haver interrupção nessa cooperação.
Pelo contrário, creio que o trabalho conjunto
vai crescer ainda mais”, completou.
ELEIÇÃO - A eleição
que definiu a presidência da ABAS para o biênio
2009/2010 foi feita de forma direta, no final do
ano passado, durante o XV Congresso Nacional de
Águas Subterrâneas, em Natal (Rio Grande
do Norte). A chapa “Águas Subterrâneas
para a Sociedade”, encabeçada pelo paranaense
Everton, foi eleita em uma disputa que envolveu
mais de 300 votantes.
Entre as principais propostas
da chapa estava a difusão de informações
sobre águas subterrâneas nos mais diversos
setores da sociedade. “Isso inclui reforço
nas ações de comunicação,
realização de eventos para divulgação
do tema e fortalecimento de canais de comunicação
como as nossas revistas, tanto a bimensal como a
científica que é classificada como
nível “A” pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), vinculada ao Ministério
da Educação”, detalhou Everton.
Ele destacou que a Lei das Águas
- como é conhecida a lei federal número
9.433/97 que dispõe sobre a Política
Nacional de Recursos Hídricos - ressalta
que a gestão das águas deve ser feita
de forma participativa. “Portanto, o acesso à
informação é fundamental para
que isso aconteça de forma concreta”, afirmou.
A Associação também
irá intensificar o apoio a fóruns,
colegiados, comitês de bacias hidrográficas
e até mesmo conselhos estaduais de recursos
hídricos que não têm tradição
nesta área. “Poderemos discutir conjuntamente
ações para proteger áreas de
recarga e como proteger os recursos hídricos
subterrâneos do uso indiscriminado, por exemplo”,
comentou.